O QUE DEIXAREMOS PARA AS FUTURAS GERAÇÕES?

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O novo relatório mundial sobre as mudanças climáticas, divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, IPCC, informa sobre os futuros problemas que devem ocorrer no planeta se a temperatura continuar a subir gradativamente e atingir média 2o C, superior as médias atuais. Pelas projeções dos pesquisadores, se as ações dos governos não forem eficientes em conter a emissão dos gases do efeito estufa, esta nova média de temperatura poderá ser atingida em 2100. Segundo o relatório, vários são os indícios de que estas mudanças estão acontecendo de fato.

As pesquisas mostram que a temperatura média global subiu 0,85º C entre 1880 e 2012, com as três últimas décadas sendo as mais quentes desde 1850. entre 1971 e 2010 a temperatura média dos oceanos aumentou 0,11º C por década, ou seja, nas últimas quatro décadas a temperatura média da superfície dos oceanos subiu 0,44º C. A superfície média da camada de gelo do ártico reduziu de 3,5 a 4,1% por década entre 1979 e 2012. O nível médio dos mares subiu 19 centímetros entre 1901 e 2010. A água das chuvas está se tornando cada vez mais ácida.

As causas destas alterações são muito claras quando se avalia fatores como emissão de gases e consumo de combustíveis fósseis. Por exemplo: em 2010 foram emitidos na atmosfera do planeta, 49 gigatoneladas de gases do efeito estufa, principalmente o CO2. As energias fósseis oriundas principalmente do petróleo e da extração do carvão mineral são responsáveis por quase 80% deste valor. Por conta destas atividades, a concentração destes gases (CO2, metano, óxido nitroso) apresenta os valores mais elevados dos últimos 800 mil anos. Entre 1750, com o início da revolução industrial e 2011 estima-se que foram lançados na atmosfera cerca de 2.040 gigatoneladas de gases de efeito estufa. Metade destes gases foram emitidos apenas nas últimas quatro décadas sendo que 40% permanece na atmosfera e os demais 60% são retidos pela biomassa dos oceanos. O grande nível de CO2 incorporado nos oceanos causam um grande problema pois as águas dos mares reagem com estes gases tornando a água mais ácida.

Por conta deste quadro, o grupo de pesquisadores que comandam o IPCC, informaram que a emissão de gases do efeito estufa deve ser reduzido entre 50 e 70% até 2050. Caso isto não aconteça e o acumulado de CO2 na atmosfera atingir 2900 gigatoneladas, prejuízos graves, extensos e irreversíveis poderão acontecer. Dentre eles a elevação do nível dos mares em quase um metro em algumas regiões do planeta. A região do Ártico terá as temperaturas elevadas acima da elevação média do planeta gerando com mais frequência ondas de calor no hemisfério Norte. Alteração do regime das chuvas no mundo com intensa redução nas zonas tropicais. Com as águas dos mares mais ácidas e com menores níveis de oxigênio diversas espécies desapareceriam por conta dos problemas de adaptação. Populações inteiras que dependem da pesca seriam prejudicadas e novas variedades de plantas deverão ser desenvolvidas, mais adaptadas ao clima mais quente.

Como podemos observar, as mudanças são praticamente certas, mas ainda dá tempo para revertermos este quadro nada animador para a população do planeta, desde que os grandes líderes das nações desenvolvidas se conscientizem do que estamos deixando para as gerações futuras.

Quem é Alexandre Sylvio Vieira da Costa?



– Nascido na cidade de Niterói, RJ;
– Engenheiro Agrônomo Formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro;
– Mestre em Produção Vegetal pela Embrapa-Agrobiologia/Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro;
– Doutor em Produção Vegetal pela Universidade Federal de Viçosa;
– Pós doutorado em Geociências pela Universidade Federal de Minas Gerais;
– Foi Coordenador Adjunto da Câmara Especializada de Agronomia e Coordenador da
Comissão Técnica de Meio Ambiente do CREA/Minas;
– Foi Presidente da Câmara Técnica de eventos Críticos do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio Doce;
– Atualmente, professor Adjunto dos cursos de Engenharia da Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus Teófilo Otoni;

– Blog: asylvio.blogspot.com.br
– E-mail: alexandre.costa@ufvjm.edu.br

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