Vale pode cortar metade das operações em Minas Gerais

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Num momento em que falta dinheiro no Estado até mesmo para pagar os salários dos servidores, a Vale, uma das maiores geradoras de impostos, anuncia que se o governo mineiro não liberar licenciamentos ambientais pendentes e essenciais para manter as operações, a empresa terá que cortar pela metade a produção de minério de ferro em Minas Gerais, nos próximos três anos. Ao todo, 88 projetos aguardam liberação de licenças, mas 25 seriam de extrema urgência. Segundo o gerente-executivo de planejamento estratégico da Vale, Lucio Cavalli, o caso mais crítico é o da mina de Brucutu, que pode ser paralisada no próximo mês. Mas também correm risco minas em Itabirito e Itabira.

Na divisa de São Gonçalo do Rio Abaixo e Barão de Cocais, Brucutu é a maior mina da Vale em Minas, com produção aproximada de 30 milhões de toneladas/ano. Cavalli afirmou que a barragem de rejeitos da mina de Brucutu está operando em seu nível máximo e precisa de uma nova, que já está pronta há mais de seis meses, esperando só a Licença de Operação. “Se não conseguirmos, teremos impacto na empregabilidade”, disse.

Prefeitos da região estão preocupados. “Se a mina fechar por falta de barragem, vai ser um impacto violento para toda a região. Só de empregos diretos são mais de 3.000”, afirma o prefeito de Barão de Cocais, Armando Verdolin.

O presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Fernando Coura, afirma que não gosta nem de pensar na possibilidade da Vale reduzir a produção. “Ela é hoje a empresa que mais compra no Estado, é a maior consumidora de energia elétrica e combustível; é a maior demandante de serviços como transporte, padaria segurança, materiais como rolamento, uniformes, manutenção. E aí você pode imaginar: Minas sem minas é Minas sem coração”, afirma Coura.

Segundo ele, no exato momento em que a Vale deixar de produzir no Estado, vai transferir para outro local, como o Pará e até mesmo para outros países, como Austrália ou Canadá. “Uma vez transferida essa produção de minério de ferro, nunca mais vamos recuperar”, ressalta Coura. Ele acredita que o governo mineiro vai liberar as licenças.

A demora na liberação das licenças tem sido atribuída ao aumento do rigor desde a tragédia da barragem da Samarco, quando foi criada uma força-tarefa para analisar minuciosamente os pedidos. Segundo o deputado estadual Gil Pereira (PP), também falta mão de obra no sistema responsável. “Vamos mostrar ao governador a importância de se liberar essas licenças, para que ele seja sensível à geração de empregos. Depois do acidente da Samarco, criou-se uma demonização da mineração, mas tudo de importante que ela fez para o Estado não pode ficar para trás. Vamos cobrar celeridade”, afirma Pereira.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) informa que o pedido de concessão da Licença de Operação da barragem de rejeitos da mina Brucutu da Vale foi feito em agosto de 2015 e aguarda informações complementares pedidas à mineradora no dia 3 de novembro, dois dias antes da barragem da Samarco desabar.

Mina de São Gonçalo do Rio Abaixo aguarda liberação de barragem – Foto: Paulo Arumaá / Vale

Em espera

– Barragem Norte – Brucutu ( Necessidade: fev./2016)
– LP/LI da Alteamento Barragem Itabiruçu ( Necessidade: Jun./2016)
– LP/LI da disposição de Rejeito na Cava Cauê (Necessidade: Jul./2016)
– LP da Barragem Maravilhas III (Necessidade:Jun./ 2016)
– LP/LI da disposição de Lama Mina de Alegria (Necessidade: Mar./2016)

Gerdau tem prejuízo de R$ 3,1 bi

A Gerdau teve um prejuízo líquido ajustado de R$ 3,17 bilhões no quarto trimestre de 2015, revertendo lucro de R$ 393 milhões no mesmo período de 2014. No ano, a companhia reportou um prejuízo consolidado de R$ 4,596 bilhões frente lucro de R$ 1,488 bilhão em 2014. O balanço da companhia foi divulgado nesta terça.

O resultado foi afetado por impairment, ou seja, perdas pela não recuperabilidade de ativos, que no quarto trimestre alcançaram R$ 3,129 bilhões.

Desse total, a companhia explica que R$ 1,2 bilhão foi registrado como ágio na operação de negócios (ON) América do Norte, R$ 1,1 bilhão como ágio na de Aços Especiais e R$ 835 milhões no imobilizado da operação Brasil.

Deputados pedirão intervenção do governo na Usiminas

Deputados estaduais vão pedir ao governador Fernando Pimentel que interceda junto aos sócios da Usiminas, em busca de uma solução para a crise da siderúrgica. Segundo o deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB), autor do requerimento, num primeiro momento o Estado pode agir como mediador entre ítalo-argentinos e japoneses, que não se entendem na gestão interna. “Num segundo momento, depois que os sócios resolverem, o governo do Estado pode sentar com eles e discutir questões fiscais e linhas de financiamento, por exemplo”, afirma Arantes.

Durante audiência pública realizada nesta terça, o vice-presidente da Força Sindical, Luiz Carlos Miranda, disse que a atual crise não tem a ver com gestão, mas sim com falhas das políticas do governo federal, por não proteger o mercado interno de aço, deixando a China colocar o produto até 30% mais barato. “Em 2010, a previsão de consumo de aço no Brasil era de 20 milhões de toneladas. Em 2011, a Usiminas investiu R$ 14 bilhões, apostando neste cenário, mas hoje a demanda caiu para 10 milhões.”

Segundo o deputado Agostinho Patrus, hoje existem dois caminhos possíveis. “Ou um sócio compra a parte do outro, ou separam os ativos. Não é possível que os mineiros convivam com a desvalorização e o prejuízo”, disse o deputado.

(Fonte: O Tempo / Repórter: Queila Ariadne)

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