Polícia Civil desarticula organização criminosa e prende dez suspeitos em Belo Horizonte

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A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) prendeu dez pessoas durante a operação Iscariotes, realizada na quarta-feira (19/2), em Belo Horizonte. A ação resultou da investigação do desaparecimento de um homem de 26 anos, ocorrido no dia 23 de dezembro do ano passado. As apurações revelaram que a vítima foi assassinada, com indícios de envolvimento em atividades ligadas ao tráfico de drogas no bairro Serra Verde, na região Norte da capital.

Os mandados de prisão temporária foram cumpridos contra os suspeitos pelos crimes de homicídio qualificado, tráfico de drogas, associação para o tráfico, ocultação e destruição de cadáver, falsidade ideológica e fraude processual. Um dos investigados, um jovem de 18 anos, segue foragido. Além das prisões, a operação apreendeu veículos utilizados no crime e pequenas porções de entorpecentes.

Desaparecimento e Primeiras Investigações

As investigações começaram em 25 de dezembro, quando um policial da Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida (DRPD), vinculada ao Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), identificou um cartaz de desaparecimento informal nas redes sociais. Após verificar a existência de uma ocorrência registrada na Delegacia Virtual, o investigador entrou em contato com a pessoa que relatou o sumiço, pedindo que ela comparecesse à delegacia para fornecer mais detalhes.

No dia seguinte, uma mulher de 23 anos, proprietária e locadora do apartamento onde o desaparecido residia, compareceu à DRPD acompanhada de uma amiga de 27 anos. Ela entregou a chave do imóvel aos policiais, permitindo buscas no local. Durante as diligências, quatro celulares foram recolhidos para perícia.

Vínculo com o Tráfico de Drogas

A análise dos aparelhos revelou conversas relacionadas ao comércio de entorpecentes, além de fotos mostrando a vítima manuseando drogas. As investigações indicam que o desaparecido era proprietário de um ponto de tráfico e armazenava substâncias ilícitas em uma garagem fechada no mesmo prédio onde morava. No local, os policiais encontraram resquícios de maconha.

Levantamentos apontaram que cinco homens – dois de 24 anos e outros de 18, 27 e 35 anos – estavam envolvidos no comércio ilegal junto com a vítima. Dias antes do desaparecimento, houve um atrito entre a vítima e um dos suspeitos de 24 anos, que teria violado regras da organização criminosa. Como consequência, o fornecimento de drogas para ele e outros parceiros foi interrompido. Além disso, a vítima adoeceu e ficou afastada das atividades, ampliando o período sem entrega de produtos para revenda, o que pode ter motivado o homicídio.

Dinâmica do Crime e Fraudes Processuais

De acordo com as apurações, no dia 23 de dezembro, a vítima combinou encontros com dois suspeitos – um de 24 e outro de 27 anos – para buscar uma carga de drogas em São José da Lapa, distante 30 quilômetros de Belo Horizonte. Paralelamente, acertou com um homem de 35 anos a retirada de dinheiro, o que configuraria uma armadilha que culminou em sua morte.

Imagens de câmeras de segurança mostraram que, no dia seguinte ao desaparecimento, a mulher que registrou a ocorrência, seu namorado (suspeito de 24 anos) e a amiga que também esteve na delegacia acessaram o apartamento da vítima com auxílio de uma vassoura para pegar um celular. Posteriormente, eles retiraram porções de maconha da garagem, entregando-as ao homem de 24 anos.

Investigações também revelaram que diversas mensagens incriminatórias foram apagadas do celular da vítima pela mulher de 23 anos e pelo suspeito de 27 anos. O aparelho foi posteriormente devolvido ao apartamento por uma mulher de 26 anos, antes da chegada dos policiais.

Em outra frente, a suspeita de 26 anos e um homem de 32 anos foram flagrados em São José da Lapa, próximo a uma linha de trem, onde restos mortais carbonizados de um indivíduo do sexo masculino foram encontrados. Exames confirmaram que não se tratava do desaparecido de 26 anos, mas de outra possível vítima da mesma organização criminosa, cujo caso segue sob investigação.

Responsabilização Judicial

A partir das provas coletadas, incluindo mensagens de celular e depoimentos, os investigadores conseguiram comprovar o envolvimento dos suspeitos no homicídio e nos demais crimes. “Apesar de não termos localizado o corpo ainda, encontramos provas suficientes de que a vítima foi morta, assim como o envolvimento dos investigados com o crime. Por esse motivo representamos pelos mandados de prisão temporária, e os onze foram deferidos pela Justiça”, explicou o delegado responsável pelo caso, Alexandre Fonseca.

Os presos – seis homens e quatro mulheres – foram encaminhados ao sistema prisional e estão à disposição da Justiça. Entre os detidos estão indivíduos de 18, 24, 27, 32 e 35 anos, além de mulheres de 23, 26 e 27 anos.

Estrutura da Operação

A operação contou com a participação de 74 policiais civis, além do apoio da Coordenação Aerotática (CAT) da PCMG. Para a chefe da DRPD, delegada Ingrid Estevam, “a operação Iscariotes foi uma ação muito bem estruturada, fruto de um grande levantamento e investigações impecáveis. Isso se deve a uma equipe experiente e empenhada como é a da DRPD”.

As investigações continuam, especialmente para localizar o corpo da vítima e esclarecer o envolvimento da organização criminosa em outros crimes.

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