Agroindústrias familiares geram renda em Minas Gerais

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No Triângulo Mineiro, dezenas de agroindústrias produzem queijos, doces e quitandas com apoio da Emater-MG

Queijos, doce de leite, compotas, goiabada, rapadura, farinha, mel, quitandas. Produtos de dar água na boca e que fazem parte da tradição da culinária mineira tornaram-se fonte de renda para dezenas de família no interior de Minas Gerais, com o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG). Atualmente, são 660 agroindústrias familiares do Estado e mais de 3 mil agricultores familiares beneficiados, que investem na industrialização de alimentos.

Clube de quitandeiras. A líder, Maria Aparecida dos Santos, é a quarta da esquerda para a direita – Foto: Patrícia Beatriz Modesto Freitas / Divulgação Agência Minas

O trabalho dos técnicos da empresa vai desde a orientação na construção de unidades de processamento de alimentos, conforme as exigências da inspeção e habilitação sanitárias, até capacitações, organização e comercialização. O objetivo é qualificar o trabalho das famílias rurais e agregar valor aos produtos.

A unidade regional da Emater-MG em Uberlândia, que abrange 21 municípios do Triângulo Mineiro, é um exemplo desse trabalho. Os números mostram que as ações para disseminar boas práticas agropecuárias e de fabricação, visando a inserção, manutenção e conquista de mercados, estão encontrando um terreno fértil nesta parte de Minas. Em toda a regional, são 36 estabelecimentos rurais legalizados ou em processo de legalização.

Só em Uberlândia são 11 fábricas de lácteos (queijo minas artesanal, queijo frescal, frescal de búfala, muçarela de trança, requeijão e doce de leite). A lista das agroindústrias familiares do município inclui ainda uma fábrica de quitandas, uma de polpa de fruta (tamarindo) e uma de filé de tilápia. Os municípios de Araguari, Monte Carmelo, Estrela do Sul, Santa Vitória, Monte Alegre de Minas e de Prata também se destacam na atividade com uma produção variada: queijos, pimenta, mandioca congelada, rapadura, farinha, linguiça e quitandas.

A Lei 19.476, de 11/01/2011, que dispõe sobre a habilitação sanitária de estabelecimento agroindustrial rural de pequeno porte no Estado, foi a grande impulsionadora da expansão dessas atividades. “Essa lei beneficiou muitos produtores, que tiveram oportunidade de tirar seus produtos da informalidade e conquistar mais mercados, obtendo melhores preços e com isso ganhando mais dinheiro” afirma a extensionista de bem-estar social da regional Uberlândia, Áurea Maria dos Santos Mundim.

De acordo com a lei, todo estabelecimento agroindustrial de pequeno porte que trabalha com produtos de origem animal deverá se habilitar junto ao Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), vinculado à Secretaria de Agricultura. Já as unidades que trabalham com o processamento de produtos de origem vegetal terão o controle da Secretaria de Estado de Saúde (SES), por meio das vigilâncias sanitárias.

Uma oportunidade de comercialização, segundo a extensionista, é a possibilidade de vender os produtos no mercado institucional, como no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Afinal, “são produtos de qualidade, sem adição de conservantes químicos, que ganharam novos rótulos e embalagens e tiveram seus processos de produção melhorados, como preconiza a legislação”, defende a extensionista.

Quitandas aumentam renda

As quitandeiras da comunidade Campo Brasil, em Uberlândia mostram que com a ajuda da Emater-MG se adequaram às determinações da vigilância sanitária municipal, instituindo melhorias no processamento das quitandas Segredos da Roça e no local de fabricação. O grupo, formado por seis mulheres que participam da produção diretamente e outras duas eventualmente, fabrica e comercializa pão de queijo, broa doce e salgada, biscoito de polvilho, inhoque doce, rosca, bolacha e pão de forma integral, entre outros produtos.

Na ativa há quatro ano, o grupo, organizado pela Associação Clube das Mães, comercializa para as famílias vizinhas, atende demandas das empresas, participa de feiras e ainda faz vendas a varejo na cidade. Com possibilidade de comercializar na feira do produtor rural, realizada quinzenalmente em Uberlândia, as quitandeiras já estão providenciando documentos para fornecer também para o PNAE e PAA. “São famílias que já comercializam na Ceasa, em Uberlândia, os produtos in natura, usados nas receitas. Agora, elas estão encontrando nas quitandas outra fonte de renda familiar”, ressalta o gerente regional da Emater-MG, Gilberto Carlos de Freitas.

A líder das mulheres quitandeiras de Segredos da Roça, a agricultora Maria Aparecida dos Santos, confirma as palavras do gerente da Emater-MG ao testemunhar a melhora na renda das mulheres do grupo. “Estamos vendendo as quitandas e outros produtos da roça, como ovos, polvilho, leite e queijo, que usamos nas receitas. Ter o nosso próprio dinheiro, sem depender do marido para pequenas coisas, nos faz sentir valorizadas. Sonhamos em crescer mais para investir também na melhoria da nossa casa e do sítio, comprando mais gado”. (Agência Minas)

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