Ministério Público denuncia 19 pessoas envolvidas em tiroteio no estacionamento de um hospital de Juiz de Fora

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O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ofereceu denúncia contra os envolvidos no tiroteio ocorrido no final de outubro no estacionamento de um hospital em Juiz de Fora. São duas denúncias com, respectivamente, sete e 12 denunciados.

Na primeira, foram denunciados os supostos empresários A.V e S.P.M.G, N.F.C, J.W.P.R e os policiais civis de Minas Gerais M.M.R, R.R.S e L.S.S pelos crimes de latrocínio (artigo 157§ 3º, parte final, do Código Penal), participação em organização criminosa com emprego de arma de fogo (artigo 2º, §2º da lei 12.850/2013), estelionato (artigo 171, caput, c/c artigo 14, II, ambos do Código Penal) e lavagem de dinheiro (artigo 1º, §1º, incisos I e II da lei 9.613/98, c/c artigo 14, II do Código Penal). Os policiais civis também são acusados de fraude processual (artigo 347, parágrafo único, do Código Penal).

Na outra ação penal, o MPMG denuncia os delegados da Polícia Civil de São Paulo R.C.S.C e B.M.M.A, e os policiais civis paulistas C.A.F.F.L, J.A.B.M, C.R, M.P.A, E.A.M.F, C.F.F e L.K.K por lavagem de dinheiro (artigo 1º, §1º, incisos I e II da lei 9.613/98, c/c artigo 14, II do Código Penal) e posse ilegal de arma de fogo de uso permitido (artigo 14 da lei 10.826/03). Também foram denunciados por lavagem de dinheiro os empresários paulistas F.S.G, R.U.J e M.G.J.

Entenda o caso

De acordo com o inquérito policial, os dois supostos empresários mineiros, atraíram a atenção dos empresários de São Paulo, que estavam à procura de crédito para as empresas do Grupo AJC, prometendo a realização de negócio econômico extremamente vantajoso. Assim, após a indicação de um corretor do estado de São Paulo e diversos contatos telefônicos, os empresários paulistas estiveram em Juiz de Fora para acertar as bases do negócio milionário – a troca de valores em taxas favoráveis (dólares por reais).

Acertadas as bases do negócio, dois integrantes da organização criminosa de Minas levaram para Juiz de Fora um veículo locado em Goiânia/GO, enquanto outros integrantes reuniam-se constantemente para acertar os detalhes da emboscada.

No dia 19 de outubro, por volta das 11h30, um dos supostos empresários, acompanhado de dois comparsas, seguiu para o hotel onde seria feita a negociação. Já no local, desconfiou do forte esquema de segurança dos empresários paulistas (nove policiais civis de São Paulo, os quais realizavam irregularmente escolta particular, e um segurança privado). A negociação então foi suspensa sob o pretexto de que precisavam conferir o valor que tinham disponível para empréstimo, saindo do hotel e afirmando que voltariam em 40 minutos. Transcorridas mais de uma hora e meia sem que retornassem, os empresários paulistas, acreditando que o negócio não seria mais celebrado, dispensaram a escolta que rumou para o aeroporto.

Um dos policiais mineiros que ficou vigiando o hotel, verificou a partida da escolta. Então, um dos supostos empresários retornou ao hotel e convidou os empresários paulistas para verem o dinheiro que seria objeto da negociação ilícita, que se encontrava em um prédio a apenas 600 metros dali. Já no estacionamento do hospital, um dos integrantes da organização criminosa abriu o porta-malas e apresentou seis malas de viagem cheias de maços de notas de R$100.

O objetivo da organização criminosa era converter em ativos lícitos o valor em espécie de R$ 56.000 provenientes de estelionatos praticados anteriormente pelos supostos empresários, bem como obter vantagem ilícita por meio da colocação de 147.633 notas falsas devidamente embaladas em pacotes plásticos e misturadas com notas originais, simulando o montante de R$ 14.673.300, que seriam repassadas às vítimas.

O segurança privado do empresário de São Paulo questionou a originalidade das notas. Nesse momento, dois policiais civis de Minas chegaram correndo de arma em punho e gritando “perdeu, perdeu”, sem fazer qualquer alusão à condição de policiais. Um dos policiais atirou no segurança, que revidou, tendo o primeiro falecido no local e o segundo no hospital.

Poucos antes, os policiais mineiros já haviam abordado, na entrada do estacionamento, os demais integrantes da escolta dos empresários, que haviam retornado do aeroporto para o local da negociação em razão de uma mensagem enviada por um dos delegados com a localização do grupo. Após a abordagem, os policiais civis de São Paulo foram desarmados e tiveram seus pertences recolhidos.

Dois integrantes da organização criminosa saíram do local caminhando calmamente, não tendo sido localizados até a presente data, mesmo expedidos mandados de prisão preventiva. Durante a troca de tiros, um dos supostos empresários foi atingido no pé por um disparo de arma de fogo, sendo socorrido no próprio hospital.

Os policiais civis de Minas retiraram da cena do crime o aparelho de telefone celular que era utilizado pelo policial morto, ante a relevante quantidade de informações existentes no aparelho, que certamente comprometeriam ainda mais os denunciados. Do mesmo modo, os aparelhos telefônicos utilizados pelos outros dois policiais mineiros, nos dias que antecederam o crime e no dia do evento criminoso, foram por eles inutilizados e descartados.

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(Fonte: MPMG)

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