A ÁGUA E A SITUAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL

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Praticamente todas as atividades industriais necessitam de água, mas algumas necessitam mais que outras. Avaliando o ciclo da matéria prima e do processamento de vários produtos nas agroindústrias ficamos impressionados com a quantidade de água que deve ser consumida até o produto chegar a sua mesa. Para produzir um único ovo, a relação de consumo de água avaliando a água gasta para a produção do milho, a fabricação da ração, o consumo da ave e do criatório, dentre outros, é de 200 litros, ou seja, para produzir um único ovo a cadeia de produção necessitou de 200 litros de água. Para produzir um quilo de macarrão a cadeia necessita de 1.900 litros de água; um quilo de manteiga necessita de 5.500 litros de água e para produzir um quilo de carne de porco são necessários incríveis seis mil litros de água.

Vamos analisar o consumo total do país para atividade de produção do etanol. Para a geração de um litro de álcool a cadeia de produção necessita de 2.100 litros de água. Como o Brasil produziu em 2014, aproximadamente 29 bilhões de litros de álcool, então podemos concluir que o consumo de água da cadeia produtiva chegou a incríveis 60 trilhões de litros ou 60 bilhões de metros cúbicos! Para se ter ideia da quantidade de água, são 60 bilhões de caixas de água de mil litros. Equivale também ao consumo de 46 vezes toda a capacidade de armazenamento do sistema Cantareira que abastece a região metropolitana de São Paulo. Estamos descrevendo apenas um sistema da cadeia do agronegócio das centenas que existem no país. Para que a cadeia produtiva do agronegócio funcione sustentando a economia do Brasil é preciso água, muita água. Sem ela as empresas fecham, as exportações diminuem, empregos são perdidos e a crise se instala. Sem ela, a água, também ficamos sem energia elétrica pois 80% de toda a energia elétrica do país tem origem nas hidrelétricas, ou seja, dependemos não apenas da água, mas do ciclo hidrológico para ter energia em casa, nas cidades e no campo.

Para que o país não entre em colapso precisamos da água em todos os seus ciclos e formas, mas não podemos ser ingênuos em acreditar que com o advento da crise hídrica iremos tirar uma carta da manga e solucionar o problema da noite para o dia. Infelizmente as ações de destruição do meio ambiente continuam mais intensas do que as ações de recuperação ou preservação. A grande maioria das pessoas não faz ideia do impacto que as suas ações de degradação do meio ambiente causam no ciclo das águas. Infelizmente a ignorância ainda predomina nos diversos setores produtivos no Brasil; na exploração agropecuária, na industria e nas residências. Por falta de conhecimento e ganância as pessoas não acreditam que as suas ações de agressão ao meio ambiente irão causar danos ao ciclo hidrológico, assim como a maioria dos fumantes não acredita que o seu habito de fumar aumenta, e muito, o risco de contrair um câncer, até o dia em que acontece, mas aí já é tarde demais. O processo de conscientização de uma sociedade é um trabalho de formiguinha, mas nunca é tarde para começar.

Quem é Alexandre Sylvio Vieira da Costa?

– Nascido na cidade de Niterói, RJ;
– Engenheiro Agrônomo Formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro;
– Mestre em Produção Vegetal pela Embrapa-Agrobiologia/Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro;
– Doutor em Produção Vegetal pela Universidade Federal de Viçosa;
– Pós doutorado em Geociências pela Universidade Federal de Minas Gerais;
– Foi Coordenador Adjunto da Câmara Especializada de Agronomia e Coordenador da
Comissão Técnica de Meio Ambiente do CREA/Minas;
– Foi Presidente da Câmara Técnica de eventos Críticos do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio Doce;
– Atualmente, professor Adjunto dos cursos de Engenharia da Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus Teófilo Otoni;

– Blog: asylvio.blogspot.com.br
– E-mail: alexandre.costa@ufvjm.edu.br

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