Paulo Henrique Silva – Um país, dois projetos e o mundo

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Mais do que simplesmente uma eleição, o processo eleitoral de 2014 no Brasil é histórico porque determinará novos rumos para o país, com o eleitor tendo a opção de escolha entre dois caminhos totalmente opostos, tanto para a nossa sociedade, quanto para a comunidade internacional.

Sim, é isso!

O Brasil deixou há tempos de ser um país em desenvolvimento, tornando-se um dos protagonistas na geopolítica mundial.

E o antagonismo que marca a polarização do pleito vai muito além da política partidária, aonde, mais uma vez, PT e PSDB disputam a preferência da maior parte do eleitorado nas eleições majoritárias.

No contexto mundial, os caminhos indicam uma ruptura definitiva com a influência dos EUA em nosso país ou, por outro lado, uma volta ao passado que nos remeterá à condição de submissão à maior potência do planeta, seja economicamente ou pelo seu poderio bélico.

Liderada por PSDB e DEM, a oposição está alinhada com os interesses dos EUA e vislumbram inserir o Brasil no NAFTA – Tratado Norte-Americano de Livre Comércio, como também ‘ressuscitar’ as negociações da ALCA – Área de Livre Comércio das Américas, ambas situações sob a liderança estadunidense.

O NAFTA é um tratado envolvendo Canadá, México e Estados Unidos e que entrou em vigor em janeiro de 1994. Tem ainda o Chile como um país associado, sem participação efetiva nos acordos de livre comércio entre os países do bloco, limitando-se a tratados bilaterais com os EUA.

Na prática, o que o México vislumbrou, enquanto uma nação em desenvolvimento, ou seja, o começo de uma grande era de prosperidade, na realidade tornou-se uma fase de dominação econômica exercida pelos EUA.

Uma negociação de igualdade entre nações tão desiguais só poderia trazer resultados catastróficos para o elo mais fraco, no caso o México. Baixos salários e o aumento da pobreza resumem a atual situação mexicana, além do êxodo rural, com diversas falências no campo.

Atualmente, os mexicanos estão quase que completamente dependentes das exportações para os EUA.
E aí entra uma questão histórica: como um país extremamente protecionista como os EUA, conhecido pelos inúmeros e extensos subsídios, principalmente na área agrícola, se transformaria de uma hora para outra em um parceiro comercial confiável?

Outro ponto que pesa desfavoravelmente para os EUA é a sua política de dominação mundial através do fomento de guerras.

Como se sabe, a indústria bélica estadunidense é primordial para a economia daquele país, e sem guerras, não se vendem armas. Simples assim!

Um episódio recente exemplifica muito bem esta estratégia: em 2003, quando invadiram o Iraque, de forma unilateral e ilegal, sobre a (falsa) alegação de que o presidente Saddam Hussein mantinha um arsenal de armas químicas que ameaçavam a paz mundial, os EUA gastaram 5 trilhões de dólares com a guerra.

Quanto a ALCA, que os EUA queriam implantar em toda a América Latina, ela foi enterrada com a eleição de Lula e outros governantes progressistas. Agora que sabemos, através da experiência mexicana, os resultados a que ela se propunha, não teríamos o combate à pobreza e à desigualdade social que estamos vivenciando desde 2003 e certamente os EUA ficariam ainda mais ricos, em detrimento dos seus ‘parceiros’.

Por outro lado, o Governo Federal consolida cada vez mais o papel do Brasil como liderança no Mercosul e, no caminho oposto aos EUA, amplia e fomenta a participação do nosso país no BRICS, grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Basta estar um pouco atento ao que acontece no mundo para saber que o BRICS está construindo uma nova ordem mundial. Até a Alemanha já demonstrou interesse em ingressar no grupo, para descontentamento de Barack Obama.

Reunidos, os cincos países representam 40% da população mundial e 25% do PIB global. Segundo dados da revista Exame, nos próximos dez anos a estimativa é de um mercado com 1,8 bilhão de consumidores com renda superior a três mil dólares anuais, entre os quais 200 milhões com ganhos acima de 15 mil dólares.

Logo após o encerramento da Copa do Mundo no Brasil, durante as reuniões da Cúpula de Líderes dos BRICS, encontro realizado em Fortaleza/CE, foi formalizada a criação do Novo Banco de Desenvolvimento, com o propósito de mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos BRICS e em outras economias emergentes e em desenvolvimento.

O Banco de Desenvolvimento dos BRICS contará com capital inicial subscrito de US$ 50 bilhões, além de um Arranjo Contingente de Reservas com a dimensão inicial de US$ 100 bilhões.

Neste cenário mundial, polarizado entre o grupo liderado pelos EUA e União Europeia e, do outro lado, os BRICS, a previsão de um colapso do sistema monetário mundial em um futuro próximo, com a substituição do dólar como moeda de reserva mundial, é cada vez mais factível. Rússia e China, por exemplo, já substituem o dólar pelas suas próprias moedas nas transações comerciais entre os dois países.

Se os caminhos propostos pelos dois principais candidatos à Presidência da República são tão antagônicos para a política externa, o que dizer dos projetos para o Brasil da ‘porteira pra dentro’?

Pois bem, são ainda mais conflitantes e distintos.

De um lado os interesses da grande mídia, do mercado financeiro, da faixa mais rica do eleitorado e das oligarquias, todos alinhados com o modelo neoliberal do PSDB, com a proposta do Estado mínimo, com privatizações do que for possível e baixo investimento social.

Nada dessa história de Mais Médicos, da Petrobrás com predomínio no pré-sal, do Bolsa Família, de bancos públicos, do SUS, de Reforma Agrária, e por aí vai…

E ainda: regulamentação da mídia, controle social das políticas públicas e reforma política, nem pensar!

Por outro lado, a população menos favorecida do Brasil experimentou um incremento em seu padrão de vida e isso representa uma conquista imensurável.

Da geração de emprego à maior distribuição de renda; da Universidade pública ao financiamento para o ensino superior; das escolas técnicas federais ao Pronatec; do SAMU às Farmácias populares; enfim, são diversas políticas públicas que foram criadas e se tornaram acessíveis.

Agora é aguardar os debates, apreciar as propostas e fazer a melhor escolha.

O mundo nos aguarda.

Forte abraço!

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