Temer escolheu errado porque quis. Tinha alternativas melhores – Coluna Dr. João Domingos

0

O governo provisório de Temer tinha realmente poucas alternativas para compor um governo de notáveis, porém, se analisasse o perfil acharia nomes melhores. A maioria dos políticos de Brasília está envolvida em algum tipo de corrupção. Poucos nomes restam. E muitos nomes bons, uma vez convidados não aceitaram, porém, Temer se perdeu na montagem do governo provisório por não se ater à biografia dos escolhidos. Na maioria dos ministérios os nomes nomeados são risíveis. Senão vejamos:

Planejamento, Desenvolvimento e Gestão – Romero Jucá (PMDB-PE) – senador e articulador de Temer. Seria uma ponte do provável presidente com o Senado e com Renan Calheiros. Foi líder do Governo Dilma e Lula na Casa. É investigado no Supremo por seu eventual envolvimento na compra de medidas provisórias e apareceu em escutas telefônicas por diversas vezes e já caiu. De tão envolvido não durou mais que 13 dias no governo. Um fiasco total.

Secretaria de Governo – Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) – Foi ministro de Lula. Se afastou do PT quando o partido não apoiou sua candidatura ao Governo da Bahia em 2010. Desde então se tornou um ferrenho opositor. É muito próximo a Temer. Seu irmão, o deputado federal Lúcio Vieira Lima, foi um dos articuladores da derrocada de Rousseff na Câmara. Nada mais é que um coronel baiano que só pensa em se dar bem na política, não importa o lado. JÁ caiu também.

Fazenda – Henrique Meirelles, foi presidente do Banco Central durante os dois governos do ex-presidente Lula (2003-2010) e será sempre lembrado pelo controle da inflação no período e a precisão para ajustar juros num momento de crescimento econômico. Porém, vimos com o tempo que, de controlada a inflação não tinha nada e os preços dispararam, além de uma violenta recessão que o país vai demorar sair.

Justiça e Cidadania – Alexandre de Moraes (PSDB-SP), foi secretário de Segurança do Governo de Geraldo Alckmin. Péssimo secretário, diga-se de passagem. Nada fez pela segurança pública em São Paulo. Pela Justiça nacional nada fez além de tiros no pé com declarações de mau gosto.

Relações Exteriores – José Serra (PSDB-SP), senador da República, foi cotado para assumir as pastas da Saúde e Fazenda, mas acabou no Itamaraty. Próximo de Temer, o tucano é um dos maiores aliados do peemedebista dentro do PSDB. E parece que sua veia de administração do passado, pelo menos foi bem na saúde no passado está fazendo aguas. No Itamaraty está mais perdido que cego em tiroteio.

Cidades – Bruno Araújo (PSDB-PE) – Foi o deputado que deu o voto 342 – número que garantia a vitória do impeachment na Câmara – na votação do impeachment da presidenta na Câmara. Ganhou destaque por ter sido o voto 342 que derrubou Dilma. O que dizer de um país que eleva a ministro o cara que simplesmente foi o voto decisivo para derrubar alguém do poder? E se fosse o Tiririca ou o Paulo Maluf o voto 342 – seriam também Ministro das Cidades?

Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – Gilberto Kassab (PSD-SP) – foi o prêmio de consolação depois de ser desbancado da pasta das Cidades, pasta que ocupou durante a segunda gestão de Dilma, e que tem um dos maiores orçamentos do Governo. Kassab arruinou São Paulo, prefeito pessimamente avaliado, antes ministro das Cidades e nunca mostrou a que veio. Uma lástima. Tem o PSD nas mãos, apenas isto.

Transportes, Portos e Aviação Civil – Mauricio Quintella (PR-AL) era líder do PR até a votação do impeachment na Câmara dos Deputados, ele renunciou do cargo para poder votar a favor do afastamento da presidenta. Ninguém o conhecia Brasil afora. Uma escolha sem nenhum sentido prático.

Saúde – o deputado paranaense Ricardo Barros, vice-presidente do PP, legenda que estava na base do Governo de Dilma e migrou para o lado de Temer. Entre os projetos que já apresentou na Câmara está o da criação da Frente Parlamentar da Indústria Pública de Medicamentos. Barros se envolveu em uma polêmica meses atrás ao propor cortes no Bolsa Família e é um nome totalmente ignorado no meio da saúde. Está na função por força de ser vice do PP.

Agricultura, Pecuária e Abastecimento – senador Blairo Maggi (PP-MT), bilionário brasileiro, integrante da bancada ruralista, é um dos maiores produtores de soja do mundo. Já entra com a polêmica de ter relatado uma PEC que praticamente propõe o fim do licenciamento ambiental e de ser um dos campeões em desmatamento. Um bilionário da agricultura fará o que pela agricultura familiar num país essencialmente agrícola? Piada das piadas.

Educação e Cultura – Mendonça Filho (DEM-PE) – um dos principais articuladores da oposição na Câmara. Foi vice-governador de Pernambuco na gestão de Jarbas Vasconcelos (1999-2005). Quando Vasconcelos concorreu ao Senado, assumiu o Governo por um ano. O DEM entrou em 2009 com uma ação no Supremo contra a política de cotas raciais que beneficiava negros e pardos na disputa de vagas em universidades públicas. O Supremo derrubou a ação em 2012. Apresentou uma série de requerimentos na Casa para reafirmar os crimes de responsabilidade fiscal da presidenta Dilma. Tem vários projetos apresentados que tratam de “organizações terroristas”. Nada na área de educação. Outra piada de mal gosto. Com Mendonça na educação, uma pasta tão importante para a formação do brasileiro, e deixar Cristovam Buarque de lado é no mínimo falta de bom senso. E porque não reconduzir Janine ao cargo? Um nome bom para a educação. Cadê o Demerval Saviani? Porque não? Nomes de peso que ficaram esquecidos para uma pasta que tinha que ser essencialmente técnica. Temer foi buscar o Mendoncinha. Meu Deus. O Mendoncinha recebeu na sua primeira semana como ministro, nada menos que Alexandre Frota, ator pornô e um brutamontes arrogante, ignorante e sem nenhum cérebro intelectual. Chegaremos onde com um Ministro da Educação desses?

Turismo – Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) – super fiel a Temer. Foi o primeiro peemedebista a deixar a esplanada. Foi citado por delatores na Lava Jato. Encalacrado até o pescoço na lava-jato. Já tinha sido Ministro do Turismo e nada fez de bom para o país.

Desenvolvimento Social e Agrário – Osmar Terra (PMDB-RS) é deputado federal e foi um dos primeiros a anunciar seu desligamento do Governo Dilma quando seu partido rompeu com a presidenta no final de março do ano passado. E é ministro apenas por ser do PMDB, nada mais.

Defesa – Raul Jungmann (PPS-PE) Ex-ministro da reforma Agrária do governo Fernando Henrique Cardoso, Jungmann teve contato direto com Nelson Jobim, o ex-ministro da Defesa do governo Lula. Jobim era o preferido de Temer, mas acabou preferindo ficar de fora do ministério e Raul então foi por que não tinha mais ninguém.

Gabinete de Segurança Institucional – Sérgio Etchegoyen é General da ativa do exército. Em 2014, ele classificou o relatório da Comissão Nacional da Verdade, que investigou crimes da ditadura militar, de “leviano”. Nome desconhecido, porém, em consonância com a Casa Militar.

Esporte – Leonardo Picciani (PMDB-RJ) foi um dos últimos pemedebistas que se manteve fiel ao Governo Dilma até o final. Votou contra o impeachment e trabalhou para montar uma base que pudesse contrapor Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Um nome horrível, arrogante, novato e totalmente voltado para apoiar quem pagar melhor. Pertence ao PMDB do Rio de Janeiro, leia-se Paes e Sergio Cabral, homens que destruíram o Rio de Janeiro. Esteve com Dilma até o fim e mudou de lado para continuar governista. Outra piada.

Meio Ambiente – José Sarney Filho (PV-MA) é filho de José Sarney, começou sua carreira política no partido ARENA e foi Ministro do Meio Ambiente durante o Governo Fernando Henrique Cardoso. Um nome que aparece na aba do chapéu dos outros. Se não fosse filho do “coronel” Sarney ninguém saberia que existia. Cadê o Pena do PV? Era nome melhor.

Trabalho – Ronaldo Nogueira de Oliveira (PTB-RS) é deputado federal e pastor da Assembleia de Deus. Apresentou em 2011 um projeto de lei para que as faltas de trabalhadores domésticos fossem descontadas do período de férias. Um Ministro de Estado que no único projeto de lei apresentado foi para ferrar com o trabalhador doméstico. Uma lástima.

Fiscalização, Transparência e Controle (antiga Controladoria Geral da União) – Fabiano Augusto Martins Silveira era ouvidor e consultor legislativo do Conselho Nacional de Justiça, e já integrou o Conselho Nacional do Ministério Público. Caiu de maduro. Com pouca experiência – não durou nem uma chuva.

Apenas na equipe econômica Temer acertou. Escolher Meirelles foi inteligente para acalmar os mercados e Ilan Goldfajn, economista-chefe do Banco Itaú, para o Banco Central também considerado um dos melhores quadros do mercado para a função, e tem o desafio de trabalhar uma política de juros que esfrie a inflação ao mesmo tempo que não iniba novos investimentos.

Enfim, os escolhidos foram para dar sustentação à base de governo no Congresso sem se preocupar com a ficha do nomeado nem com a capacidade intelectual do nomeado para a área especifica. Do lado de fora ficaram nomes como Cristovam Buarque, Álvaro Dias, Pedro Simon, Esperidião Amim, Paulo Hartung, Ellen Grace, Sidney Sanches, Ives Gandra Martins, Demerval Saviani e outros…

Dr. João Domingos é advogado e vereador
(www.facebook.com/joaodomingos.domingos.5)


VER PRIMEIRO

Receba as notícias do Aconteceu no Vale em primeira mão. Clique em curtir no endereço www.facebook.com/aconteceunovale ou no box abaixo:


DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui