Eleitores de Belo Horizonte criticam campanhas com ataques e sem apresentação de propostas

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Parte do eleitorado de Belo Horizonte vem manifestando insatisfação diante das campanhas apresentadas no segundo turno da eleição municipal. A principal reclamação recai sobre o excesso de ataques entre os candidatos João Leite (PSDB) e Alexandre Kalil (PHS), em detrimento da apresentação de propostas.

Nos últimos dias, a campanha de João Leite se dedicou a levar para suas peças ex-funcionários de empresas de Alexandre Kalil que o acusam de não depositar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). O tucano também criticou o adversário por não pagar o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).

Por outro lado, Kalil acusou João Leite de nepotismo ao ter indicado sua filha e seu sobrinho para cargos na Secretaria Municipal de Saúde. O PSDB foi aliado do atual prefeito Márcio Lacerda (PSB) em suas duas gestões. Entre 2009 e 2013, o tucano Marcelo Gouvêa Teixeira foi o secretário de saúde da capital mineira. João Leite nega que tenha tido participação na nomeação dos parentes. Kalil também questionou o concorrente pela citação de seu nome na lista de Furnas, documento sobre um suposto esquema de caixa dois nas eleições de 2002 que está sendo investigado pela Polícia Federal.

Nas redes sociais, o incômodo com os ataques é registrado por eleitores. “Kalil acusa João Leite e João Leite acusa Kalil, mas propostas e projetos ninguém fala”, registra Thiago Alonso. A mesma percepção é compartilhada por Yago Lana. “Essas propagandas do João Leite e Kalil, um tentando difamar o outro, são vergonhosas. Falem mais de propostas”, postou. Na mesma linha, a internauta Anna Luísa Abreu reclama: “Kalil e João Leite se preocupam mais em brigar entre si do que falar as propostas políticas”.

Se mostrar diferente

Para o cientista político Lucas Cunha, do Centro de Estudos Legislativos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), os ataques podem ser explicados por uma dificuldade dos candidatos de se mostrarem como sendo diferentes entre si. “É uma maneira de retirar votos do outro candidato, principalmente daquele eleitorado pouco convicto de sua escolha. Há também o objetivo de blindar a candidatura oposta do voto dos indecisos”, diz.

Lucas Cunha avalia, porém, que os efeitos deste tipo de campanha são negativos. Ele lembra que há uma crise de representação e que os eleitores já estão distanciados da política e depositando pouca confiança nas instituições, principalmente por causa dos sobressaltos do cenário nacional. “Pode gerar um efeito de saturação, reforçando na população a percepção de que a política é uma esfera degenerada da vida. Nesse sentido, este tipo de campanha faz com que aumente ainda mais a distância entre os cidadãos e a política, tornando difícil para candidatos e candidatas se diferenciarem e se mostrarem como alternativas críveis”.

No primeiro turno, o total de abstenções, nulos e brancos foi superior à soma de votos de João Leite e Alexandre Kalil. Lembrado por 395.952 eleitores, representando 33,4% dos votos válidos, o tucano foi o candidato mais votado. Em segundo lugar, Kalil obteve a preferência 314.845 cidadãos de Belo Horizonte, contabilizando 26,56%. As abstenções (417.537) e os votos nulos (215.633) e brancos (108.745), totalizaram 741.915.

Alexandre Kalil e João Leite disputam a Prefeitura de BH (Reprodução)

(Fonte: Agência Brasil)

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