Bordar desenhos da fauna e da flora brasileiras no tecido é praticamente uma habilidade natural para Isis Espeschit. Com 25 anos de idade, ela já faz parte da quarta geração de artesãs da família de Ouro Preto, região central de Minas Gerais.
O ofício, exercido há mais de 40 anos, será um dos representantes da arte brasileira durante o Internacional Craft Exchange Program for Handicrafts from Brics, que será realizado na Índia, que começa nesta segunda-feira (5/9) e vai até o dia 15 deste mês.
O evento tem como objetivo promover a troca de informações sobre técnicas, processos e mercado entre artistas populares dos países que compõem o grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
O artesanato mineiro será fortemente representado pela delegação do Brasil, sendo que das três bordadeiras, duas são mineiras.
Maria Aparecida Lana, do município de Barra Longa, também irá trocar experiências com artesãos de outras partes do mundo. Para ela, o bordado também é muito mais do que um simples ofício, é uma história de família e também da cultura local.
Desde os nove anos de idade, Maria cria delicados desenhos com o ponto Crivo Artesanal — o mesmo utilizado na época dos colonizadores — para enxovais de cama, mesa e banho.
Escolhidas pelo Governo de Minas Gerais, com apoio do Centro de Capacitação de Apoio ao Empreendedor (Cape) e da Associação Brasileira de Exportação de Artesanato (Abexa), as bordadeiras estão animadas pela oportunidade de trocar experiências com artesãos de outros países.
“Estou muito ansiosa pela chance de conhecer bordados e técnicas tão diferentes. Para mim ainda parece um grande sonho.”, destaca Maria Aparecida. Para Isis, a responsabilidade de representar o Brasil é grande. “Nossa cultura é rica e completa, por isso é um orgulho ter esse reconhecimento e essa oportunidade”, diz.
Radiografia do artesanato
O evento é realizado pelo Export-Import Bank of India (EXIM Bank), com apoio do governo indiano, por meio do Ministério dos Têxteis. O setor é um dos mais dinâmicos e tradicionais da economia indiana, empregando cerca de 7 milhões de pessoas e responsável por exportações da ordem de US$ 3,2 bilhões em 2015.
Em Minas Gerais a estimativa é de que existam cerca de 300 mil artesãos, com uma movimentação aproximada de R$ 2,2 bilhões por ano em toda a cadeia.
Artesãs mineiras levam a arte do bordado para a Índia (Foto: Agência Minas)
(Agência Minas)