Qualificação e assistência técnica viabilizam sucessão rural em Minas Gerais

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Filha de agricultores, Joelma Lindamara Rocha, 23 anos, cresceu ajudando os pais na roça em Tarumirim, no Vale do Rio Doce. Com o sonho de permanecer na zona rural, a jovem recorreu à Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) para obter assistência técnica e ampliar os negócios da família, de modo a permitir que ela permanecesse no campo, com garantia de renda e trabalho.

Assim, com auxílio da Emater-MG, há quatro anos Joelma e sua irmã Amarilis, 20 anos, profissionalizaram o engenho antes utilizado para subsistência da família e montaram na propriedade uma agroindústria que hoje produz açúcar mascavo, rapadura, melado e outros produtos. A produção é vendida para toda a região.

De acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 53 milhões de jovens entre 15 e 29 anos no Brasil, 8 milhões estão no meio rural, o que representa um a cada seis jovens em todo o país. Eles representam 27% de toda a população rural brasileira.

“Desde quando me entendo por gente somos agricultores familiares, sobrevivemos cultivando a terra. Nossos pais nos ensinaram a valorizar o campo e a amar o que fazemos, então nunca pensei em sair do campo”, diz Joelma Rocha, 23 anos, filha de agricultores e empreendedora rural em Tarumirim.

O extensionista agropecuário da Emater-MG em Tarumirim, João Paulo Santana, ajudou as irmãs a montarem um plano de negócios para transformar o pequeno engenho em uma atividade lucrativa e também a conseguirem um financiamento para profissionalizar e adequar a estrutura. A agroindústria, já certificada, recebeu o nome de “Douradinha Supernatural” e hoje é a principal fonte de renda da família.

Embora o êxodo rural tenha diminuído de 1,31%, no período entre 1990 e 2000, para 0,65%, entre 2000 e 2010, o número de jovens que deixam o campo no Brasil ainda é grande. Segundo a coordenadora estadual de Juventude Rural e Sucessão na Agricultura Familiar da Emater-MG, Maria Helena Alves da Silva, é preciso traçar alternativas e criar oportunidades para viabilizar a permanência do jovem no meio rural, com renda e qualidade de vida.

Assim, a empresa incentiva a sucessão familiar com a inserção produtiva e social do jovem. “Trabalhamos com a capacitação destes jovens, na identificação de oportunidades no campo, e também na articulação para que eles consigam políticas de acesso à terra”, diz Maria Helena.

“Um dos principais desafios é a questão do acesso à terra, pois nem sempre a família cede um espaço da propriedade para o jovem produzir, e as políticas para que ele tenha acesso à terra são muito burocráticas. Existe um trabalho para que sejam desburocratizadas, mas enquanto isso precisamos dar assistência a ele e à família para que o jovem tenha autonomia”, diz Maria Helena Alves da Silva, coordenadora da Emater-MG.

Além do trabalho na agroindústria, as irmãs Joelma e Amarilis também têm um contrato jurídico firmado com os pais, que cederam um espaço para que cada uma pudesse produzir o que quisesse. “Na minha parte eu tenho uma horta, onde planto coco, batata doce, entre outras coisas”, conta Joelma.

Para ajudar na gestão da agroindústria, a jovem fez, com apoio da Emater, diversas qualificações, como um curso técnico de auxiliar administrativo. Joelma e a irmã também são sindicalizadas e exercem a coordenação da juventude rural no município. “Além de amar o que faço, sempre quis levar isto para outros jovens, mostrar a eles que é possível permanecer no campo, com qualidade de vida, emprego e educação”, conclui.

As irmãs Joelma e Amarilis, de Tarumirim, no Vale do Rio Doce, montaram uma agroindústria na propriedade da família com a ajuda da Emater-MG (Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação Agência Minas)

Garantia de renda

Em São Bento Abade, Território Sul, o jovem Luiz Eduardo Rezende, 18 anos, literalmente colhe os frutos da assistência técnica recebida pela Emater-MG. Ele resolveu cultivar uma horta em uma parte do terreno do avô, e hoje vende os legumes e verduras para duas escolas do município, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

“Tenho dois hectares plantados, com bastante coisa: brócolis, chuchu, couve-flor, repolho, alface, abobrinha. Já trabalho na minha horta há três anos, e a Emater me ajudou a entrar no PNAE. Eu mesmo faço tudo: planto, colho e entrego uma vez por semana para as escolas”, diz Luiz Eduardo Rezende, 18 anos, produtor rural em São Bento do Abade.

Luiz Eduardo também teve acesso ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). “Tenho uma renda boa, está dando bem certo. Já tinha pensado em sair da zona rural, mas gosto demais de mexer com roça e quero continuar”, finaliza o jovem.

Gerações no campo

Com o objetivo de envolver os jovens na construção das políticas públicas necessárias para o seu desenvolvimento econômico e sustentável no meio rural, a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), em parceria com a Emater, está ouvindo jovens em todas as regiões do estado.

São realizadas oficinas nos polos dos 17 territórios mineiros, voltadas para a juventude rural, para levantar as demandas de cada região. A iniciativa conta também com o apoio da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg).

As demandas servem como referência para viabilizar capacitações específicas; valorizar as atividades agropecuárias no currículo escolar; promover melhoria de equipamentos públicos (postos de atendimento, escolas), que garantem a qualidade de vida dos moradores; viabilizar infraestrutura adequada para escoamento da produção e mais segurança nas fazendas.

“A proposta é compilar um documento com as principais demandas e desafios da juventude rural em Minas Gerais, de forma a subsidiar políticas públicas voltadas para estes jovens”, destaca a coordenadora estadual de Juventude Rural e Sucessão na Agricultura Familiar da Emater-MG, Maria Helena Alves da Silva. (Agência Minas)

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