Nesta época do ano em que os ventos são mais intensos, as pipas invadem os céus e fazem a diversão das crianças em todas as partes do país. Contudo, essa prática tem que ser acompanhada de perto pelos pais e responsáveis para não gerar prejuízos nem trazer riscos à segurança da população. Este ano, essa brincadeira já foi responsável por 851 ocorrências de interrupção no fornecimento de energia elétrica, que prejudicaram cerca de 280 mil consumidores, conforme levantamento da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
Somente nos primeiros cinco meses do ano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), foram registrados 372 desligamentos provocados por pipas na rede elétrica. O uso do cerol – mistura cortante feita com cola, vidro e restos de materiais condutores – é um dos principais causadores dos desligamentos, causando o rompimento dos cabos de energia quando entra em contato com a rede elétrica. Além disso, muitos curtos circuitos são provocados pela tentativa de retirada de papagaios presos aos cabos.
Segundo Demetrio Venicio Aguiar, engenheiro eletricista da Cemig, alguns procedimentos devem ser adotados para que não haja risco à segurança nem ocorram interrupções no fornecimento de energia com a prática da brincadeira. “As pipas devem ser empinadas em locais abertos e afastados da rede elétrica. Jamais use fios metálicos ou cerol e, caso a pipa fique presa, não tente resgatá-la”, afirma.
Além disso, Demetrio Venicio Aguiar alerta sobre uma novidade que vem agravar os problemas e os riscos: um tipo de cabo cortante feito em escala industrial, chamado de “linha chilena”, mais refinado e com materiais mais abrasivos que o cerol. “Esse tipo de linha é muito mais cortante do que o cerol comum, e infelizmente é possível adquirir este material de origem estrangeira pelo mercado paralelo e até pela internet”, diz o engenheiro.
O cerol e a “linha chilena” também podem causar acidentes graves com as pessoas que os manipulam e também ocasionar acidentes com terceiros, especialmente motociclistas.
Acidentes graves
Além dos prejuízos causados pela falta de energia, a Cemig também alerta para os riscos à segurança que a soltura de pipas pode trazer quando praticada próxima à rede elétrica. Nos últimos dois anos, foram registrados um acidente com vítima fatal e outros três com ferimentos graves no estado.
Demetrio Venicio Aguiar conta que a maioria dos acidentes acontece quando o papagaio fica preso na rede elétrica e as crianças tentam retirá-lo utilizando materiais condutores, como pedaços de madeira ou barras metálicas. O contato com a rede elétrica pode ser fatal, além do risco de queda em função da reação involuntária causado pelo choque elétrico. Nesses casos, as consequências mais comuns são traumatismos devido às quedas e queimaduras graves por causa dos choques.
O engenheiro chama a atenção ainda que o uso do cerol pode transformar uma simples linha de papagaio em um material condutor e provocar choque elétrico ao entrar em contato com a rede. Além disso, muitas crianças amarram as pipas com arames e fios. “São materiais altamente condutores de energia e que acabam sendo energizados quando tocam os cabos de energia”, explica Demetrio Venicio Aguiar. (Agência Minas)