Norte de Minas

Corte de árvores revolta ambientalistas em Montes Claros

31 de maio de 2016 - 9:09 pm

A obra de retirada das linhas de transmissão de energia elétrica no Bairro Ibituruna, em Montes Claros, tem provocado discussões entre ambientalistas e representantes da prefeitura. Segundo anúncio da prefeitura no início de maio deste ano, a obra prevê que o “município utilize uma área de cerca de 400 mil metros quadrados para a construção de parques e jardins, além de áreas comerciais e residenciais”.

O problema, segundo alegação de ambientalistas, é que o município autorizou o corte de 446 árvores na área de execução da obra sem que algum profissional habilitado se responsabilizasse pela autorização.

“A prefeitura não tem um profissional habilitado para responder por esta ação. Falaram que o projeto prevê uma avenida, mas não contempla o replantio destas árvores. O Codema existe para fiscalizar e esta obra não foi deliberada pelo Codema”, afirma o ambientalista Eduardo Gomes, que já foi conselheiro do Codema (Conselho Municipal de Defesa e Conservação do Meio Ambiente) na cidade.

Gomes diz ainda que cerca de 40 árvores já foram derrubadas no local. Integrantes do Movimento Civil Arboriza Moc também se revoltaram com a derrubada das árvores. Eles afirmam que o município não se preocupou nem mesmo em fazer um inventário das árvores a serem derrubas, algumas com mais de quatro décadas.

“A própria lei municipal diz que na derrubada de uma árvore deve-se fazer o plantio de outra, mas aqui não existe este plano compensatório. Aqui serão 400 árvores derrubadas. Então é uma perda muito grande”, afirma a representante do Movimento Civil Arboriza Moc, Bruna Berto Gomes.

O Arboriza Moc realizou na cidade o plantio de 300 mudas de plantas nativas da região. “Além do plantio existe a preocupação em quem vai cuidar e ainda se vão crescer. Com esta obra da prefeitura será um déficit muito grande para a cidade”, lamenta a representante.

Vários ambientalistas fizeram um ato em protesto às obras no Bairro Ibituruna na tarde desta terça-feira (31). Após o ato, a empresa responsável pela ação suspendeu os cortes das árvores. Segundo o secretário adjunto de meio ambiente, Edvaldo Marques, as obras a serem realizadas no local estão de acordo com as leis no município.

“Neste caso foi feito o pedido de supressão de árvores. Este tipo de pedido não precisa se submeter ao Codema. Existe sim um projeto de compensação e as árvores já estão em reposição no perímetro urbano da cidade. Porém, em reunião nesta tarde com representantes do Ibama, resolvemos suspender a autorização até que seja apreciado pelo Codema”, afirma o secretário que também é o presidente do Codema.

Prefeitura autorizou corte de 446 árvores (Foto: Eduardo Gomes/Arquivo Pessoal)