Polícia Civil pede prisão preventiva de militar que matou caminhoneiro a tiros em Governador Valadares

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A Polícia Civil de Governador Valadares, no Leste de Minas, pediu a prisão preventiva do policial militar Júlio César da Silva, de 44 anos, que matou a tiros o caminhoneiro Fábio Aguiar de Morais, de 36 anos. O crime aconteceu na manhã desse domingo, 6 de março, no Bairro Santa Rita, e foi registrado em vídeo pela esposa da vítima. A motivação para o crime ainda não foi esclarecida pela polícia.

As imagens de um telefone celular mostram o bate-boca já em andamento. O policial militar, à paisana, vestido com uma camisa do Atlético, está segurando um revólver, à porta de um bar. No meio da rua, o caminhoneiro, sem camisa, com as mãos para trás, esconde um facão. Os dois trocam ofensas e ameaças: “Dá mais um passo pra você ver”, diz o policial. “Você não é homem, você é homem com o revólver na mão”, responde o caminhoneiro. “Você é homem pra sua família”, retruca o policial. “Bate na sua mulher, bate nos seus parentes lá”, diz o policial.

Crime aconteceu no bairro Santa Rita – Foto: Reprodução / Redes Sociais

A mulher do caminhoneiro, postada atrás do marido, é quem grava as imagens. Um filho do casal, ao lado da mulher, tenta contato telefônico com a polícia e, a certa altura, diz: “não tá atendendo, não.” O policial à paisana também tenta acionar a PM com um celular, enquanto ele e o caminhoneiro seguem se ameaçando: “Você não vai me dar tiro, não, que eu vou rasgar você todo”, anuncia o caminhoneiro. “Entra, então, que eu vou passar ocê (sic) no tiro”, retruca o policial.

Finalmente, o filho do casal consegue contato telefônico com o 190: “Tem um policial aqui armado ameaçando”, diz a voz. E os que estão próximos reforçam, “tá ameaçando, tá ameaçando!” Mas já era tarde para evitar o crime. O caminhoneiro reaparece na imagem, já sem o facão. O policial desdenha: “Cê correu com a faca? Corre com a faca que eu te corto no tiro”. “Que vai cortar o car…,” desafia o caminhoneiro. O policial então larga o celular no asfalto e dispara a arma. Cinco tiros são ouvidos. A mulher grita desesperada e as imagens balançam, já não é mais possível ver a vítima. O policial fica à porta do bar, ainda com a arma do crime na mão. “Eu não acredito!”, grita a mulher. “Chama a polícia depressa! Seu desgraçado!”

Segundo o boletim de ocorrência, os dois eram vizinhos e já tinham desentendimentos anteriores. A Perícia Técnica da Polícia Civil foi acionada e após os trabalhos de praxe, o corpo foi recolhido para o Instituto Médico Legal (IML) da cidade. De acordo com a PM, o perito constatou que a vítima teria sido alvejada por aproximadamente três disparos de arma de fogo.

Os militares foram até a casa do autor Júlio César, mas ele não foi encontrado no local. O suspeito é procurado pela polícia para prestar esclarecimento.

As imagens disponibilizadas no player abaixo são fortes e não são recomendadas para menores de 18 anos:



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Posicionamento da Polícia Militar

Por meio de nota, o comando da 8ª Região de Polícia Militar se posicionou acerca do ocorrido. Leia:

Sobre o fato

Ontem, domingo, 6 de março, por volta das 09h30, uma equipe policial deparou com um aglomerado de pessoas e momentos depois foi relatado que havia um baleado na rua Campos Sales, bairro Santa Rita. Chegando ao local, a equipe policial deparou com a vítima já caída ao solo aparentemente sem vida. De imediato o local foi isolado, sendo acionado o SAMU, além da perícia tão logo foi constatado o óbito. No local foi ouvida a esposa da vítima que relatou que presenciou o autor efetuar disparos de arma de fogo contra seu esposo. Disse também que se tratava de um policial militar. Ao ser feito levantamentos, constatou-se que seria o PM SGT JULIO CESAR DA SILVA, lotado na cidade de Governador Valadares que estava de folga e em trajes civis que, apesar de morar por ali, não foi encontrado para esclarecer sobre o fato.Durante os levantamentos nenhuma testemunha e a esposa da vítima que presenciaram os fatos relataram sobre o que teria motivado o crime.

Sobre o vídeo

A Polícia Militar também se posiciona sobre o vídeo que está sendo divulgado, esclarecendo que a vítima estava com um facão e as mãos para trás, além de a todo momento parecer falar algo ao autor, provocando-o. Também sobre o vídeo, foi constatado que em dado momento o autor não aparece com a faca nas mãos, porém permanece com as mãos para trás, o que deixa a entender para o autor que ainda poderia estar com o facão. Outra questão a se falar é com relação as tentativas feitas pelo autor de que a vítima se desarmasse e fosse para sua casa, porém a vítima permanece por ali. Segundo consta no Centro de Comunicações Operacionais da Oitava Região da Polícia Militar (COPOM), o 190 foi acionado, sendo empenhada equipe policial para o local dos fatos.

Antecedentes

Há registro de REDS que envolvem o autor e os filhos da vítima os quais já haviam sido encaminhados à Polícia Civil para apurações por se tratar de questões de desentendimentos entre vizinhos. Com relação às reclamações na Corregedoria da Polícia Militar, há registro de apurações que comprovaram que os fatos se tratavam de conflitos entre vizinhos, mas não há nada sobre a conduta do autor que fosse contrária à disciplina e ética policiais militares.

O Policial Militar

A quase trinta anos na Corporação, o Sgt Júlio é profissional exemplar, conforme sua ficha pessoal, possuindo em toda sua carreira conduta ilibada. Sobre o fato em questão a investigação ficará a cargo da justiça comum. Segundo informações de terceiros, o autor deverá se apresentar à Polícia Civil para prestar esclarecimentos, o que ainda não tem data prevista.

Assessoria de Comunicação Organizacional da 8ª RPM

Investigação da Polícia Civil

A Polícia Civil informou que um inquérito já foi instaurado e que foi solicitada a prisão preventiva do militar. O delegado Jean Vitor Santi é o responsável pelas investigações.

Temendo retaliações de vizinhos, a família do sargento se mudou ontem mesmo do Bairro Santa Rita. O vídeo que registrou cenas do crime já está com a Polícia Civil e será anexado ao inquérito. (Estado de Minas)

9 COMENTÁRIOS

  1. o que mais deixa qualquer cidadão de bem que paga impostos e ver sempre a policia militar inventar uma historia fajuta para defender a má conduta de seus agentes, ambos estavam errados, mais a policia militar tem que entender que em um estado democrático de direito, um policial não pode agir como bandido, tem que ter pulso firme mais frieza nós seus atos, qual a diferença deste policial e de um cidadão qualquer ou um bandido que mata e bem matado pela quantidade de disparos…

  2. -Não dá pra saber o que se passou antes, mas o fato é que já haviam 5 queixas contra o militar de conduta ilibada que fica batendo boca na rua e resolve as diferenças dando 5 tiros em quem não concorda com o mesmo.
    -Se ele tem 44 anos e 30 de carreira, então entrou na PM com 14 anos.
    -Sobre o vídeo não se deveria ter feito nenhum juízo de valor, uma vez que a investigação ficará a cargo da Polícia Civil, e pela nota se vê que é a decisão mais acertada, pois se fosse investigado por aquela força talvez a resposta seria a mesma que houve em relação às 5 queixas anteriores. Ou seja, o militar é de conduta ilibada e continua assim.
    -Tem havido muitos casos de pessoas com vida dupla, ótimos profissionais, mas ao sair do trabalho batem na mulher, bebem, fazem arruaça, ameaçam outrem, etc…etc…
    -Pelo vídeo, acho que quem o assistir não vai entender que o policial tenha em nenhum momento tentado convencer a vítima a se desarmar e voltar pra casa, e sim quando a vítima ficou desarmada foi assassinada (configurando que estava sem chance alguma de defesa).
    -Pesava contra o PM as 5 queixas, e não o contrário, configurando que o mesmo parecia não acreditar em resolver as coisas na justiça e sim pelas próprias mãos, ele tinha as mesmas vias para tentar resolver a questão. Ou pelo menos documentar os fatos.
    -A quantidade de disparos mostra uma pessoa em estado de surto, ou que não raciocinava bem na hora, uma vez que (a menos que tivesse mais balas, e talvez premeditasse um ataque) ficando com um tiro apenas, estaria sujeito a retaliações da população inclusive.
    -Pela mesma razão acima se leva a imaginar se o mesmo teria condições psicológicas de usar uma arma, e mais, se a arma é de serviço e se é legalizada. (mas não prejulgando aqui, só deverá ser esclarecido no inquérito – certamente.)
    -E finalmente, não é dando razão a uma ou outra parte. Mas a outra parte não é a que levou a cabo a vida do outro, não era um agente público (menos ainda de segurança) e ainda não agrediu, “não partiu pra cima” (o que configuraria legítima defesa). E ainda tem o agravante de que a vítima soltou a faca ou facão.
    Isso mostra ainda que de uma forma ou de outra, pessoas morrem por ignorância, sendo que as duas partes sairão no prejuízo, um que morre e deixa a família e o outro que vai preso (e talvez carregue na consciência que a questão poderia ter sido resolvida diferentemente).

  3. Chama o PM de Bundão, a esposa concorda, e as pessoas acham que a suposta vitima é um coitadinho, sera por que largou a arma no momento em que o contato com a policia ocorreu?… As pessoas sempre tendem a ir contra a PM, sendo policial ou não tendo preparo ou não qualquer ser humano por mais pacifico que seja reage a provocações como estas… Mas a policia é sempre culpada o policial é culpado e por isso cada vez mais nos afundamos porque invertemos as coisas, pelo que se vê o policial deveria ter deixado com que a suposta vitima o ferisse ou o matasse e assim teria feito o correto. NÃO SEJAMOS HIPOCRITAS

    • ELE TER MATADO ENTÃO FOI CORRETO?
      ACREDITO EU QUE POR SER UM “homem da lei” DEVERIA TER UM PREPARO MELHOR À ESSAS SITUAÇÕES, REALMENTE INVERTEMOS OS VALORES, POR EU SER POLICIAL E TER UMA ARMA EU DOMINO O MUNDO….
      FAÇA-ME O FAVOR QUANDO É ASSIM VC DEVE SER UM SOLDADINHO DE CHUMBO TAMBÉM NÉH DONA PAULA, E É BEM LOGICO SE ISSO VIER A ACONTECER REALMENTE , POIS QUEM DEVE PROTEGER A SOCIEDADE TEM MATADO ELA…

    • Péssima colocação Paula! Justificar um erro desse é burrice. Não tem justificativa nessa situação, ele não agiu em legitima defesa, matou esse cidadão a queima roupa, foram cinco tiros disparados e nenhum momento a vitima o agrediu. Tenho amigos da policia e não é por causa desse que vou pensar diferente a respeito deles. Ele cometeu um crime e vai ter que responder pelo.

  4. Passado tanto tempo, como anda essa história? Policial já foi julgado? condenado? continua PM ou foi expulso?
    Sem entrar no mérito dos motivos da rixa, o cara que perde a cabeça e mata com frieza o vizinho desarmado por causa de discussão, em plena luz do dia, na frente de testemunhas, não podia ser policial. Por isso sou contra porte de arma. Se um policial, em tese, preparado faz isso, imagina um cidadão comum com a cabeça quente? Arma e ânimo alterado não combinam. Só dá m…

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