Golpes antigos de estelionatários continuam sendo aplicados nas ruas da capital mineira e, a cada dia, contabilizam novas vítimas. Criminosos se aproveitam da ingenuidade das pessoas, atraídas pela possibilidade de ganhar dinheiro fácil, para aplicar os golpes que, apesar de serem simples, ainda fazem muitas vítimas. Seduzidas e confusas, elas são ludibriadas e chegam a perder grande quantia em dinheiro, muitas vezes a economia feita durante toda uma vida.
O ponto chave destes golpes é a abordagem dos estelionatários, que simulam situações convincentes e, dessa maneira, envolvem as vítimas sem que elas percebam. De acordo com o delegado da 4ª Delegacia de Belo Horizonte, Rodrigo Batista Damiano, o crime que acontece com mais frequência é o golpe do bilhete premiado. “O criminoso fala que ganhou na loteria e que, por algum motivo, não pode resgatar o prêmio no momento”, alerta o delegado.
Apesar de ter algumas variações, este golpe segue um roteiro que se repete e ludibria muitas pessoas. O estelionatário finge ser uma pessoa humilde, um analfabeto ou pessoa vinda do interior, por exemplo, e com um falso bilhete de loteria premiado em mãos aborda a vítima e pede ajuda para resgatar o dinheiro em troca de recompensa. Para retirar a premiação, a vítima é convencida a deixar seus pertences pessoais com o golpista para facilitar sua entrada em agências bancárias ou até mesmo em prédios quaisquer. No local, a vítima percebe o golpe e, quando retorna, não encontra mais o estelionatário.
Segundo Rodrigo, desconfiar de oportunidades fáceis de ganhar dinheiro é o primeiro passo para evitar cair em golpes. “A dica é sempre desconfiar. As pessoas devem sempre desconfiar porque ninguém vai dar uma recompensa dessas a um estranho. O problema é que a pessoa ouve a história, fica confusa e cai no golpe. É preciso ter cuidado com as abordagens feitas na rua por estranhos, ainda mais quando oferecem supostas vantagens. Desconfie sempre”, frisa Rodrigo.
Em outras variações, os estelionatários agem em quadrilha e envolvem a vítima ainda mais na trama. Enquanto o golpista que finge ter um bilhete premiado conversa com a vítima, outro oferece ajuda para resgatar a gratificação. O estelionatário com o bilhete aceita a proposta, porém, como garantia e para provar têm dinheiro, os demais devem fazer saques múltiplos. Já com o dinheiro em mãos, os golpistas se desfazem da vítima pedindo para que ela vá à lanchonete comparar água, por exemplo.
Mais uma vítima
M.M.O., 66 anos, de Belo Horizonte, engrossa a lista das pessoas que sofreram o golpe em Belo Horizonte. Ela teve cartões de banco e documentos pessoais, como carteira de identidade e CPF, roubados na ocasião. Para retirar o prêmio, M.M.O. deixou seus pertences com o golpista e entrou em um prédio do centro da capital. Dentro do edifício, não encontrou o local indicado e, quando retornou, o estelionatário não estava mais lá, tendo levado sua bolsa.
Assim como M.M.O., a maioria das vítimas do golpe do bilhete premiado são mulheres idosas. Ao perceberem o golpe, o delegado recomenda que as vítimas procurem imediatamente qualquer delegacia da Polícia Civil para fazer o registro de ocorrência. “É desejável trazer o máximo de informações possíveis para que a corporação inicie uma investigação”, enfatiza Rodrigo. O contato com Polícia Civil também pode ser feito pelo número 194.
Golpe da tampinha
Golpe da tampinha é aplicado nas ruas da capital – Foto: Reprodução
Outro crime popular e muito aplicado nas ruas centrais da capital é o golpe da tampinha. Neste caso, os criminosos colocam três pequenas tampinhas, geralmente fôrmas de empada, sobre uma mesa com uma bolinha. O jogo consiste em adivinhar debaixo de qual tampinha está a bolinha. Aparentemente, parece fácil vencer as apostas e é justamente essa sensação de ganhar dinheiro sem esforço que atrai as pessoas ao jogo.
As pessoas não percebem, mas, com muita habilidade manual, o golpista consegue esconder a bolinha entre os dedos e leva as vítimas a apostarem em um jogo em que não têm nenhuma chance de vencer. E assim como no bilhete premiado, uma quadrilha age para aumentar as chances de sucesso do golpe. Muitas vezes, para incentivar apostas cada vez maiores, falsos apostadores dizem às vítimas que já ganharam dinheiro com o jogo.
“Isso não é sequer considerado jogo de azar porque a pessoa não tem chances de ganhar. Foi feito para ela perder. É um jogo manipulado e induzido. Isso na verdade é um truque e é considerado estelionato. As pessoas devem desconfiar e não apostar”, salienta Rodrigo.
Graças à ação preventiva de policias a paisana que circulavam pelo Centro de BH, M.F.C., 40 anos, não se tornou em mais uma vítima deste golpe. Natural de Teófilo Otoni, M.F.C. apostava no jogo manipulado por dois estelionatários quando os policiais civis passaram pelo local e constataram a prática criminosa. Os golpistas foram presos em flagrante por estelionato e M.F.C. recuperou seu dinheiro. A pena prevista para o crime de estelionato é de um a cinco os anos de prisão. (Agência Minas)