O velório de uma jovem de 24 anos virou assunto na cidade de Conselheiro Lafaiete, na região Central de Minas Gerais, na quarta-feira (17/02). Isso porque familiares de Jéssica Bruna da Rocha teriam percebido sinais vitais nela, enquanto se despediam. O caso aconteceu 15 minutos antes do sepultamento.
O cunhado da dona de casa, Rafael Diniz Pinto, de 27 anos, contou que notou algumas anormalidades no velório. “O sepultamento estava marcado para o fim da tarde de quarta. Faltando 15 minutos para fechar o caixão, a mãe dela começou a gritar que a filha estava viva. Cheguei perto do corpo e percebi que ela ainda estava mole e com a testa suada”, contou o jovem.
Ainda segundo ele, o irmão, companheiro da mulher, constatou que ela estava com a respiração fraca e chegou abrir os olhos. “Tiramos algumas pessoas de perto do caixão para que ela não ficasse abafada. Ficamos com esperança e muitos amigos começaram a rezar e agradecer”, disse o homem.
A suspeita de que ela estaria viva fez com que familiares acionassem o Corpo de Bombeiros. “Nós recebemos uma chamada dizendo que ela teria se mexido e teria sinais vitais. Isso foi ontem por volta das 17h20, Rua Monsenhor Horta, 71, no bairro Queluz. No local, verificamos que ela estava em óbito e que não apresenta nenhum sinal vital. Ela tinha rigidez cadavérica e pele arroxeada”, detalhou o capitão Ronaldo Rosa Lima da 2ª Companhia da corporação.
Como a família se recusou a realizar o enterro no horário marcado, o corpo de Jéssica foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) da cidade. “Nós colhemos material genético – sangue e fragmentos de vísceras – e foi mandado para Belo Horizonte para a realização do exame que vai confirmar a causa da morte”, explicou a médica legista, Eliane de Oliveira. O resultado do exame pode levar 30 dias para ficar pronto.
A vítima, que deixou um filho de 8 anos, foi enterrada no início da tarde desta quinta-feira (18), no cemitério Nossa Senhora da Conceição. Segundo Rafael, o marido de Jéssica, que não teve condições emocionais de conversar com a reportagem, está revoltado.
“Nós acreditamos que minha cunhada realmente estava viva. Não sei se houve algum tipo de erro quando o médico afirmou que ela havia morrido no hospital. Meu irmão ainda não sabe se vai acionar a Justiça e cobrar explicações da unidade de atendimento”, finalizou o vigilante.
Jéssica deixou um filho de 8 anos – Foto: Arquivo da família
Causa da morte seria tromboembolismo pulmonar
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Conselheiro Lafaiete informou que Jéssica estava em tratamento domiciliar para curar uma infecção urinária. Na última terça-feira (16), ela deu entrada na Policlínica com dificuldade para respirar, tosse e mal-estar. A dona de casa passou por nebulização e recebeu medicamento na veia.
Ao ser avaliada novamente por outro médico, foi constatada uma piora no exame Leucostose, onde houve aumento na taxa sanguínea de leucócitos acima do limite superior da normalidade. O remédio precisou ser trocado.
Já nessa quarta, ao ser reavaliada, o médico levantou a suspeita de tromboembolismo pulmonar e recomendou que a jovem ficasse em repouso. No entanto, ainda conforme o comunicado, Jéssica levantou do leito com a ajuda do marido e foi tomar banho.
Já no banheiro, ela sofreu uma parada cardiorrespiratória. Quatro médicos fizeram manobras de ressuscitação cardiopulmonar com compressão cardíaca, intubação e medicamentos. Porém, o óbito da paciente foi confirmado às 11h30.
Foi atestado como causa da morte tromboembolismo pulmonar que desencadeou uma parada cardiorrespiratória.
Repercussão
Nesta quinta, após o enterro, moradores tinham opiniões diferentes do caso.
“Todo mundo comentou isto daí. Eu estava lá, mas acho que foi movimento normal que o corpo faz, quando tem pouco tempo que a pessoa morreu”, comentou um conhecido da família, que não quis se identificar.
Já um vizinho da jovem, que também pediu anonimato, disse que houve um princípio de tumulto quando foi levantada a possibilidade da dona de casa não ter morrido.
“Algumas pessoas ficaram assustadas e se afastaram do local do velório. Quem estava mais perto do caixão garante que ela mexeu até uma das mãos. Acho que estava viva sim”, disse o homem de 25 anos.
(Fonte: O Tempo / Repórteres: Carolina Caetano e Fernanda Viegas)