O café produzido na fazenda do senhor João Carlos Pieroni, em Itamoji, na região Sudoeste de Minas Gerais, tem um diferencial. Isso porque, em sua propriedade, o fruto é produzido com a ajuda de um sistema de reaproveitamento da água no processamento de café descascado.
Após a remoção de parte dos resíduos, a água pode ser reutilizada em novos processos de lavagem e descascamento do café e na irrigação de lavouras, permitindo uma economia de água superior a 50%.
“A água com nutrientes, somada à adubação orgânica, melhora a fertilidade do solo e aumenta a produtividade”, explica o produtor, que colhe anualmente quatro mil sacas de café beneficiadas.
A alternativa sustentável para o reaproveitamento da água foi desenvolvida pelo pesquisador da Embrapa Café/Epamig, Sammy Soares, em parceria com outros pesquisadores da Epamig, Embrapa Café e Incaper – Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural.
Chamado de Sistema de Limpeza de Águas Residuárias (SLAR), a alternativa viabiliza o aproveitamento da água do processamento do café no processo de adubação orgânica das lavouras e outras culturas. Assim, há menor risco de contaminação ambiental e redução dos custos do produtor com a adubação. A prática também melhora as condições do solo e devolve a ele parte dos nutrientes utilizados pelas plantas de café.
Para o cafeicultor Eric Abreu, o reuso da água no descascamento do café produzido na Fazenda Parreiral, em Três Pontas, representa uma economia de 50% do recurso. “Implantei há mais de três anos o sistema de baixo custo para filtragem, decantação e bombeamento da água reutilizada no processo de descascamento. Hoje, uso 60% de água reaproveitada e 40% de água limpa na produção do meu café, que vendo para o mercado interno e externo”, conta.
Após a remoção de parte dos resíduos, a água pode ser reutilizada em novos processos de lavagem e descascamento do café – Foto: Divulgação / Epamig / Agência Minas
Praticidade
Por ser de baixo custo, o sistema pode ser construído pelo próprio cafeicultor, pois são utilizadas caixas e peneiras que possibilitam o reaproveitamento da água utilizada na lavagem dos grãos. “Essa água residuária pode ser reaproveitada na nutrição de variadas espécies agrícolas”, afirma o pesquisador.
Cafeicultura no Estado
Mais de 50% do café produzido no Brasil vem de Minas Gerais, segundo levantamento da Secretaria de Estado de Agricultura em dezembro de 2015. A produção nacional de café em 2015 foi de 43,2 milhões de sacas de 60 kg, com produtividade de 22,5 sacas por hectare, em uma área de produção de 1,9 milhão de hectares. Os dados têm como base o quarto levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab.
Clique aqui e veja como construir o Sistema de Limpeza de Águas Residuárias (SLAR).
Confira vídeo com demonstração do funcionamento sistema
(Agência Minas)