Pesquisadores da Funed desenvolvem gel e enxaguante bucal à base de própolis verde

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Pesquisadores da Fundação Ezequiel Dias (Funed) criaram um gel e um enxaguante bucal à base de própolis verde para o tratamento e prevenção de doenças e infecções na boca. O produto é recomendado para pacientes que realizam tratamento oncológico, principalmente àqueles submetidos a radioterapias, que estão mais expostos a inflamações na boca. Pacientes portadores de HIV e idosos que utilizam dentadura também serão beneficiados com o medicamento.

Típica de Minas Gerais, a própolis verde é fabricada pelas abelhas que coletam resina do alecrim do campo. “Hoje, o estado exporta o produto como matéria bruta, pois ela é comercializada como alimento. Nossa ideia foi agregar valor, já que a própolis verde tem propriedade antitumoral, antiviral, antibacteriana e antifúngica”, explica a bióloga da Funed e coordenadora da pesquisa, Esther Bastos.

A pesquisadora exemplifica algumas aplicações dos produtos. “Devido à baixa imunidade, pacientes oncológicos podem desenvolver muitas mucosites e candidíase oral, uma infecção causada por fungos. Quem utiliza dentadura também, pelo próprio uso ou má higienização, que altera o pH natural da boca”, cita. Estima-se que, no Brasil, aproximadamente 660 mil pessoas sejam acometidas por tais patologias.

O médico oncologista e professor da UFMG, André Murad, explica que existem quimioterápicos que causam mucosites de forma acentuada, principalmente quando há associação com a radioterapia. “Nestes casos, o paciente sofre muito, pois sente dor e não consegue se alimentar. Temos hoje a tecnologia do laser para tratamento, mas será muito interessante ter um produto acessível para tratar e, principalmente, para prevenir”, afirma.

Ao contrário dos produtos existentes no mercado, o enxaguatório bucal produzido pela Funed não contém Clorexedina, um antibiótico muito forte que tem como efeito colateral o amarelamento dos dentes e funciona principalmente na prevenção de processos inflamatórios em pessoas que fazem implantes dentários. “Para evitar rejeição, o paciente precisa utilizar, durante 14 dias antes do implante, um enxaguante bucal que contém a Clorexedina. Nosso produto tem a mesma ação, mas é natural e não amarela os dentes”, afirma Esther.

O objetivo é que os produtos sejam disponibilizados para o SUS – Foto: Divulgação / Funed

Comercialização

Os produtos, que passaram pela fase de testes in vitro (em laboratório) e clínicos (em humanos), já estão patenteados e possuem menor custo de produção que os encontrados hoje em mercado. O objetivo é que sejam disponibilizados para o Sistema Único de Saúde (SUS). “Estamos em fase de abertura de edital público para buscar um parceiro que tenha fábrica certificada pela ANVISA para produzir o medicamento. Assim, poderá ser feito o registro e o produto chega ao mercado”, explica a pesquisadora.

Diferenciais

Além da ausência de efeitos colaterais como o amarelamento dos dentes, o gel e o enxaguatório bucal de própolis verde previnem as mucosites, já que a própolis verde não somente inibe a ação dos micro-organismos, mas os elimina. Eles também são feitos com extrato glicólico, substância própria para produção de medicamentos. “Os outros produtos utilizam extrato alcóolico, que irrita muito a mucosa do paciente”, afirma a bióloga da Funed e coordenadora da pesquisa, Esther Bastos. (Agência Minas)

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