Das mãos de presos de cinco unidades prisionais da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) passarão a sair, nos próximos dias, todas as peças que compõem o vestuário da população carcerária de responsabilidade da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi): calças, bermudas, camisas e chinelos. O material é produzido em oficinas instaladas dentro dos estabelecimentos prisionais, assegurando sustentabilidade, profissionalização e humanização no cumprimento da pena.
A maior produção em número de peças ocorre atualmente na Penitenciária Dênio Moreira, de Ipaba, no Vale do Aço. São quase 7 mil bermudas e calças por mês, ocupando 15 detentos. Um caminhão baú da penitenciária faz o transporte das roupas, recolhendo também a produção das penitenciárias de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, e de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri.
O preso Marcos Casagrande é quem coordena a confecção da Dênio Moreira. Ele começou na seção de corte e costura em 2012. Reconhecido pelo interesse e pela produtividade, tornou-se referência no ambiente de trabalho.
Presos produzem calças, bermudas, camisas e chinelos – Foto: Carlos Alberto/Imprensa MG
“Eu me apaixonei pelo processo de confecção. Penso o tempo todo em máquinas, tecidos e cortes. Meu sonho é montar uma pequena fábrica industrial quando terminar de cumprir minha pena. Quem sabe um dia ainda faço uma parceria com o Sistema Prisional”, planeja Casagrande.
A Penitenciária de Governador Valadares abastece a Suapi com 3 mil bermudas mensalmente. Já na alfaiataria da Penitenciária de Teófilo Otoni, 40 detentos costuram seis mil calças por mês.
A produção de chinelos começou no dia 21 deste mês no Presídio Feminino de Eugenópolis e na Penitenciária Doutor Manoel Martins Lisboa Junior, em Muriaé, na Zona da Mata. Três presas e seis detentos trabalham para atender a demanda projetada de 3 mil pares por mês.
As camisas começarão a ser fabricadas no início de outubro. A um ritmo de 16,5 mil peças mensais, serão costuradas na Penitenciária de Formiga (8 mil), no Oeste de Minas, e no Presídio de Itajubá, no Sul (8,5 mil).
O auxiliar de serviços administrativos Vicente Silva, responsável pela alfaiataria de Teófilo Otoni há mais de dez anos, já exercia a profissão de alfaiate antes de integrar o quadro funcional da Seds. Ele revela que a penitenciária foi pioneira na produção de uniformes para o sistema prisional à época. “Iniciamos o projeto piloto com 500 metros de tecido. Hoje utilizamos mais de 85 mil metros ao ano”, conta.
A profissionalização e a abertura de oportunidades de trabalho é um processo contínuo que segue a rotina de entrada e saída de detentos. Evandro Gonzaga, de 25 anos, está aprendendo o ofício de alfaiate na Penitenciária de Teófilo Otoni. Pelo trabalho, ele recebe remição de pena – a cada três dias trabalhados, um a menos de reclusão a cumprir de – e utiliza o pagamento que recebe para auxiliar a família.
“O projeto me possibilitou novos sonhos e conquistas. Quando terminar de pagar a pena, vou ajudar minha família. Se Deus permitir, pretendo abrir um negócio de corte e costura”, planeja Evandro.
(Fonte: Agência Minas)