A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) vai debater, em audiência pública, na próxima quarta-feira (9/9/15), às 9 horas, no Auditório, a ocorrência de agressões a jornalistas no exercício da profissão. Entre outros, serão abordados o caso do repórter fotográfico Beto Novaes, do jornal Estado de Minas, agredido durante manifestação em abril deste ano, em Belo Horizonte, e o assassinato do jornalista Rodrigo Neto, em Ipatinga (Vale do Aço), em 2013. O objetivo é discutir medidas de segurança que possam evitar novas ocorrências.
“Recebemos relatos de ameaças e de agressões físicas a jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas, principalmente os que estão trabalhando na cobertura de protestos. E essas agressões vêm tanto de policiais quanto de manifestantes. É uma situação preocupante, que coloca em risco a liberdade de imprensa em nosso País. Precisamos adotar medidas que garantam a segurança desses profissionais no exercício de suas funções”, afirma o presidente da comissão e autor do requerimento para realização da audiência, deputado Cristiano Silveira (PT).
A realização da audiência atende a pedido do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais. Em abril, o repórter fotográfico Beto Novaes foi agredido na Praça da Liberdade, Zona Sul de Belo Horizonte, por um grupo de manifestantes contrários ao Governo Dilma. Devido à grande semelhança física do jornalista com o ex-presidente Lula, Beto foi agredido com chutes e xingamentos por manifestantes.
Na ocasião, o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Kerison Lopes, considerou o episódio “o ápice da irracionalidade”. “Beto foi agredido única e exclusivamente pelo fato de se parecer com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, afirmou.
Na época, em nota conjunta, o Sindicato e a Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos de Minas Gerais (Arfoc) denunciaram ainda que outros profissionais de imprensa foram hostilizados na mesma manifestação, sem, no entanto, terem sido alvo de agressões físicas, como ocorreu com Beto.
Além de solicitar a audiência pública à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, o sindicato também pediu a abertura de investigação por parte da Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público Estadual.
Impunidade mata
Durante a reunião, será lançado o minidocumentário “Impunidade mata”, que conta a história do jornalista investigativo Rodrigo Neto. Ele foi assassinado com três tiros, em 2013, em Ipatinga, quando apurava denúncias de crimes envolvendo policiais da região.
Por ocasião do crime, profissionais da imprensa da região se uniram e criaram o Comitê Rodrigo Neto, para cobrar rigor na apuração do caso. O filme foi produzido pela Artigo 19, organização não governamental (ONG) que atua em defesa da liberdade de imprensa.
(Fonte: ALMG)