Produtores investem em sistema alternativo e cultivam ‘morangos suspensos’

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Modelo sem contato direto com o solo pode reduzir em até 50% o uso de defensivos. Minas Gerais é o maior produtor do país.

Produtores de morango do Sul de Minas estão optando por um sistema alternativo para o cultivo de morangos, conhecido como semi-hidropônico ou “morangos suspensos”. A técnica de plantar morangos sem o contato direto com o solo traz benefícios, como a redução do uso de defensivos e uma incidência menor de doenças e pragas.

A maior parte dos produtores de morango utiliza o sistema tradicional, ou seja, o morango plantado no chão, em túneis baixos e desprotegidos. Essa técnica expõe mais a fruta ao ataque de pragas e doenças. “A maior parte das doenças do morango pode vir do contato com o solo”, explica o coordenador de Fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio.

Já o sistema de morangos suspensos protege melhor a planta. Nessa técnica, o produtor consegue controlar melhor a temperatura e a umidade do ambiente, evitando doenças fitossanitárias. A incidência de pragas e doenças é menor, pois a plantação está protegida e longe do solo. Com isso, utiliza-se menos defensivos na lavoura. “A redução pode ser de até 50%. Isso é bom para o produtor, que se expõe menos a esses produtos”, diz Sanábio.

Outro ponto positivo é que o manejo da lavoura é feito em pé e não agachado, como no sistema tradicional. Segundo Deny Sanábio, o tempo de colheita também aumenta e possibilita ao produtor antecipar essa etapa e disponibilizar o seu produto com antecedência no mercado. De acordo ainda com o coordenador, a produtividade por área da lavoura com os morangos suspensos pode ser de até 30% a mais em relação ao modelo tradicional.

No método de cultivar morangos fora do solo, a lavoura fica dentro de uma estufa, que protege as plantas das ações climáticas. Nesse local são montadas diversas bancadas. Em cima delas é colocado o mulching, que é um plástico com furos apropriado para esse tipo de plantio. Um substrato composto é colocado dentro desse plástico. É também no mulching que são instalados os sistemas de irrigação por gotejamento e de fertirrigação (nutrientes dissolvidos na água).

Depois, é feito o plantio das mudas de acordo com as aberturas no plástico. “Esse sistema é uma boa alternativa. O morango produzido deve ser comercializado de forma diferenciada, criando um marketing de qualidade do produto e, por isso, deve ser mais valorizado. Porém, o custo inicial de investimento é alto”, diz Deny Sanábio.

Altair Pereira, produtor do município de Bom Repouso, Sul de Minas, produz morangos no modelo semi-hidropônico. A lavoura de morangos suspensos possui 50 mil plantas e, por ano, produz 50 mil quilos. Segundo Altair, o custo inicial de investimento para produzir morangos suspensos é cinco vezes maior do que na técnica convencional. Apesar disso, ele diz que é uma boa alternativa.

“Economiza-se muito com mão de obra, cerca de 50%. Também gastamos menos com produtos. Para o controle de doenças e pragas, utilizamos apenas produtos orgânicos e biológicos. Além disso, os morangos são mais uniformes e mais resistentes”, diz Altair Pereira.

O sistema de morangos suspensos protege a planta – Foto: Tiago Crispim / Agência Minas

Produção mineira

Minas Gerais é o maior produtor de morangos do país, seguido por Paraná e Rio Grande do Sul. Em 2014, o estado produziu 72,7 mil toneladas numa área plantada de 1,79 mil hectares. Para 2015, a estimativa é uma produção de 81,9 mil toneladas em 1,8 mil hectares plantados. A região Sul é a maior produtora de morango, com uma produção estimada para este ano de 64 mil toneladas, numa área de 1,4 mil hectares. (Agência Minas)

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