Projeto promove a cultura da linguagem dos sinos por meio de plataformas multimídia e aplicativos de celular. O lançamento oficial acontece no dia 02 de maio.
Utilizar novas tecnologias para transformar o olhar das pessoas sobre o patrimônio imaterial de Minas Gerais. Esse é o objetivo do Som dos Sinos, projeto que busca mudar a forma com que moradores e visitantes se relacionam com o toque dos sinos e o ofício do sineiro, bens culturais registrados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Na tradição destas cidades, o repertório dos sinos é uma forma de comunicação. Há mais de 40 tipos de toques de sinos e, de acordo com a quantidade e ritmo das badaladas, os moradores sabem o que acontece na cidade, dos horários de missa e trabalho a procissões e anúncios de mortes. Nos dias atuais, a linguagem dos sinos tem sido substituída pelos meios de comunicação contemporâneos, mas ainda se mantém em diversas cidades do interior mineiro, emocionando os moradores e encantando os turistas.
É para difundir essa cultura que as documentaristas Marcia Mansur e Marina Thomé idealizaram o projeto, há quase dois anos. “Acreditamos que a combinação entre memória e novas mídias, a partir de um projeto interativo, possibilita um rico diálogo entre as tradições culturais e as novas gerações”, conta Marina. Para alcançar o objetivo, elas usam diferentes plataformas digitais.
O lançamento oficial acontece no dia 02 de maio, quando o projeto percorre 9 cidades mineiras com projeções sobre a cultura do toque dos sinos. A partir dessa data, moradores, viajantes, internautas e curiosos de todos os tipos poderão experimentar esse e outros tantos produtos, dentro e fora do mundo virtual.
4 em 1
Som dos Sinos é um projeto multiplataforma, que utiliza diferentes tipos de mídias e interfaces. A proposta mais inovadora é o lançamento de um aplicativo para celular que funciona como um áudioguia a céu aberto no qual o usuário pode escutar diversos toques de sinos com GPS de localização para igrejas em 9 cidades de Minas Gerais. O aplicativo já está disponível para download gratuito na APP Store e, até meados de maio, também na Google Play.
Outro produto será o site com recursos de narrativa multimídia. Entre as sessões está “Sons”, uma onda sonora que reúne mais de 100 áudios com toques de sinos e depoimentos da comunidade para que o usuário possa conhecer um pouco mais sobre esse universo. Já a sessão “VideoCartas” funciona de maneira interativa: o usuário escolhe uma sequência de vídeos e uma trilha sonora. As opções serão processadas, junto a uma história que ele mesmo contará em forma de texto. Ao fim, o site gera um vídeo de 30 segundos que pode ser compartilhado pelo internauta. A sessão mais singular da plataforma é a “Micro Histórias”, e será inaugurada no final de maio. “Estamos montando um webdocumentário, uma espécie de documentário não linear. O internauta define a sequência da história a cada clique”, explica Marina.
O projeto também sai do online e propõe outras formas de experimentar o conteúdo. Para isso foram produzidos 9 vídeos a serem exibidos em projeções itinerantes por 9 cidades de Minas Gerais que ainda mantém o toque dos sinos. Cada vídeo conta a história do local onde é exibido, com depoimentos de moradores e sineiros. “A ideia é valorizar não só a cultura da linguagem dos sinos, mas também a figura do sineiro, que muitas vezes não é reconhecido. A proposta é deslocar o universo da torre para a cidade, apresentando estas imagens às pessoas que apenas ouvem os sons e desconhecem os campanários”, conta Marcia. As projeções serão realizadas a partir do dia 02 de maio nas paredes externas de igrejas. A última parte do projeto consiste na produção de um documentário de longa-metragem. A ideia é que este material percorra festivais do gênero e seja exibido em salas de cinema e na televisão.
Cenário
Apesar de ser nomeado como imaterial, esse patrimônio é palpável e está vivo na memória e nos relatos de diversas pessoas. A tecnologia foi a forma encontrada pelas documentaristas para tratar da materialidade desses bens. “O nosso interesse é pensar em produtos que possam gerar a valorização desse patrimônio e maior acesso a esses bens, tanto pelos moradores quanto pelos turistas”, explica Marcia.
Segundo a Diretora do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan, Célia Maria Corsino, o projeto inova ao propor a inclusão de novas mídias que permitam ao visitante ter acesso aos diversos sons dos sinos, mesmo que eles não estejam tocando. “Ou seja permite a permanência do bem cultural para alem de seu tempo de execução”, completa. A expectativa é que o Som dos Sinos se torne uma referência para projetos na área cultural.
O projeto tem o patrocínio de Eletrobrás e Furnas, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet/ Ministério da Cultura).
Projeções Som dos Sinos
02/05 – Tiradentes
04/05 – São João Del-Rei
05/05 – Congonhas
07/05 – Ouro Preto
08/05 – Mariana
09/05 – Catas Altas
12/05 – Serro (Milho Verde)
14/05 – Diamantina
16/05 – Sabará
(Juliana Afonso / Ascom Projeto Som dos Sinos)