Crocodilo terrestre de 90 milhões de anos é exposto pela primeira vez em Minas Gerais

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Fóssil foi reconstituído e apresentado nesta sexta-feira no Complexo Cultural e Científico de Peirópolis da Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Pela primeira vez, o Crocodilo de Campina Verde, ou Campinasuchus diniz, seu nome científico, foi apresentado desde que foi descoberto em 2009. Sua reconstituição veio a público nesta sexta-feira (17) no Complexo Cultural e Científico de Peirópolis da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (CCCP/UFTM).

Espécie tinha cauda mais curta e pernas maiores, sinal de que vivia na terra – Foto: Luís Adolfo / Universidade Federal do Triângulo Minero

Os primeiros fósseis dessa espécie foram descobertos por acaso em 2009, pelo dono da fazenda Três Antas, em Campina Verde, no Triângulo Mineiro. As escavações na região continuaram até outubro de 2014. No local, centenas de fósseis desta espécie, até então, desconhecida pela ciência, foram encontrados.

Segundo o geólogo Luiz Carlos Borges Ribeiro, a quantidade, grau de preservação e o número de fósseis encontrados na região são impressionantes. Alguns exemplares traziam esqueletos quase completos, contendo crânio, vértebras, patas e cauda. “A cada nova escavação no Sítio Três Antas novos espécimes são trazidos à luz da ciência numa explosão de descobertas. Além de Campinasuchus há a possibilidade de outra espécie, única no mundo, descoberta em julho de 2014. São atribuídos também a este sítio paleontológico, excepcionais exemplares de peixes, fósseis de dinossauros e ovos de crocodilomorfos”, disse o geólogo.

Crocodilo da terra

Medindo 1,8 metros de comprimento, o Campinasuchus dinizi foi o crocodilo de menor tamanho entre seus parentes brasileiros conhecidos. A espécie habitava a região durante o período Cretáceo Superior, há cerca de 90 milhões de anos. Diferente dos jacarés e crocodilos atuais que sempre estão próximos aos rios e lagos, o Crocodilo de Campina Verde vivia essencialmente em terra firme. Ele possuía patas longas e retas e cauda cilíndrica curta, inadequada para nadar. Além disso, a espécie tinha poucas placas ósseas compondo a couraça, o que o tornava leve e ágil.

Outro aspecto interessante sobre a espécie está relacionado à posição dos olhos e narinas. Jacarés possuem narinas e olhos no topo do crânio para respirarem e observarem o ambiente enquanto estão dentro da água. Já os olhos do Campinasuchus dinizi eram posicionados nas laterais do crânio e as narinas voltadas para frente, tais aspectos reforçam a teoria de que a espécie tinha um estilo de vida terrestre. Os dentes serrilhados e afiados são muito semelhantes aos de dinossauros carnívoros e por isso acredita-se que o animal era um predador voraz.

“Esta é a primeira vez que os fósseis originais do Campinasuchus estão expostos ao público. Além de materiais cranianos muito didáticos, ainda estarão em mostra pública no Complexo Cultural e Científico de Peirópolis uma réplica do esqueleto e uma reconstrução de como era o animal em vida com um nível de detalhe fantástico, muito semelhante ao que deveria ter sido este animal que viveu na região do Triângulo Mineiro há cerca de 90 milhões de anos”, acrescentou o geólogo.

O trabalho de elaboração das ilustrações e esculturas das espécies descobertas é feito pelo paleoartista Rodolfo Nogueira – Foto: Luís Adolfo / Universidade Federal do Triângulo Minero

Pesquisadores mostram fósseis – Foto: Luís Adolfo / Universidade Federal do Triângulo Minero

(Fonte: UFTM / O Tempo)

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