Conhecido como Dom Marcos de Santa Helena, religioso de 74 anos foi alvo da Operação Silêncio dos Inocentes. A prisão foi possível depois da publicação do livro de um empresário de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, relatando os abusos.
A Polícia Civil prendeu, na manhã desta terça-feira (9), o ex-padre João Marcos Porto Maciel, 74 anos, em Caçapava do Sul, na Região Central. Ele deverá ficar detido temporariamente durante 30 dias por ser alvo da Operação Silêncio dos Inocentes, que visa a investigar suspeitas de abusos sexuais de crianças e adolescentes.
Ex-padre foi preso em Caçapava do Sul na manhã desta terça-feira – Foto: Ronaldo Bernardi
Conhecido pelo nome de Dom Marcos de Santa Helena, ele teria praticado, segundo investigações policiais, violência sexual contra dois garotos de 11 e 12 anos — um morou sob a guarda dele e outro frequentava abadia na zona rural da cidade, onde são oferecidas gratuitamente aulas de música a jovens carentes desde 1997 e celebrações religiosas à comunidade.
No local, a polícia fez buscas e apreendeu 10 computadores e DVDs, além de um revólver calibre 38 e uma espingarda calibre 12.
No Vale do Jequitinhonha
O estopim para a abertura da investigação que levou à prisão de dom Marcos de Santa Helena, nesta terça-feira, em Caçapava do Sul, foi a publicação, em março, do livro Sem Medo de Falar – Relato de Uma Vítima de Pedofilia, do empresário mineiro Marcelo Ribeiro, 48 anos.
Empresário Marcelo Ribeiro escreveu livro relatando os abusos – Foto: Reprodução
O autor foi vítima dos crimes quando tinha entre 12 e 16 anos. Na época, Ribeiro era coroinha da igreja de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, e o então padre era maestro do coral.
Os abusos eram esporádicos, mas passaram a ser diários quando os dois se mudaram com o coral para Novo Hamburgo, região metropolitana de Porto Alegre (RS). Ribeiro confiava no padre e foi sendo assediado aos poucos, com beijos, até chegar ao sexo.
Expulsão
Excomungado da Igreja Católica por apostasia (afastar-se da doutrina), em 2009, e expulso da Igreja Anglicana, em 2011, pelo que foi chamada pelo seu superior de alta traição e atitudes sorrateiras, Dom Marcos se apresenta como arcebispo da “Igreja Veterodoxa”.
Dirige a abadia conhecida como mosteiro de Santa Cecília, onde também moram, há mais de 20 anos, dois jovens monges, igualmente excomungados por seguirem os passos de Dom Marcos.
Em nenhuma das igrejas haveria queixas de pedofilia contra o religioso. Os dois monges devem prestar depoimento à polícia com apoio de psicólogos da prefeitura de Caçapava.
(Fonte: Jornal Zero Hora)