O curso não tem data para acabar e deve durar até que as presas atinjam um alto nível de habilidade na atividade
No presídio de Almenara, no Vale do Jequitinhonha, a diferença entre os tipos de pontos de bordado já não é mais segredo para seis presas da unidade. Ponto matias, ponto cheio, ponto atrás e ponto de areia são definições conhecidas das detentas que desde o início do mês de novembro realizam, três vezes por semana, oficinas de bordado com a artesã Adelícia Amorim.
A ideia é que as detentas possam desenvolver essa atividade quando forem egressas – Foto: Divulgação
O diretor da unidade, Vinicios Koch Torres, explica que o curso não tem data para acabar e deve durar até que as presas atinjam um alto nível de habilidade no bordado. “A ideia é que elas possam desenvolver essa atividade quando forem egressas. Já temos alguns exemplos bem sucedidos de pessoas que deixaram a unidade e começaram a trabalhar com bordado fora daqui”, explica.
As oficinas de capacitação acontecem sempre as segundas, terças e quartas e contam também com o apoio da Pastoral Carcerária e do Conselho Penal. “A artesã que é nossa parceira, a Adelícia, é reconhecida nacionalmente pelo talento que tem com o bordado e faz questão de dividir isso conosco. É uma atividade muito importante, porque a gente percebe o interesse das presas quando anunciamos que vamos ter oficinas. A Adelícia colabora conosco há anos, desde antes de a antiga cadeia ser elevada a presídio”, ressaltou o diretor Vinicios.
Adelícia Amorim, responsável pela aula com as presas, é natural de Almenara e aprendeu o ofício, sozinha, aos 11 anos de idade. Ela tem 80 anos e um vasto trabalho de exposição de bordados, inclusive em Belo Horizonte. O trabalho dela ficou conhecido por cores alegres, fortes e desenhos de flores.
“Estou maravilhada com o pessoal daqui. É muito importante dar a essas mulheres uma nova oportunidade. Uma egressa da outra turma que eu ensinei, saiu e está trabalhando e ganhando seu dinheiro. Fiquei muito feliz com isso. O bordado, além de ser um trabalho, é uma terapia para mim e espero que seja para elas também”, diz a artesã.
Durante as primeiras aulas das oficinas, as presas estão aprendendo a bordar caminhos de mesa. Josiene Faria Coelho, 25 anos, não sabia fazer bordado, mas disse que sempre teve curiosidade. “O curso é muito bom, além de a gente aprender também areja as nossas ideias. Estou gostando muito, espero continuar lá fora”, conta.
De acordo com a direção do presídio, o objetivo é que o curso também seja ofertado para os detentos da unidade, em breve. Segundo o diretor-adjunto do presídio, Oziel Amorim, a atividade além de promover profissionalização, vem proporcionando mudanças de comportamento e incentivando a reintegração social.
A ideia é que as detentas possam desenvolver essa atividade quando forem egressas – Foto: Divulgação
Trabalhando a cidadania
Outras atividades também são ofertadas no Presídio de Almenara para os detentos, como a horta em que oito presos trabalham plantando e cuidando de hortaliças, verduras e legumes. Todos os produtos colhidos são doados para creches, asilos, escolas e hospitais da cidade. Dentro do presídio também funciona uma pequena fábrica de blocos de concretos artesanais. O material utilizado na produção é doado pelo conselho penal e instituições da região.
Uma oficina de pintura está sendo realizada na unidade. Cerca de 20 presos participam da ação, que acontece em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) da cidade. As aulas são ministradas pela instrutora Isa Mercia do Senar. Outros dois presos da unidade trabalham na lavandeira e cuidam da roupa de todo o presídio.
A escola da unidade está na fase final da construção a e previsão é de que seja inaugurada no próximo ano. Todos os presos da unidade que trabalham ou estudam, têm direito a remição de pena. A cada três dias trabalhados ou a cada 12 horas estudadas um a menos no cumprimento da sentença.
A ideia é que as detentas possam desenvolver essa atividade quando forem egressas – Foto: Divulgação
A ideia é que as detentas possam desenvolver essa atividade quando forem egressas – Foto: Divulgação
(Agência Minas)