Há dois meses os 830 servidores municipais estão sem receber. Crise financeira enfrentada pela prefeitura já provocou o fechamento parcial do único hospital da cidade.
Dois meses trabalhando sem receber. Essa é a situação dos servidores municipais de Medina, no Vale do Jequitinhonha, que na manhã desta segunda-feira, 3 de novembro, foram às ruas protestarem contra o atraso no pagamento de salários. O manifesto foi realizado em frente da Prefeitura e da Câmara Municipal da cidade.
Com faixas e cartazes o grupo de cerca de 300 pessoas, chamou a atenção dos moradores para mostrar toda a indignação com a falta de compromisso da administração municipal com a categoria.
De acordo com os manifestantes há dois meses os salários estão atrasados. “É desesperador ver nossas contas vencerem e não termos dinheiro para comprar nem alimento”, reclamou uma funcionária.
Ela disse que a categoria vai tentar mais uma vez conversar com a prefeito, na esperança de que resolva a situação, porque os servidores já não aguentam mais tanto descaso.
No vermelho
A crise financeira enfrentada pela prefeitura já provocou o fechamento parcial do único hospital da cidade que atende não somente a população do lugar, mas também as cidades vizinhas.
O repasse de R$ 40 mil é feito pela prefeitura e com os atrasos, o hospital não teve como pagar os salários dos médicos. Atualmente o hospital atende apenas casos de urgência.
Segundo o vereador Sérgio Silva Pereira (PROS), a crise se agravou porque o orçamento anual da prefeitura foi mal elaborado. “A folha de pagamento de funcionários estourou e se transformou numa bola neve”, disse o vereador.
A prefeitura tem 830 funcionários, sendo 350 contratados. A folha de pagamento gira em torno de R$ 1,2 milhão. O prefeito Robson Meleipe Machado (PRB) enviou para a Câmara um pedido de suplementação orçamentária no valor de R$ 5 milhões. “Só que a suplementação não era somente para pagar funcionários, mas também para cobrir outros atos do executivo, como obras que haviam sido feitas sem cobertura orçamentária, antes da licitação, o que é ilegal. Diante disso, a Câmara não aprovou o pedido”, informou o vereador.
O secretário municipal de Administração, Frank Lane Ribeiro Silva, disse que o pedido de suplementação foi feito há 4 meses. “Se a Câmara aprovar, pagaremos todos os salários em atraso”, disse ele.
A Câmara possui 9 vereadores e apenas dois apoiam o prefeito. No entanto, dos 21 projetos encaminhados pelo executivo este ano, apenas um foi rejeitado.
“Diante do impasse na votação do pedido de suplementação, a procuradoria jurídica municipal, entrou com mandado de segurança contra a Câmara que poderá ser julgado ainda nesta quarta-feira (5)”, acredita Frank Lanne.
O prefeito ainda não divulgou nota sobre o caso, mas o secretário municipal de Administração descarta demissões de servidores. De acordo com a prefeitura, os serviços essenciais como Saúde e coleta de lixo estão funcionando de forma precária.
(Gazeta de Araçuaí)