Priscila Freire doa ao Estado seu rico acervo que inclui cerâmicas do Jequitinhonha

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Em 55 anos de casamento com o médico hematologista Alberto Freire, a biblioteconomista Priscila não teve filhos.

Sem herdeiros naturais, escolheu a dedo quem ficaria com seu valioso patrimônio. Em um gesto de generosidade, acaba de tornar público todo o acervo reunido pelo casal em uma vida dedicada às artes.

Entre os itens da rica coleção estão quadros de Alberto da Veiga Guignard, Tarsila do Amaral e José Pancetti, além de cerâmicas do Vale do Jequitinhonha, gravuras, esculturas e tapeçarias de renomados artistas.

Eleita a legítima guardiã desse tesouro, a Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) vai transformar em memorial a chácara de 50?000 metros quadrados no bairro São Bernardo, na Região Norte, onde Priscila, viúva há pouco mais de um ano, vive e mantém suas peças.

(Priscila Freire e parte de sua coleção de cerâmicas do Vale do Jequitinhonha)

O espaço -? considerado uma reserva ecológica – deverá abrigar ainda um núcleo de pesquisa e criação artística da Escola Guignard, vinculada à Uemg.

A assinatura do convênio de doação das obras de arte e da chácara foi feita dia 17 de março. Priscila é agora a curadora de seu acervo. “Sei a origem e a história de cada obra”, diz ela.

Aos 80 anos, dona de uma vitalidade que impressiona, vai trabalhar na catalogação das peças. “Terei prazer em dedicar o tempo que a vida me der à organização do memorial para a visitação pública.”A primeira etapa será a identificação das 111 cerâmicas do Vale do Jequitinhonha, adquiridas há cerca de quinze anos das mãos da pesquisadora Silvia Rezende Costa, que reuniu raridades em dezenas de viagens à região. Há peças de escultores respeitados como Ulisses Pereira Chaves e Noemisa Batista dos Santos.

As principais atrações do memorial serão certamente as dezessete telas de Guignard. Duas delas foram dadas como presente ao casal pelo próprio artista, na década de 50. As demais foram compradas por Priscila, que é formada em biblioteconomia pela UFMG e se dedicou também à escrita e às artes cênicas. Foi atriz de teatro e é autora de três livros, um deles sobre o amigo modernista.

Entre 1993 e 2008, presidiu o Museu de Arte da Pampulha. “Em minha gestão, promovi exposições de Salvador Dalí e Pablo Picasso”, conta, orgulhosa.

O acervo foi recebido como um belo presente de aniversário pela Uemg e pela Escola Guignard, que celebram em 2014, respectivamente, 25 e setenta anos de fundação. (Veja BH)

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