Crise nas usinas de álcool e açucar aumenta desemprego no Vale do Jequitinhonha

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A crise que se abateu sobre diversas usinas de açúcar e álcool no país faz aumentar o desemprego no Vale do Jequitinhonha. No passado, anualmente, milhares de trabalhadores saíam da região para trabalhar no corte de cana em São Paulo. Nos últimos anos, a quantidade de pessoas enviadas para as usinas de álcool e açúcar diminuiu de maneira significativa. A consequência é que, hoje, grande parcela dos ex-cortadores de cana do Jequitinhonha está desempregada.

“O grande problema é que, além da falta de emprego, aqui chove muito pouco. Os agricultores familiares tentam produzir, mas não conseguem por causa da seca”, diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Araçuaí, Antonio das Graças Pires da Silva. Segundo ele, já chegaram a sair do Vale do Jequitinhonha, por ano, cerca de 30 mil trabalhadores para o trabalho no corte de cana nas usinas no interior de São Paulo, principalmente na região de Ribeirão Preto. Os homens costumavam ir nos meses de março e abril (início da safra). Deixavam para trás as mulheres, as “viúvas da seca”, mas, mesmo à distância, os cortadores de cana movimentavam a economia no vale, enviando remessas para garantir o sustento da família que ficou em casa.

“As próprias empresas que mandavam os ônibus para levar o pessoal. Mas, ultimamente, as firmas não enviam mais o transporte. Os trabalhadores que desejam ir para São Paulo precisam viajar por conta própria”, diz Antônio das Graças. “Já chegaram a sair 200 ônibus de trabalhadores da cidade em poucos dias”, lembra o presidente do sindicato. Segundo ele, com a redução da oferta de postos de trabalho nas usinas de açúcar e álcool, uma alternativa para os moradores do Vale do Jequitinhonha é procurar ocupação na construção civil em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro.

André Felipe e José Reinaldo: sem empego no corte de cana em São Paulo, ganham a vida trabalhando como mototaxistas em Araçuaí – Foto: Sérgio Vasconcelos

QUALIFICAÇÃO

Também aumentou a migração para as lavouras de café do Sul de Minas. No entanto, a falta de qualificação ainda é um obstáculo para muitas pessoas do meio rural, onde muitos estão vivendo exclusivamente dos benefícios do programa Bolsa-Família.

André Felipe Alves de Souza, de 25 anos, solteiro, morador de Araçuaí já viajou para o corte de cana na região de Ribeirão Preto por cinco vezes, na primeira delas com 18 anos. Hoje, com a redução da oferta, tenta ganhar a vida como mototaxista em Araçuaí. Outro ex-cortador de cana que tenta sobreviver como mototaxista em Araçuaí é José Reinaldo Marcelo Santana Júnior, de 26. Ele viajou para o corte de cana durante três anos e trabalhou em usinas no Paraná e em São Paulo. “Por mais que o trabalho fosse sofrido, dava para a gente ganhar alguma coisa”, diz José Reinaldo, que comprou a moto com o dinheiro que conseguiu juntar nas usinas. Ele disse que no transporte alternativo ganha entre R$ 400 e R$ 700 por mês. (Estado de Minas)

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