No fim da manhã desta sexta-feira (28), os advogados do goleiro Bruno Fernandes saíram do Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, com a contratação do atleta pelo Montes Claros Futebol Clube assinada para os próximos cinco anos.
(Contrato foi assinado na manhã desta sexta-feira (28) – Foto: André Fossati)
De acordo com o defensor Francisco Simim, Bruno se emocionou com a oportunidade de reassumir a sua carreira e agradeceu muito pelo esforço de seus advogados. O salário que o goleiro vai receber não foi divulgado.
Simim ainda contou que acredita que a Justiça permitirá que Bruno saia da prisão para jogar, porque essa prerrogativa já acontece para estudantes que saem escoltados da cadeia, mesmo em regime fechado.
Ficará faltando a liberação da Justiça para que ele seja transferido para o Norte de Minas e possa trabalhar. Bruno está preso pela participação no sequestro e na morte da ex-namorada Eliza Samudio, crimes pelos quais foi condenado a 22 anos e três meses de prisão.
A urgência na assinatura do contrato se deve ao prazo para inscrição de atletas na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para a disputa do Módulo II do Campeonato Mineiro, que termina nesta sexta-feira (28). A expectativa é que o nome de Bruno seja divulgado pelo Boletim Informativo Diário (BID) da confederação até o fim do dia. Assim, ele ficará aguardando a liberação da Justiça.
As informações foram confirmadas pelo presidente do Montes Claros, Ville Mocellin, nessa quinta-feira (27). “Queremos dar uma oportunidade para o homem Bruno”, afirmou, acrescentando que a possível chegada do atleta é uma oportunidade para ambas as partes. “Para ele, é uma chance de voltar a jogar. Para o clube, é um atleta para reforçar o time e uma forma de investirmos no lado social”.
A Justiça é quem determina se o ex-atleta poderá voltar a trabalhar e em que condições isso aconteceria. O juiz dirá, por exemplo, se Bruno poderá treinar em dois períodos, se poderá viajar com o clube, se terá que voltar à prisão para dormir, se vai participar das concentrações para os jogos e outras questões da rotina do clube. Se autorizada a transferência, o juiz informa a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), que encontra uma vaga para o ex-goleiro no Presídio Alvorada ou no Presídio Regional de Montes Claros.
Tentativas
A defesa de Bruno Fernandes fez, no fim de janeiro, dois pedidos de transferência ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG): para Montes Claros e para Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, onde ficaria em uma Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) e poderia jogar pelo Villa Nova.
O ex-atleta queria ir para Nova Lima com a alegação de que poderia ficar mais perto da mãe, que já é idosa e não tem condições de visitá-lo na penitenciária em Contagem, e também dos filhos. Os advogados de Bruno chegaram a alugar uma casa em Rio Acima para comprovar endereço do atleta na região.
No dia 4 de fevereiro, o pedido de transferência para Nova Lima foi negado pelo juiz da Vara Criminal da Infância e Juventude do município, Juares Morais de Azevedo. Um dos motivos foi uma briga de Bruno com dois detentos, ocorrida em abril de 2013. O ex-goleiro teria ameaçado de morte dois detentos que “olharam” para sua mulher, Ingrid Calheiros, durante uma visita. Ele ficou sem o direito a banho de sol por 30 dias, foi proibido de receber visitas, sair da cela e trabalhar. Além disso, ele foi condenado na justiça a perder 59 dias de remissão da pena.
(O Tempo)