Denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por uma série de crimes relacionados à tentativa de manutenção no poder, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou, por meio de sua defesa, estar estarrecido e indignado com a acusação apresentada na noite desta terça-feira (18).

Em nota assinada pelo advogado Paulo Cunha Bueno, Bolsonaro declara que “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse à desconstrução do Estado Democrático de Direito ou de suas instituições”.
Segundo a denúncia apresentada pela PGR ao Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro não apenas tinha conhecimento, mas também concordou com o planejamento e a execução de ações para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que o plano, intitulado “Punhal Verde Amarelo”, foi arquitetado e levado ao conhecimento do então presidente da República, que teria anuído, enquanto o Ministério da Defesa divulgava um relatório reconhecendo a inexistência de fraudes nas eleições.
Além de Bolsonaro, a denúncia envolve outras 33 pessoas sob acusações de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Entre os denunciados estão militares, como o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Braga Netto, e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
A PGR também destacou que outros planos foram encontrados em posse dos investigados, incluindo um documento que terminava com a frase: “Lula não sobe a rampa”.
Defesa contesta acusações
A defesa de Bolsonaro sustenta que não há qualquer elemento que vincule o ex-presidente à narrativa construída pela denúncia. “Não há nenhuma mensagem do então presidente da República que respalde a acusação, apesar da devassa realizada em seus telefones pessoais”, argumentou o advogado, classificando a denúncia como “inepta” por se basear “em uma única delação premiada, diversas vezes alterada”.
O advogado também questiona a credibilidade do delator, Mauro Cid, alegando que ele teria modificado sua versão “inúmeras vezes para construir uma narrativa fantasiosa”. Por fim, a defesa afirmou que Bolsonaro confia na Justiça e acredita que a denúncia “não prevalecerá devido à sua precariedade, incoerência e ausência de fatos verídicos”.