Vítima da tragédia de Brumadinho é identificada após seis anos

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A Polícia Civil de Minas Gerais confirmou nesta sexta-feira (7) que os segmentos corpóreos encontrados na região atingida pelo rompimento da barragem da mineradora Vale pertencem à corretora de imóveis Maria de Lurdes da Costa Bueno. Com isso, ela se torna a 268ª vítima identificada da tragédia ocorrida em janeiro de 2019.

Seis anos após o desastre, os corpos de duas vítimas ainda permanecem desaparecidos: Tiago Tadeu Mendes da Silva e Nathália de Oliveira Porto Araújo.

As buscas continuam sob responsabilidade do Corpo de Bombeiros, que reiterou seu compromisso de manter os trabalhos até que todas as vítimas sejam localizadas e identificadas.

Identificação e homenagem

A confirmação da identidade de Maria de Lurdes, que faleceu aos 59 anos, foi destacada em uma publicação da Associação dos Familiares das Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem em Brumadinho (Avabrum) nas redes sociais.

“A luta por justiça, encontro, memória, não repetição e direito dos familiares não pode parar!”, registrou a entidade.

A postagem também incluiu uma foto da corretora de imóveis acompanhada de uma citação do filósofo e poeta Rubem Alves: “Aquilo que o coração ama, fica eterno.”

Natural de São José do Rio Pardo (SP), Maria de Lurdes estava em Brumadinho como turista, com o objetivo de conhecer o Instituto Inhotim, o maior centro de arte ao ar livre da América Latina. Ela estava hospedada na Pousada Nova Estância, que foi completamente soterrada pelos rejeitos da barragem.

Também viajavam com ela seu marido, Adriano Ribeiro da Silva, sua enteada, Camila Taliberti, e seu enteado, Luiz Taliberti, que estava acompanhado de sua esposa, Fernanda Damian, então grávida de cinco meses. Nenhum deles sobreviveu.

Em homenagem a Camila e Luiz, familiares e amigos criaram o Instituto Camila e Luiz Taliberti (ICLT). A organização, sediada em São Paulo e presidida por Helena Taliberti, mãe dos irmãos, atua na defesa dos direitos humanos e na preservação da memória da tragédia, além de cobrar justiça ao lado da Avabrum.

A tragédia de Brumadinho

A barragem rompida integrava um complexo minerário da Vale em Brumadinho (MG). O colapso da estrutura, em 25 de janeiro de 2019, liberou uma avalanche de rejeitos que soterrou 270 pessoas – a maioria trabalhadores da própria mineradora ou de empresas terceirizadas.

A Avabrum contabiliza 272 vítimas, incluindo os bebês de duas mulheres grávidas que morreram na tragédia. O desastre também resultou na destruição de comunidades e na degradação ambiental da bacia do Rio Paraopeba.

Seis anos sem responsabilização criminal

Até o momento, ninguém foi preso pelo rompimento da barragem. O processo criminal, inicialmente conduzido na Justiça estadual, foi federalizado e está na fase de apresentação das defesas dos réus.

Dezesseis pessoas foram denunciadas, incluindo executivos da Vale e da Tüv Süd, consultoria alemã responsável pelo laudo de estabilidade da barragem. No entanto, no ano passado, o ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman, obteve um habeas corpus e deixou de ser réu no caso.

Duas semanas atrás, no marco de seis anos da tragédia, a Avabrum realizou um ato para homenagear as vítimas e reforçar a luta contra a impunidade. Durante a cerimônia, foi inaugurado o Memorial Brumadinho, um espaço dedicado à lembrança das vítimas, cuja construção foi uma exigência dos familiares dos mortos.

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