Enfim, passaram-se os cem primeiros dias da gestão Reled e Ronan, em Ladainha, no Vale do Mucuri. Comandada desde 2005 pelo grupo de Aécio Santos, a cidade finalmente acenou para a mudança nas eleições de 2020. Foram praticamente duas décadas de gestões tucanas no município, já que Aécio Santos, que foi prefeito por dois mandatos consecutivos (2005 a 2012), já havia comandado os destinos da cidade no mandato 1997/2000. Entre os anos de 2013 a 2020, Ladainha teve a gestão de Walid Nédir, afilhado político de Aécio. Nas últimas eleições, com problemas de saúde e impossibilitado de participar do pleito, Aécio ainda tentou emplacar o seu filho Aecinho para o cargo máximo do município, mas viu seu projeto ruir com a vitória da chapa Reled/Ronan.
Voltando os olhos para os primeiros cem dias da nova gestão, o que verifica é que, do ponto de vista prático, pouca coisa mudou. E nem poderia ser diferente. Não se muda uma estrutura de quase duas décadas em apenas cem dias. Apesar de possuir larga experiência na administração de suas empresas (Reled é proprietário de um supermercado e um posto de combustível em Ladainha, além de outros empreendimentos imobiliários), o atual prefeito necessitaria, nesses primeiros meses de gestão, de um tempo para tomar conhecimento de como está a saúde administrativa do município.
Geralmente, os primeiros meses de qualquer gestão nova são para o diagnóstico, e isso provavelmente é o que ocorreu em Ladainha. É o momento dedicado para conhecer os servidores, o que cada um faz e como faz. É o tempo de observar os processos e os procedimentos. Tempo para decidir quem vai continuar nas funções comissionadas e quem não será mantido. É momento de olhar os contratos ainda vigentes e analisar a conveniência de sua manutenção ou de rescisão. É também um momento em que a nova administração, de posse de todas as informações, leva para conhecimento da população e das autoridades, as situações ou até mesmo os casos em que se verificaram crimes. Portanto, nos primeiros cem dias de governo, especialmente em Ladainha, não se deve esperar a mudança, ainda.
Ainda é muito cedo para querer ver uma mudança radical na cidade. Mesmo porque o município vinha, como já falei, há quase duas décadas sob a gestão do mesmo grupo ou da mesma pessoa. Não se pode pretender que Ladainha mude em cem dias. Mesmo porque a mudança que a cidade espera precisa ser real e provocar impacto na qualidade de vida das pessoas. Não podemos esquecer que Ladainha é hoje uma das cidades com o pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de toda Minas Gerais, resultado da ausência de políticas voltadas para o bem-estar de nosso povo.
Chegará sim, para Reled e Ronan, o momento da cobrança, e que eles tenham certeza de que a população irá fazê-la, assim como eu também a farei. Esse período inicial deve ser de apoio de toda a população de Ladainha. Evidentemente que não estou falando de um apoio cego, irrestrito e incondicional. Quando se fizer necessária a crítica, ela deverá ser feita. Reled e Ronan são respectivamente, prefeito e vice-prefeito de todos nós, cidadãos ladainhenses, e devem trabalhar para todos nós, não somente nos primeiros cem dias, mas nos 1.460 dias previstos para compor o seu mandato. Tenhamos a paciência necessária para que essa nova administração promova a mudança que o povo pediu nas urnas em 15 de novembro de 2020.