Estratégia de suplementação de bezerros exige cuidados e orientação, alerta Epamig

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Diante da alta do preço do boi gordo, é cada vez maior a procura por bezerros de qualidade para reposição do gado. Com o objetivo de otimizar o desempenho de animais jovens, alguns produtores estão adotando o “creep-feeding”, estratégia de suplementação concentrada em locais de acesso restrito aos bezerros. A técnica apresenta vantagens, mas ainda gera dúvidas entre pecuaristas. 

De acordo com o pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Sidnei Lopes, ao corrigir e enriquecer a dieta de bezerros, o creep-feeding pode otimizar o desempenho de cada animal e conferir mais peso corporal ao desmame. Além disso, a técnica ajuda, por exemplo, a diminuir o estresse, reduzir a mortalidade dos bezerros e aumentar o giro de capital do produtor.

Cuidados

Antes de adotar o creep-feeding, no entanto, é necessário se atentar para algumas situações em que a técnica pode apresentar resultados insatisfatórios. Segundo Sidnei Lopes, o creep-feeding não é recomendado quando as condições de ambiente são favoráveis ao desenvolvimento dos bezerros, quando os animais não possuem genética para o desempenho almejado ou quando os produtores adotam ciclos de produção superiores a 24 meses, pois, nesses casos, os ganhos obtidos com o creep vão se diluir.

“De modo geral, quanto menor for a capacidade do pasto ou de leite para suprir a demanda nutricional dos bezerros, maior será a resposta relativa com a utilização do creep-feeding. O uso de recursos suplementares é acompanhado de aumento nos custos de produção”, explica o pesquisador.

Observadas as possíveis condições desfavoráveis para implantação do creep-feeding, recomenda-se que o produtor inicie a técnica com bezerros com cerca de 80 a 100 dias de vida, exceto nos casos de desmame precoce. O prazo é indicado porque durante as primeiras semanas de vida o leite é a principal fonte de energia e de nutrientes dos bezerros, principal responsável pelo aumento de peso nesse período. A relação, contudo, diminui consideravelmente por volta da 12ª semana de vida do animal.

Suplementação concentrada

Segundo Sidnei Lopes, a quantidade de suplemento que o produtor deve utilizar após a fase da desmama depende de uma série de fatores, entre eles, o ciclo de produção, a qualidade e a disponibilidade de pasto. Em geral, e de acordo com a meta estabelecida pelo produtor, quanto pior a quantidade e a qualidade do pasto, maior será a demanda por suplementos concentrados.

“Ao longo do ciclo de produção, os planos nutricionais devem ser crescentes. Nesse sentido, dependendo das situações, pode ser estratégico começar com algo em torno de dois a três gramas de suplemento por quilo de peso corporal, e ir aumentando esse plano nas fases seguintes de produção”, considera Sidnei.

Para a formulação do suplemento concentrado para os bezerros, o pesquisador da Epamig recomenda alimentos mais tradicionais; como milho, sorgo, soja e farelo de algodão; e desaconselha o uso de uréia, pois ela pode limitar o consumo dos bezerros, sobretudo em situações com planos nutricionais mais elevados. “Para incentivar o consumo, por exemplo, o produtor pode adicionar melaço de cana em pó na quantidade de 2-3% do concentrado”, conclui.

Dimensionamento dos cochos

O nível de suplementação afeta diretamente o dimensionamento dos cochos no creep-feeding. Em geral, cerca de 15 centímetros de cocho e uma área de um metro quadrado por animal são suficientes. 

É importante posicionar o cocho dos bezerros ao lado do cocho das vacas, pois elas precisam “levar” os bezerros ao creep-feeding até que eles aprendam a consumir o suplemento. Nesse sentido, é recomendado que o cocho das vacas fique a uma altura de 1,1 metro do chão, enquanto o cocho dos bezerros deve ficar a 50 centímetros. Também é importante que os cochos sejam cobertos para evitar desperdício de suplemento com a ocorrência de chuvas.

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