A primeira reinfecção pelo novo coronavírus em Minas Gerais foi causada por uma linhagem de vírus que, até então, não havia sido detectada no Brasil. Trata-se da B.1.2, variante norte-americana que circula intensamente nos EUA desde outubro de 2020. A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) confirmou nesta terça-feira (2/3/2021) o segundo teste positivo em um médico de 29 anos, sem comorbidades ou imunodeficiências. Ele mora em Sabará, na região metropolitana, onde trabalha, e também atende pacientes em BH e Caeté.
Segundo a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), que ajudou no processo de análise das amostras do paciente, o primeiro diagnóstico positivo para a Covid-19 foi em maio, a partir de um exame RT-PCR. Na época, o médico teve sintomas como febre, mialgia, tosse seca, faringite e diarreia, mas não houve necessidade de internação e a recuperação foi completa.
Em agosto, o rapaz realizou o exame sorológico, e o resultado foi positivo para o anticorpo IgG, mas, em dezembro, o mesmo exame teve resultado negativo. O segundo diagnóstico de Covid-19 veio no dia 6 de janeiro, quando ele realizou novo exame RT-PCR após retornar do Rio de Janeiro e apresentar quadro de dores no corpo e de cabeça, tosse seca e dor de garganta.
Segundo pesquisadores da Ufop, este é o sétimo caso de reinfecção no Brasil confirmado a partir do sequenciamento de duas amostras do vírus e o primeiro em Minas. “Na primeira vez, ele foi infectado pela linhagem viral B.1.1.28, que circula no Brasil desde março de 2020, e na segunda pela B.1.2, que nunca tinha sido registrada no país”, disse Breno Bernardes, pesquisador colaborador da Ufop.
Para a infectologista Raquel Stucchi, da Sociedade Brasileira de Infectologia, não é surpresa ter novas linhagens no país devido ao comportamento da população. “Os baixos índices de isolamento social e a taxa de transmissão (Rt) crescendo são a receita perfeita para termos variantes. Todas elas podem ser bloqueadas com as medidas de contenção como distanciamento social, uso correto da máscara e higienização das mãos”, disse.
Segundo ela, só é possível detectar uma nova linhagem por sequenciamento genético do vírus – prática que não é comum no Brasil. “O Reino Unido faz sequenciamento em 5% de pouco mais de mil amostras colhidas. O Brasil faz apenas 0,03% de sequenciamento”, ressalta. “O ideal é montarmos um protocolo para definir os critérios de sequenciamento no Brasil”, diz.
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