O agronegócio mineiro fechou o primeiro quadrimestre de 2020 com um superávit de US$ 2,18 bilhões, valor que corresponde a 48% do saldo de todos os setores no estado. Esse resultado vem atrelado ao desempenho das exportações (US$ 2,41 bilhões), mesmo durante a crise causada pela pandemia da Covid-19. Os dados integram o Relatório do Comércio Exterior do Agronegócio de Minas Gerais, produzido pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).
De acordo com Manoela Teixeira de Oliveira, assessora técnica da Superintendência de Inovação e Economia Agrícola da Seapa, em janeiro e fevereiro a receita foi menor devido à diminuição das compras de países asiáticos e alguns europeus, que se ajustavam no combate ao coronavírus. “Já em março e abril, observou-se uma retomada das negociações. O desempenho de abril deste ano foi 3% melhor do que o de abril de 2019”, pontua.
Ela destaca que, mesmo no período de quarentena, muitos países demandarão alimentos. “Minas Gerais apresenta vantagens comparativas de seus produtos e, por isso, está em uma posição estratégica no cenário mundial como importante fornecedor de proteína animal”, completa a assessora.
O principal produto mineiro de exportação, o café, teve redução tanto no valor comercializado (-4%) quanto no volume (-8,1%), porém, segue sendo responsável por quase 50% do comércio exterior do agronegócio do estado. Ao todo, foram US$ 1,20 bilhão e 8,57 milhões de sacas, sendo que o café mineiro representou 70% das vendas desse segmento em todo o país.
O relatório aponta que o preço da commodity negociada no mercado internacional vem subindo, atrelado à alta do dólar, o que impulsiona as vendas. “No fim de 2019 e início deste ano, a exportação do café teve ligeira queda. Além de o ano passado ter sido um ano de bienalidade baixa (menor produção) e muitos países ajustaram a aquisição por conta da pandemia. Porém, em abril tivemos um aumento de 11% na receita em comparação ao mesmo mês de 2019”, lembra Manoela.
Os principais destinos do café mineiro foram Alemanha (US$ 252,41 milhões), Estados Unidos (US$ 248,22 milhões) e Itália (US$ 126,34 milhões), além de outros 75 países.
Já a soja, que é o segundo produto agropecuário mais exportado por Minas Gerais (US$ 440,8 milhões e 1,27 milhão de toneladas), teve aumento de 7,5% no valor e 11,3% no volume de grãos comercializados. Isso se deve à retomada das compras chinesas (+8,0%) e ao incremento na aquisição da Rússia (+156%), além de novas parcerias comerciais firmadas que reverteram o cenário de baixa comercialização do grão do início do ano, quando houve o pico da Covid-19 na Ásia.
Carnes
Outro setor da agropecuária que teve boa representatividade nas exportações neste primeiro quadrimestre foram as carnes, que registraram vendas de US$ 286,29 milhões e 84,65 mil toneladas, acréscimo de 14,3% e 3,9%, respectivamente.
Ainda de acordo com o Relatório do Comércio Exterior do Agronegócio de Minas Gerais, as vendas de carne bovina já apresentavam bom desempenho desde 2019, devido à demanda dos países asiáticos, principalmente a China. “Com a pandemia, houve uma ligeira queda nos meses de fevereiro e março. Porém, em abril a China retomou a demanda e contribuiu significativamente para este bom resultado”, completa a assessora técnica Manoela Teixeira de Oliveira.
Já o setor do frango, que também tem como principal comprador a China, faturou US$ 52,7 milhões com a venda de 28 mil toneladas, o que representou acréscimo de 7,3% no valor e decréscimo de 2,8% no volume.
Entretanto, foi a carne suína que trouxe os aumentos mais expressivos nas exportações, com elevação tanto no valor (+170%) quanto no volume (+137%) em relação aos quatro primeiros meses do ano passado.
“O aumento das aquisições desta proteína por Hong Kong (+135%) e as novas parcerias firmadas, principalmente nos continentes asiático e africano, foram os motivos que levaram ao bom desempenho do setor. Entre estes novos compradores, destacam-se o Uruguai (+680%), Angola (+630%), Costa do Marfim (+ 148%) e Turquia (+20%)”, finaliza Manoela.
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