A extinção da Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), decretada pelo presidente Michel Temer, pegou os brasileiros de surpresa na quinta-feira passada, quando foi publicada no “Diário Oficial da União”. As empresas de mineração canadenses, por outro lado, já haviam sido avisadas da decisão há cinco meses, quando o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, confidenciou que a área de preservação seria leiloada, segundo informações da BBC.
O plano de pôr fim à Renca foi apresentado formalmente às empresas no evento Prospectors and Developers Association of Canada (PDAC), ocorrido em março na cidade de Toronto, no Canadá. Na ocasião ainda foi anunciado um pacote de medidas de reformulação do setor mineral brasileiro, incluindo a criação da Agência Nacional de Mineração.
O Canadá tem cerca de 30 empresas explorando minérios em território brasileiro. A Câmara de Comércio Brasil-Canadá inclusive anunciou, há dois meses, a criação de uma Comissão de Mineração, específica para negócios no Brasil, informa a BBC.
A reserva
Com uma área de 47 mil km², a Renca está localizada entre os Estados do Pará e do Amapá, e havia sido instituída em 1984 com o objetivo de poupar recursos minerais para o futuro. O bloqueio da mineração privada na reserva ajudou a manter o alto grau de preservação encontrado hoje na área, segundo Maurício Voivodic, diretor-executivo do WWF-Brasil. “A Renca serve como uma barreira para a mineração”, disse Voivodic, que teme uma explosão de atividade mineradora na Renca, causando grande impactos nessas áreas.
De acordo com a pesquisadora Joice Ferreira, da Embrapa Amazônia Oriental, a grande demanda reprimida poderá levar de fato a uma explosão da mineração na região, com impactos nas áreas de conservação adjacente. Para Joice, o fim da reserva é “catastrófico”. Ela acredita que a mineração dificilmente ficará restrita aos 30% da Renca que não estão em áreas protegidas. “A medida constitui mais uma das diversas estratégias para pressionar por um alteração do Sistema Nacional de Unidades de Conservação do país”, explica.
Protesto
A decisão do governo de liberar a área para exploração mineral inspirou protestos de artistas como Gisele Bündchen, Cauã Raymond, Ivete Sangalo e Luciano Huck.
Área de 47 mil km² tem matas e reservas indígenas (Reprodução/TV Globo)
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(Fonte: O Tempo)