A quebra do sigilo telefônico do vereador José Valdinei Gonçalves Siqueira (PSDC) comprovou o abuso de poder do candidato nas eleições de 2016, em Montes Claros (MG), afirma o Ministério Público Eleitoral. Para o MP, ele usou de privilégios dentro do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene) para distribuir leite em pelo menos duas comunidades de Montes Claros.
Leão, como José Valdinei é conhecido, foi eleito com 1.854 votos. Ele foi cassado pela Justiça Eleitoral por compra de votos e abuso de poder econômico. Nesta sexta-feira (7), a promotora de justiça eleitoral, Aluisia Beraldo, afirmou que além do vereador Leão, funcionários do Idene e apoiadores de campanha do candidato tiveram ligações interceptadas. Em uma dessas gravações, apoiadores de campanha de Leão debocharam da investigação, afirmando que não haveria mais cassação.
Apoiador 1: “Cadê Leão?”
Apoiador 2: Leão foi diplomado lá, eu fui na diplomação lá.
Apoiador 1: É, foi diplomado. É, agora tá tranquilo, não vai ser cassado mais não”
Apoiador 2: Agora é só trabalhar
Apoiador 1: É dá o leite pro povo…é dá o leite pro povo (risos)
Apoiadores fizeram deboche a respeito da diplomação de Leão (Foto: Reprodução/MP)
De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a distribuição do leite estava paralisada desde o mês de maio, mas Leão “sabia que Idene estava empenhado na regularização do programa por meio de um repasse federal de verbas”.
“Com a quebra de dados dos telefones do investigado, conseguimos comprovar que ele, que já não possuía ligação com o órgão responsável pela distribuição do leite, ligou por 12 vezes para o presidente de uma cooperativa, que fornecia o leite para o Bairro Monte Sião, isso a dois dias do pleito. Desde então, os beneficiados com o programa não receberam mais a doação, e o presidente da cooperativa afirma que também não conseguiu regularizar documentação junto ao órgão para fazer a entrega do leite”, destaca Aluisia Beraldo.
A promotora afirma também que testemunhas relataram que o candidato participou da distribuição do leite. “Ele esteve presente na distribuição do leite no Bairro Monte Sião, na sexta-feira 30 de setembro, e na Vila Sion, no sábado dia 1º de outubro. Algumas afirmam que ele distribuía o santinho junto do leite. Nestes dois bairros ele teve votação maciça”, explica a promotora Aluisia Beraldo.
Para o G1, o parlamentar disse que entrou com recurso e aguarda nova decisão. Ele permanece no cargo até o caso ser julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral.
O Idene negou que tenha sofrido influência do candidato na distribuição do leite. Em nota, diz que realiza a entrega do leite em 190 municípios. “No município de Montes Claros, a execução ocorreu com os contratos que estavam vigentes à época e conforme a disponibilidade do produto pelos laticínios contratados”.
VER PRIMEIRO
Receba as notícias do Aconteceu no Vale em primeira mão. Clique em curtir no endereço www.facebook.com/aconteceunovale ou no box abaixo:
(Fonte: G1 Grande Minas)
