Padre adota “filho” que também se torna sacerdote

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O termo “padre”, de origem latina, significa pai. O padre, assim como os pais, cuida de seus “filhos” que participam da paróquia. O padre Francisco Guerra, 48 anos, carinhosamente conhecido como padre Chico, tem um “filho de consideração”, o também padre, Anderson Ferreira Teixeira, 35 anos. A história de “pai e filho” surgiu após padre Chico participar das alegrias e das lutas na vida da família de Anderson, nascendo um elo de muita confiança, amor e amizade.

O pai de Anderson morreu quando ele nasceu e sua família passou por vários momentos de tristezas. “Anderson não teve a oportunidade de conhecer o pai. Essa situação marcou profundamente sua infância e adolescência, gerando uma fragilidade muito grande em sua saúde física e emocional”, contou Francisco. Em 1997, padre Chico foi designado para ser pároco em São Gonçalo do Rio Abaixo, cidade em que conheceu Anderson, que estava no início da adolescência e era ajudante de catequistas na igreja.

Anderson nasceu na região de Caratinga, na cidade de Ubaporanga. Após a morte do pai, a mãe de Anderson se casou novamente. “Embora seu padrasto tenha sido e é ainda hoje um homem extremamente bom e amoroso, a readaptação de todos naquela ocasião não foi algo fácil”, disse, salientando que muitas vezes a vida maltrata também as pessoas de bem. “E eu passei a ter um grande amor por todos eles e eles por mim”, revelou.

Padre Chico e seu filho Anderson (Foto: Arquivo Pessoal)


Após tantas reviravoltas, Anderson foi morar com Francisco. “No momento de decisão ele me disse: ‘Não quero atrapalhar a vida do senhor. Vamos tentar!’ Mais tarde ele disse: ‘esse vai ser meu pai’!”, contou padre Chico. A família de Anderson e a família de Francisco, se tornaram uma só. “Eu me tornei filho dos avós dele e ele neto de meus pais”, ressaltou.

Anderson decidiu ir para o seminário também e no ano passado se tornou padre. Atualmente Anderson mora em Santa Maria de Itabira e Francisco em Belo Horizonte, sendo que todo final de semana vai a Itabira. Os dois se chamam de pai e filho. “Atualmente nos falamos todos os dias, ainda que seja para um pedir a bênção”, ressaltou Chico. “Tenho ele como um exemplo de padre e de pessoa”, ressaltou Anderson. Francisco se sente muito orgulhoso do filho. “Por que ele é um cidadão respeitado, um homem de bem e um padre muito querido e dedicado”, salientou.

Padre Francisco deixa seu conselho para todos os pais e filhos: “Aos pais, aconselho que amem seus filhos e aos filhos que amem seus pais, incondicionalmente. Porque só quem não teve o amor de pai sabe o tamanho dessa dor. Mas também não se esqueçam: Deus é nosso pai e nunca nos abandona. Deus nos ama. Somos todos seus filhos e filhas”, disse.

Amor, respeito e gratidão

Anderson contou que chegou até mesmo a pensar em suicídio na adolescência, pois teve depressão. “O padre Chico me ajudou muito nesse momento difícil”, disse Anderson.

Padre Chico e seu filho Anderson (Foto: Arquivo Pessoal)


Confira abaixo o agradecimento do padre Anderson para seu pai, padre Chico, em sua ordenação:

“Padre Francisco Guerra: meu pai, meu amigo, meu orientador. Senhor sabe que cheguei a padre não por uma obsessão, mas pela caridade de Deus e por ter o senhor na minha vida. Sofremos, sorrimos, caminhamos, sempre juntos. O senhor é uma presença abençoada na minha vida e na vida da minha família. Nós (eu e minha família), te amamos muito. Nesse dia especial para nós, quero dizer publicamente que os laços que nós dois criamos, só pode ser coisa de Deus. Foi aqui em São Gonçalo que nossos caminhos se cruzaram. Foi aqui em São Gonçalo que o senhor me estendeu a mão e disse a um menino magrelo, sem esperança e disse: “vem morar comigo”? e eu respondi: “vamos tentar”. E a partir daí, começou a paternidade, começou o companheirismo. Pai, não tenho como te agradecer por tudo. Quis Deus, que aqui onde tudo começou, em São Gonçalo, começasse hoje uma nova etapa da minha vida. Pai, agora somos pai e filho padres. A minha gratidão e meu amor só podem ser expressos com uma palavra que expressa sinceramente o que eu sinto, que expressa o que um filho deve dizer sempre a um pai: eu te amo”.

(Fonte: Defato Online/Mariana Reis)

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