Mineiros vão às ruas contra o impeachment de Dilma

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As ruas do centro de Belo Horizonte foram tomadas de vermelho na noite de ontem (18) durante o ato contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Manifestantes vestidos em sua maioria da cor que simboliza a esquerda entoavam palavras de ordem contra o que acreditam ser uma tentativa de golpe.

A presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de Minas Gerais, Beatriz Cerqueira, fez um balanço positivo da manifestação. “Foi um claro recado de que há resistência. Um aviso aos partidos e a ala do Judiciário que defendem o golpe que nós vamos resistir. Vamos buscar caminhos dentro da democracia pra resolver esse impasse”, disse.

Segundo Beatriz, os recentes vazamentos de ligações grampeadas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de pessoas próximas a ele são ilegais. “Por que interessa com quem a mulher do Lula conversa ao telefone? Como de repente isso vira manchete de jornal? É inacreditável”, criticou.

O ato começou por volta das 16h, com concentração na Praça Afonso Arinos, região central de Belo Horizonte, de onde saiu até a Praça da Estação. Cartazes contra o juiz Sérgio Moro e a TV Globo dividiam espaço com bandeiras do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).

Em frente a praça, na sacada do edifício da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), estudantes exibiram cartazes em apoio às manifestações.

Líderes da CUT-MG, do MST e de outros movimentos sociais dividiram o microfone nos carros de som que acompanhavam o trajeto. “Estamos vendo direitos individuais sendo violados. Trouxemos aqui uma carta assinada por diversos promotores que não concordam com a ilegalidade”, disse o promotor do Ministério Público de Minas Gerais Gilvan Alves Franco, um dos oradores.

A crítica à atuação do juiz Sérgio Moro deu o tom da maioria dos discursos. “Se nós violarmos a Constituição de 1988, também perdemos as bases do Estado Democrático de Direito. O Judiciário é um poder autônomo, porém não pode ser partidário”, disse o cientista político Lucas Cunha.

Manifestantes contrários ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff participam de ato no centro de Belo Horizonte – Foto: Léo Rodrigues / Agência Brasil

Participação

Além de apoiadores do governo, pessoas que têm críticas ao Executivo, mas que nem por isso apoiam o impeachment, também aderiram à manifestação desta sexta-feira na capital mineira.

A funcionária pública Maria Lina Soares Souza, 66 anos, lembra que viveu a ditadura militar, participou da campanha das Diretas Já, se entusiasmou com o surgimento do PT e mais tarde se decepcionou com o partido.

“Me frustrei com as falhas éticas de alguns políticos do partido. Mas é inegável as conquistas deste governo e quando se trata de defender o Estado Democrático de Direito eu viro petista de novo”, disse.

A contadora Cláudia de Souza e Silva, 52 anos, criticou os que esperam a renúncia da presidenta Dilma Rousseff. “É uma mulher que foi torturada na época da ditadura militar e não delatou nenhum companheiro. Então não esperem que ela vá esmorecer. Estamos firmes na luta.”

O ato de BH também teve a presença de prefeitos de municípios mineiros e outros políticos, como o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias (PT), e a deputada federal Jô Morais (PCdoB). Por outro lado, o governador Fernando Pimentel (PT) não compareceu. Ele foi representado pelo secretário de Direitos Humanos de Minas Gerais, Nilmário Miranda, que acusou a oposição de usar o aparato judiciário para fazer luta política.

“As elites que comandaram os países há séculos não conseguem conviver com quem tem outros projetos. Já vivemos outros momentos semelhantes. O golpe de 1964 foi isso”, comparou.

Segundo a Polícia Militar, 15 mil pessoas participaram da manifestação. Ao fim do ato, um evento cultural: músicos mineiros como o rapper Flávio Renegado e a sambista Aline Calixto assumiram o trio elétrico.

Atos no interior de Minas

GOVERNADOR VALADARES

Com faixas, cartazes e gritos de ordem dizendo “Não vai ter golpe”, pessoas se mobilizaram nesta sexta-feira (18) com a pauta em defesa da democracia na Praça dos Pioneiros, no centro de Governador Valadares. A organização da Frente Brasil Popular convocou partidos, sindicatos e movimentos sociais para uma plenária, com o objetivo de organizar ações em defesa do resultado das urnas de 2014. Os organizadores estimaram cerca de 350 participantes, já a Polícia Militar contou cerca de 150 participantes.

Para o organizador, Leonardo Battestin de Alvarenga, há uma tentativa de golpe em curso no país. “É uma tentativa de golpe diferente do que foi em 1964, não militar, mas um golpe jurídico, em que se rasga a constituição para se chegar a objetivos políticos. A gente vê juízes se comportando como lideranças partidárias, não como juízes, se comportando como celebridades. É comum uma justificativa judicial falar que é a vontade popular, mas num país onde se tem democracia, a gente deveria ter pessoas resguardando o processo jurídico, não agindo como verdadeiros promotores do caos. Estamos mostrando que tem pessoas dispostas a lutar pela democracia no nosso país”, afirmou Leonardo.

Segundo ele, a plenária desta sexta-feira visa organizar uma manifestação geral para o dia 02 de abril.

Plenária convocou movimentos sociais para defender a democracia (Foto: Zana Ferreira/ G1)

MONTES CLAROS

Manifestantes fizeram em Montes Claros um protesto no fim da tarde desta sexta-feira (18) em prol da democracia. De acordo com os organizadores, cerca de 200 pessoas participaram do ato. Eles levantavam cartazes com dizeres contra o Juiz Sérgio Moro e a todo o momento entoavam o grito de “Não vai ter golpe”. A Polícia Militar não estava no local e não informou o número de participantes.

“Marcamos esta vigília hoje mesmo. A gente queria sentar e conversar sobre as próximas ações, principalmente para a manifestação que vai ser realizada em Brasília”, explica a designer, Isabel Mendes.

O movimento foi denominado pelo grupo como uma vigília em prol da democracia. O grupo se concentrou em frente à sede da Polícia Federal, na Avenida Doutro João Luiz Almeida. Integrantes de sindicatos participaram da vigília.

“O povo que não foi para as capitais, ficou para esta vigília apoiando o povo que está lá. Ao mesmo tempo tentando mobilizar as pessoas contra o golpe e pela democracia”, afirma o dirigente do sindicato dos servidores municipais, Válmore de Souza.

Manifestação se concentrou em frente à sede da PF (Foto: Valdivan Veloso/G1)

SUL DE MINAS

Ao menos três cidades do Sul de Minas registraram manifestações na noite desta quinta-feira (17) contra a nomeação do ex-presidente Lula como ministro-chefe da Casa Civil, e também a favor do impeachment da presidente Dilma.

Em Varginha, cerca de 100 pessoas participaram de um “buzinaço” no Centro da cidade. De acordo com a Polícia Militar, foram cerca de 60 manifestantes.

Em Pouso Alegre, os manifestantes se reuniram em frente à Faculdade de Direito do Sul de Minas. Segundo a organização do protesto, eram 1,5 mil pessoas. Para a Polícia Militar, cerca de 300 pessoas participaram. O grupo ainda seguiu pela Avenida Duque de Caxias até a Catedral Metropolitana. Depois, os manifestantes circularam a Praça Senador José Bento cantando o hino nacional.

Já em Itajubá, segundo a organização, cerca de 1,2 mil pessoas, muitas vestidas de preto, participaram da manifestação contra o governo Dilma. Para a PM, eram 150 pessoas. Os manifestantes se reuniram na Praça Teodomiro Santiago, depois seguiram com faixas e cartazes em passeata e carreata pelas ruas do Centro. Os manifestantes ainda sentaram no chão e fizeram um minuto de silêncio. Em seguida, cantaram o hino nacional encerrando na praça onde iniciou o protesto.

Manifestantes se reuniram a favor de Dilma e Lula em Varginha (Foto: Reprodução EPTV)

UBERLÂNDIA

Em Uberlândia Frente Brasil Popular organizou uma manifestação na tarde desta sexta-feira (18). A concentração reuniu vários movimentos sociais e sindicais a favor do governo Dilma Roussef e do ex-presidente Lula teve início às 17h30 em frente ao Terminal Central, no Centro da cidade. Segundo a organização, mais de 3 mil pessoas participaram do ato. A Polícia Militar informou o número de 2 mil participantes.

Manifestantes durante concentração em Uberlândia (Foto: Fernanda Resende/G1)

UBERABA

Manifestantes se reuniram em apoio ao governo Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula nesta sexta-feira (18), na Praça Rui Barbosa, em Uberaba. O grupo é formado por movimentos sociais, sindicatos trabalhistas e estudantes. A Polícia Militar (PM) contabilizou 100 pessoas no local. A organização contou 500 pessoas.

O ato foi iniciado às 17h30 e seguiu até às 19h e contou com apresentações artísticas, como rodas de capoeiras e show de rap. Um dos organizadores, Josimar Rocha, disse que, além de manifestar apoio ao Governo, o intuito do ato é chamar atenção para a disputa política que acontece no país. “Querem tirar a Dilma do poder para que as coisas voltem a ser como era antes, inclusive na corrupção. O Lula e a Dilma fortaleceram os órgãos de controle e fiscalização do país”, afirmou.

Manifestação pró-Dilma em Uberaba (Foto: Alex Rocha/G1)

JUIZ DE FORA

Em Juiz de Fora, manifestantes começaram uma concentração por volta das 17h30 desta sexta-feira (18), na Praça da Estação, no Centro da cidade. O evento denominado “Juiz de Fora Contra o Golpe e em Defesa da Democracia” foi organizado pela Frente Brasil Popular Juiz de Fora e Zona da Mata, que é composto por representantes de diversos movimentos sociais e partidários. Segundo a Polícia Militar, 1.000 pessoas integram a passeata. A organização informou que 20 mil pessoas participaram do ato.

Concentração de manifestantes em Juiz de Fora (Foto: Rafael Antunes/G1)

(Fonte: Agência Brasil / G1)

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