Milhares de moradores do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha sofrem com a estiagem prolongada

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Com o atraso no repasse de recursos emergenciais às prefeituras do polígono da seca, aumentou o êxodo na região. Milhares de pessoas estão sem água nos municípios da Área Mineira da SUDENE e, em muitas comunidades rurais, falta até água para beber, segundo prefeitos da região. Em todo o Estado, informa a Defesa Civil, 145 cidades já decretaram situação de emergência devido à seca.

Com a estiagem prolongada, pelo menos cinco ônibus deixam a rodoviária de Montes Claros, toda semana, em direção a São Paulo e outras cidades, levando mineiros prejudicados pela falta d’água, que causou perda quase total na agricultura familiar.

“Quase 200 mil habitantes em dificuldades esperam ajuda na região”, reitera o presidente da Associação dos Municípios do Médio Jequitinhonha (AMEJE) e prefeito de Araçuaí, Armando Jardim Paixão.

Segundo ele, Araçuaí tem 200 pessoas sem água para beber, mas situações pior vivem moradores de outras 19 cidades, como Berilo, Chapada do Norte, Comercinho, Coronel Murta, Francisco Badaró, Itinga, Jenipapo de Minas e Pedra Azul.

“Nossa preocupação começa agora. Em setembro e outubro, a escassez de água vai aumentar. Chuva só em novembro. O período mais crítico está por vir”, assinala o presidente da Associação dos Municípios do Alto Jequitinhonha (AMAJE) e prefeito de Angelândia, Thiago Pimenta. Ele lamenta que as prefeituras não tenham obtido dos governos federal e estadual o atendimento às demandas que a região precisa.

Barragem que abastece Montes Claros está com o nível muito baixo – Foto: Dione Afonso/ Divulgação

Segundo o prefeito, o apoio, até agora, se resume ao caminhão-pipa para abastecer as comunidades. Porém, a construção de açudes, barragens de contenção e reservatórios pretendidos pelos municípios ainda é utopia.

Ele explica que os 23 municípios da AMAJE não têm como custear essas obras, mas propuseram um projeto a ser financiado conjuntamente pelas prefeituras, governo do Estado e União.

Para o presidente da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (AMAMS) e prefeito de Mirabela, Carlúcio Mendes Leite, as obras de infraestrutura hídrica serão necessárias para alavancar o desenvolvimento nas duas regiões do Estado.

“A seca igualou todos os municípios do Norte de Minas, sofremos as mesmas dificuldades. Há perdas na produção agrícola, o que agrava mais a pobreza”, afirma.

Ajuda chegará em setembro, diz Cedec

A partir de setembro, a Defesa Civil Estadual (Cedec) vai enviar caminhões-pipa para 40 municípios, do Norte e Jequitinhonha, que decretaram situação de emergência em razão da seca e solicitaram o atendimento. A demora no socorro, informa o órgão, foi motivada por atraso na transferência de recursos federais para o Estado.

Além dos R$ 3,7 milhões da União, o Estado disponibilizou mais R$ 3,3 milhões. Desse total, cerca de R$ 2 milhões serão destinados à contratação de caminhões-pipa e o restante, à distribuição de cestas básicas.

A Cedec começou a distribuir, nesta semana, as cestas para os municípios que fizeram a solicitação. Até dezembro, a previsão é entregar 20 mil, que totalizam aproximadamente 320 toneladas de alimentos.

Falta d’água compromete 90% da safra do ano

O êxodo é confirmado pelo coordenador regional da Emater em Montes Claros, Reinaldo Nunes de Oliveira. “Foram três anos de seca, estamos passando para o quarto ano”.

Com a distribuição irregular de chuvas, os mananciais reduziram o volume de água, trazendo sérios problemas de abastecimento em 86 municípios do Norte de Minas.

A situação é a mesma em todas as localidades: problemas sociais e econômicos assumem proporções cada vez maiores. Nos últimos anos, em municípios como Mato Verde e Monte Azul, a população reduziu drasticamente.

A Emater estima queda elevada na economia norte-mineira. Nos últimos anos, a região perdeu três safras de grãos: arroz, feijão e milho. Este ano, as perdas na lavoura chegaram a 90%, o que representa 4.900 mil toneladas que deixaram de ser colhidas.

Na pecuária, houve queda de 60% na produção diária de leite. O rebanho de corte, de 3,3 milhões de cabeças, foi reduzido. “Já saíram mais de 700 mil cabeças este ano. O gado vai morrer. Não tem como recuperar esse patrimônio da noite para o dia. Em termos econômico, o impacto é grande na região”, diz o coordenador da Emater.

(Hoje em Dia)

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