A Polícia Civil apresentou na manhã dessa quarta-feira (10/08) Diego Nunes da Silva, de 26 anos, que é investigado por matar a ex-namorada, Ramone de Carvalho, de 16, com um tiro no peito. O crime aconteceu em Montes Claros, no dia 29 de maio de 2016. Segundo as investigações, a adolescente terminou o relacionamento por ter medo do envolvimento do companheiro com crimes.
“Havia um temor por parte da Ramone em relação à participação do Diego com a criminalidade violenta, com o tráfico de drogas e roubos. Ela, por esse medo, teria tentado romper o relacionamento. Isso gerou um dissabor nele, que a assassinaria dentro da casa da família”, explicou o delegado Bruno Rezende.
Ramone foi encontrada morta dentro da casa da irmã, no Bairro Jardim Primavera. Ela morava na residência da mãe, que trabalha em outro município. Segundo as investigações, a vítima chegou a contar para familiares que o então namorado guardava armas e drogas no local. A adolescente disse ainda ter visto ele esconder uma pistola nove milímetros no imóvel, mesmo calibre da munição que a atingiu.
Presos são investigados por dois crimes ocorridos em Montes Claros (Foto: Michelly Oda/G1)
Contradição
Na noite do crime, Diego Bruno, que já tem passagens por tráfico e roubo, afirmou que estava com uma mulher em um motel, mas os dois apresentaram contradições durante depoimento. De acordo com Bruno Rezende, os horários em que eles disseram estar juntos eram diferentes.
Segundo a Polícia Civil, testemunhas também o viram perto da casa onde Ramone foi encontrada morta. Os celulares dos dois foram apreendidos e estão sendo periciados.
“Ele achava que tinha a razão e a motivação, e teve a oportunidade”, destacou Bruno Rezende, já que para a polícia, Diego aproveitou que Ramone estava sozinha em casa, já que a irmã e o cunhado viajaram, para cometer o homicídio.
Cleide Rodrigues e a filha, que mora na casa onde Ramone foi encontrada, estiveram na delegacia para acompanhar a chegada de Diego Bruno. A jovem foi adotada pela família quando tinha três meses. A mãe conta que ao questionar a menor sobre o relacionamento, ela afirmou que não estava namorando, apenas havia conhecido Diego Bruno.
“Eu até quis saber quem era ele, mas Ramone disse que não eram namorados ainda. Minha filha era alegre, estudiosa e trabalhadora. Dói muito saber que ela não está comigo. Que a Justiça seja feita e que ele seja responsabilizado”, contou a mãe.
Morte por pipa
Ainda durante a coletiva, foram apresentados os irmãos Breno Ferreira, de 19 anos, e Érico Pereira, de 21. Eles são investigados pela Polícia Civil por matar Anderson Santos Aquino, de 22, com uma facada na axila. O crime aconteceu em 25 de julho, no Bairro São Lucas, depois de um desentendimento por uma pipa.
“Logo após o homicídio, a Polícia Civil teve informações de que dois irmãos teriam se envolvido no homicídio do Anderson na defesa ou na vingança em relação a uma suposta agressão em relação a um terceiro irmão menor. Isso foi confirmado no inquérito durante as diligências no local do fato e por uma testemunha”, afirmou Bruno Rezende.
O delegado disse ainda que a prisão foi pedida para que a PC tenha tranquilidade para investigar o homicídio, já que possíveis testemunhas podem ter medo dos dois irmãos, que são conhecidos na região pelo envolvimento com o tráfico e crimes violentos.
Foi apurado pelos investigadores que houve um intervalo de 20 minutos entre o desentendimento de Anderson com o irmão dos investigados até o momento em que ele foi esfaqueado.
“É um crime violento, uma situação banal. Uma vítima inocente, que não têm passagens criminais e sofre esse atentado violento por uma desavença simples, é a principal violação total da vida, de autores envolvidos com a criminalidade e que não têm respeito contra a vida de terceiros”, destacou Rezende.
Ao ser questionado se tem arrependimento por ter cometido o crime, Breno disse que “arrependo por ter deixado minha mulher e minha filha fora, mas não por ter matado quem mexeu com meu irmão.”
O delegado ressaltou também que há um aumento no número de crimes passionais em Montes Claros. Para ele, a situação é resultado da falta de estrutura das famílias e da insuficiência das políticas públicas.
“É triste ver na delegacia diuturnamente, morte de pessoas que não têm envolvimento com crimes, em situações banais e corriqueiras, que poderiam ser resolvidas de outra forma. Sempre digo que há um aumento da violência e da perda de referência de valores. Posso dizer por que vejo famílias desestruturadas e comunidades desassistidas, sem políticas públicas. A polícia é um filtro que vai trabalhar para refrear a sociedade, mas os demais precisam funcionar”, finalizou.
Delegacia especializada
Durante o encontro com a imprensa, Raimundo Nonato, chefe do 11º Departamento de Polícia Civil, anunciou a criação de uma Delegacia de Investigação Especializada, direcionada para crimes de maior repercussão, como roubo, explosão de caixas eletrônicos, extorsão, sequestro e furto de gado. “A expectativa é dar uma resposta para a sociedade e diminuir a sensação de insegurança”, disse.
O responsável pela nova delegacia será Heriventon Santana, que foi investigador por 10 anos em Montes Claros e ocupou o cargo de delegado na Comarca de Espinosa (MG) por sete.
(Fonte: G1 Grande Minas/Michelly Oda)
