“Fiz um pacto satânico e entreguei a vida ao diabo”, revela suspeito de matar policial em Minas

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O suspeito de matar o subinspetor da Polícia Civil de Juiz de Fora, na Zona da Mata, e de escrever a mensagem “Lúcifer Sete Fadas” na parede, usando o sangue da vítima, revelou em depoimento à polícia que era amante da vítima e que na adolescência fez “um pacto satânico e entregou a vida ao diabo”.

Crisjonny Ferreira da Silva, de 26 anos, confessou ter matado Roberto Carlos Maciel, de 49. A vítima levou 20 facadas e dois tiros. O crime foi na madrugada de terça-feira, no apartamento da vítima, depois que os dois voltaram de um bar onde consumiram bebida alcoólica.

O corpo somente foi descoberto no sábado, depois que vizinhos sentiram um cheiro forte vindo. O acusado roubou o carro, uma pistola calibre 380, um coldre, uma carteira de policial e uma bolsa com documentos da casa do subinspetor.

Crisjonny já era investigado por outros crimes, como roubo, furto, apropriação indébita e comunicação falsa de crime. Agora, ele confessou mais um homicídio no Bairro Vila Esperança, em Juiz de Fora. Para a polícia, a motivação do crime foi latrocínio (roubo seguido de morte). Vítima e suspeito se conheciam havia três meses e se relacionavam sexualmente.

Acusado roubou carro, pistola e outros objetos da vítima (Foto: Divulgação / Polícia Civil)

Segundo a delegada regional de Juiz de Fora, Patrícia Ribeiro, Crisjonny contou em seu depoimento que na madrugada do crime o policial e ele chegaram ao apartamento da vítima, voltando de um bar, e que o subinspetor tomou um remédio para dormir e ficou sonolento. Nesse momento, o suspeito teria ido à cozinha e pegado uma faca. Ele afirmou que somente se lembra de ter dado o primeiro golpe na vítima e que quando recobrou a consciência o policial já estava morto e a frase escrita na parede com sangue.

Ainda segundo a delegada, Crisjonny contou que vendeu a pistola roubada por R$ 3 mil e que escondeu parte do material na casa dele em Juiz de Fora, onde a polícia encontrou o distintivo e a carteira de policial da vítima, algema e um coldre. Um segundo suspeito foi preso por receptação da arma. “O carro foi com ele para Barbacena, onde foi preso na noite de sábado”, disse a delegada. Antes de fugir para casa de parentes em Barbacena, o suspeito, ainda segundo o depoimento, usou parte do dinheiro da venda da arma para pagar contas da mãe dele e fez compras em supermercado.

De acordo com a delegada, ele alegou que não fez uso de substâncias entorpecentes na madrugada do crime e que foi consciente à cozinha apanhar a faca. “A partir do primeiro golpe é que ele alega que perdeu a consciência. Disse que (ele e a vítima) consumiram bebida alcoólica na rua antes de irem para casa”, disse Patrícia. Segundo ela, o acusado também confessou ter levado uma bolsa com alguns papéis da casa da vítima e que queimou tudo em um terreno antes de fugir para Barbacena. Policiais civis de Juiz de Fora monitoraram o suspeito até localizá-lo em Barbacena, onde foi preso por equipes do local.

O policial Roberto Carlos Maciel foi assassinado em seu apartamento na Rua Daniel Martinho Ribeiro, próximo a Delegacia onde trabalhava (Foto: Fernando Priamo/Tribuna de Minas)

Para o presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Marcelo Cerqueira, uma das hipóteses é que a intenção do assassino tenha sido escrever “Lúcifer Sete Facadas”, que é uma entidade do Exu, da mitologia iorubá, do candomblé e da umbanda, segundo ele. “Existe uma linha de Exu que é chamada de Sete Facadas. Tem também o Sete Encruzilhadas e o Sete Saias, entre outras. Resta saber se o assassino é de alguma religião, de alguma seita. Não quero dizer que ele tenha incorporado, mas que tenha tomado para si esse nome”, disse Marcelo. “No meu entendimento, o que houve mesmo foi um latrocínio”, acredita Marcelo.

MAIS HIPÓTESES

O GGB é uma instituição criada há 36 anos e a mais antiga no país na defesa dos direitos da população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais ou Transgêneros), que recebe informações publicadas em jornais e enviadas por organizações não governamentais. Segundo o GGB, que no ano passado registrou 318 mortes de gays no território nacional, e 150 este ano, a estimativa é de um assassinato a cada 28 horas no país, a maioria com requintes de crueldade, vítimas principalmente de homofobia, que é a aversão que as pessoas têm a quem se relaciona sexualmente com o mesmo sexo. No caso do inspetor, essa motivação não foi comprovada, segunda a polícia.

Para o presidente do GGB, no crime de Juiz de Fora, a polícia não deve ficar presa a apenas uma linha de investigação, pois sendo a vítima um subinspetor, que comandava uma equipe de investigadores, o crime pode ter ligação com algum acerto de contas ou vingança por parte de algum criminoso preso pelos policiais, não descartando a possibilidade de envolvimento de mais pessoas. “Há de se trabalhar com a hipótese de não ser apenas uma pessoa”, disse Marcelo. Um segundo homem, que adquiriu de Crisjonny a arma roubada, foi preso por receptação.

(Fonte: Estado de Minas/Pedro Ferreira)

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