Tour da Tocha entrecorta o Vale do Aço até à Cidade de Ferro

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Os primeiros passos pelo Vale do Aço, reduto da segunda maior região metropolitana de Minas Gerais, serão dados na pequena e folclórica Naque na manhã desta quinta-feira (12/5). Em seguida, o comboio visita Coronel Fabriciano para contemplar o exuberante verde das matas, destino ideal para o ecoturismo e a prática de esportes verticais e offroad. Por último, o revezamento chega a Itabira, terra do poeta Carlos Drummond de Andrade e que é conhecida como a Cidade de Ferro devido às grandes jazidas de minério encontradas em suas terras.

Cidade de Ferro

Devido às grandes jazidas de minério de ferro incrustadas em suas terras, foi fundada por Getúlio Vargas na cidade de Itabira, em 1942, a então Vale do Rio doce – hoje Vale, uma das maiores mineradoras do mundo. A vocação para atividades econômicas ligadas à extração do minério é tão influente que rendeu ao município a alcunha de Cidade de Ferro, que tanto inspirou Carlos Drummond de Andrade.

Em crônicas e versos o poeta itabirano escreve sobre a transformação vivida pelo município em razão da mineração e deixa transparecer a afeição que sente pela terra natal, mesmo quando estava longe dela, na cidade do Rio de Janeiro. Um exemplo é este trecho extraído do poema Confidência do Itabirano: “De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil”.

Caminhos Drummondianos

Quem quiser vivenciar a obra do poeta mineiro pode percorrer os Caminhos Literários Drummondianos. Trata-se de um percurso por 44 locais de Itabira que possuem referências nos poemas de Drummond. Todos os locais estão identificados com placas-poemas, o que possibilita uma viagem pelas obras literárias do poeta.

Os pontos mais procurados por moradores e turistas são a casa onde o poeta morou – tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) -, o Memorial Carlos Drummond de Andrade, projetado pelo arquiteto e amigo Oscar Niemeyer, e o Centro Cultural Fazenda do Pontal, onde o itabirano viveu parte de sua infância.

O Memorial, localizado num dos pontos mais altos da cidade, conhecido como Pico do Amor, presenteia os visitantes com uma vista panorâmica de Itabira. No local está a primeira máquina de datilografia do poeta, uma coleção de cartas recebidas de grandes autores e familiares, prêmios literários e obras de artes feitas em sua homenagem.

“O maior trem do mundo”

O segundo ponto dos Caminhos Literários Drummondianos é a Praça do Aerão, onde está disposta uma das primeiras locomotivas – ela esteve em atividade de 1945 a 1960 -, que transportou o minério de ferro de Itabira para o Porto de Tubarão, no Espírito Santo, passando também por João Monlevade e Nova Era. O poema “O maior trem do mundo”, publicado em 1984, é uma menção à locomotiva.

A inauguração da Estrada de Ferro Vitória-Diamantina (ampliada e hoje conhecida como Vitória-Minas) foi um marco para a economia regional. A malha ferroviária serve tanto para escoar a produção de minério de ferro local quanto para transportar passageiros. Atualmente, a estrada de ferro recebe o único trem de passageiros diário no Brasil, que liga duas regiões metropolitanas: Cariacica (ES) e Belo Horizonte (MG).

Inovação, um bom negócio

A habilidade no manejo de técnicas de ponta agrega valor à produção do aço local. O Vale do Aço está longe dos portos brasileiros, mas domina como poucos a tecnologia necessária para desenvolver peças-chaves para a indústria naval e petrolífera, usadas também por montadoras de automóveis e fabricantes de autopeças em todo o mundo. Uma das duas plantas industriais da Usiminas, maior produtora de aço plano da América Latina, junto a outras empresas locais, faz da região um alicerce para as exportações mineiras.

O Vale para além do aço

Em meio a um grande bolsão de Mata Atlântica preservada, bem no coração do Circuito Turístico Mata Atlântica de Minas, Coronel Fabriciano se destaca por propiciar a prática de esportes de aventura e vivências rurais no principal acesso para a Serra dos Cocais.

O clima de montanha é um convite para extraordinárias vistas, como da impressionante Pedra Dois Irmãos e do alto da Cachoeira da Limeira, cenário perfeito para prática de rapel e outras técnicas verticais. A cidade está inserida no calendário dos principais eventos nacionais de esportes de aventura e offroad. Além disso, suas áreas verdes são habitat ideal para animais ameaçados de extinção, como a onça pintada e o mono-carvoeiro, o maior primata das Américas.

Redutos ecológicos

O Vale se destaca ainda por abrigar o Parque do Rio Doce, uma área de preservação que está inserida no terceiro maior ecossistema composto por lagos do Brasil, perdendo apenas para o Pantanal e a Amazônia.

São 40 lagos naturais, dentre eles a paradisíaca Lagoa Dom Helvécio, com 6,7 quilômetros quadrados e profundidade de até 32,5 metros. O parque, único representante do Sudeste entre as Áreas Úmidas de Interesse Internacional situadas no Brasil, não sofreu com o rompimento da barragem em Mariana e continua sendo uma área propicia de lazer e descanso.

Encantos da Estrada Real

Em outra vertente está o turismo ecológico da região, que é cortada pela cordilheira do Espinhaço e está inserida na Estrada Real. Nas proximidades de Senhora do Carmo e Ipoema, distritos de Itabira, por exemplo, estão um sem número de atrativos naturais como cachoeiras, canyons, matas, riachos e corredeiras, cenários que propiciam a prática do trekking, voo livre, rapel e canoagem, entre outros esportes de aventura.

Dentre as atrações mais visitadas está a estonteante Cachoeira Alta, com mais de 110 metros e piscina natural, e o Morro Redondo, mirante natural com 1.200 metros de onde é possível contemplar toda a região. O visitante também não pode deixar de visitar os canyons da Serra dos Alves e a Mata do Limoeiro, maior reserva remanescente da Mata Atlântica da região.

As cores da cultura popular

As culturas de raiz, as manifestações populares, os sabores e características regionais do Vale do Aço são uma bela amostra das matrizes culturais mineiras. Aqui, Naque se destaca como uma vitrine das festas populares que, mais do que movimentar a cidade, trazem à tona a mineiridade que pulsa entre os cinco mil habitantes desta localidade emancipada como município há apenas 20 anos.

Santo Antônio é o padroeiro e motiva o maior festejo de Naque, junto à tradicional cavalgada. Nos meses invernais, a praça da Igreja Matriz é invadida por coloridas barriquinhas que desfilam os quitutes regionais e alimentam cavaleiros, os protagonistas do concurso de marcha e das quatro noites de cavalgadas.

Em São José dos Cocais, distrito de Coronel Fabriciano, a tradicional Marujada dos Cocais canta marchas em homenagem a Nossa Senhora do Rosário, com muita alegria e dança. Na coreografia, que ultrapassa gerações, as fitas das mais diversas cores são seguradas por grupos de marujeiros. (Agência Minas)

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