A partir desta semana, cerca de 40 instituições, como asilos e creches, do município de Ribeirão das Neves, no Território Metropolitano, vão começar a receber peixes criados no Presídio Antônio Dutra Ladeira, da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). São quase mil quilos da espécie tilápia que foram entregues na sexta-feira (29/4) ao Banco de Alimentos da Prefeitura.
O diretor-geral do Dutra Ladeira, Luiz Fernando de Souza, destaca o alcance social do projeto de criação de peixes do presídio, uma vez que, além de gerar doações, qualifica profissionalmente os presos participantes e lhes proporciona remição de pena. “A atividade não gera lucro e os beneficiados são os moradores carentes e instituições filantrópicas da região”, afirma.
A gerente do Banco de Alimentos de Ribeirão das Neves, Maria Senhora França, explica que o pescado é um alimento nutritivo e saudável, mas, por ser caro, dificilmente está presente na dieta das pessoas mais pobres. “O pessoal vibra com a chegada das tilápias nas cozinhas das instituições e das famílias beneficiadas”, diz.
Responsável pela coordenação do projeto e pela formação dos presos para a piscicultura, o gerente de Produção do presídio, José Resende, diz que o ofício oferece oportunidades reais de trabalho para os egressos do Dutra Ladeira. Ele cita que recebeu telefonemas de dois ex-detentos que conseguiram emprego em criatórios de peixes, nas cidades de Formiga e de Conceição do Mato Dentro.
“Eles estavam empolgados e queriam me agradecer por todo o aprendizado, aqui na Dutra Ladeira”, contou José Resende, que se qualificou para o trabalho num curso aplicado por professores da Escola de Veterinária da UFMG. Atualmente, oito presos trabalham na criação das tilápias.
Um deles é William Pereira Sousa, de 27 anos de idade. Ele está há três anos na Dutra Ladeira e daqui a três meses deve receber o livramento condicional. Ele diz que a pescaria sempre foi seu lazer preferido. “Já gostava de peixes. Esse trabalho me fez gostar mais ainda. Gostaria muito de conseguir um emprego em uma fazenda de criação de tilápias”, afirma.
Qualidade
Para assegurar a qualidade dos peixes de criatório para consumo humano, alguns cuidados são obrigatórios. Três dias antes da retirada, chamada de despesca, a alimentação dos peixes é interrompida para facilitar a limpeza, evitando a contaminação da carne. Retirados dos tanques-rede, os peixes são mergulhados em recipientes com água gelada e transferidos no mesmo dia para câmaras frigoríficas, onde são congelados.
Durante a engorda, até atingir cerca de 1,5 quilo, o trabalho dos presos não se limita à dispensa de ração. Os peixes são regularmente medidos e pesados para se calcular quantidade de alimentação a ser fornecida, e também são submetidos a monitoramento e tratamento de possíveis doenças.
Peixes criados no Presídio Antônio Dutra Ladeira (Foto: Carlos Alberto/Imprensa MG)
(Fonte: Agência Minas)