Minas Gerais busca status de área livre de sigatoka negra para plantações de banana

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Terceiro maior produtor nacional de banana, com 775 mil toneladas por ano, Minas Gerais está próximo de erradicar a praga da sigatoka negra e, com isso, criar condições de ampliar ainda mais a sua participação no mercado.

Dados do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) comprovam que há nove anos Minas Gerais não possui registros da sigatoka-negra. Normativa nº 04/2012 do Ministério da Agricultura (Mapa) exige o prazo de dez anos sem ocorrências para que a praga se torne erradicada.

Dos 102 principais municípios mineiros produtores de banana, 86 já conseguiram a extinção e 16 ainda aguardam para este ano a liberação. O IMA solicitará em 2016 ao Mapa o reconhecimento da ausência da praga nas lavouras destes municípios, o que levará todo o estado a ser considerado como área livre de sigatoka negra.

A conquista é resultado de um amplo trabalho de prevenção feito pelo IMA. De acordo com o gerente de defesa sanitária vegetal do instituto, Nataniel Diniz, em 2004 foi elaborado um plano de metas, que deu origem ao programa de defesa sanitária. O plano determina ações de fiscalização como recolhimento de amostras e análises das plantas feitas por fiscais agropecuários do instituto.

O gerente explica que o IMA realiza nas plantações levantamentos fitossanitários e coleta de amostras de folhas que são enviadas para análise laboratorial, fazendo também o acompanhamento dos pomares. A cada três meses o instituto envia relatórios ao Ministério da Agricultura, informando o resultado dos levantamentos, das análises laboratoriais e da situação da praga no território mineiro.

Os engenheiros agrônomos autônomos habilitados pelo IMA têm papel determinante no processo de certificação fitossanitária de origem em relação ao controle da praga.

Todas as informações recolhidas pelos profissionais são anotadas no livro de acompanhamento da lavoura e servem de base para a emissão do Certificado Fitossanitário de Origem e do Certificado Fitossanitário de Origem Consolidado (CFO/CFOC). Estes dois documentos atestam que determinada plantação está livre da praga e servem de base para a emissão de um outro documento, a Permissão de Trânsito Vegetal (PTV), que libera o produto para ser transportado.

Nataniel Diniz ressalta que Minas Gerais será um dos 11 estados livres da praga e destaca a importância do feito. “Obtendo esse reconhecimento, serão reduzidas as barreiras sanitárias em relação à produção da banana mineira. A possibilidade de ampliação de mercados, incluindo o internacional, será uma realidade. Tudo isso se deve ao rígido controle feito pelo IMA,” diz.

A sigatoka negra ataca as folhas da bananeira – Foto: Divulgação / IMA

Capacitação

O IMA se encarrega de capacitar agrônomos autônomos e técnicos da Emater-MG que poderão emitir o CFO e CFOC, que servem de base para a emissão de um outro documento, a Permissão de Trânsito Vegetal (PTV), que libera o produto para ser transportado. A PTV pode ser solicitada em um dos 212 escritórios seccionais do IMA. A lista com os endereços e telefones dos escritórios e habilitados pelo IMA estão no site http://www.ima.mg.gov.br/profissionais-habilitados/habilita-cfocfoc.

Produção

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que este ano Minas Gerais produziu 775,6 mil toneladas de banana, em uma área de 44,9 mil hectares, o que equivale a 14.592kg/ha, representando 11,1% da produção brasileira. O estado é o terceiro maior produtor do país.

A produção mineira está, em sua maioria, concentrada no Norte do estado, onde a praga já foi erradicada. Este ano, a região teve 16.940 mil hectares de área plantada, que corresponde a 37,71% da área total. A região se caracteriza por concentrar a produção em segmentos de pequenos e médios produtores, que apresentam um bom nível de técnicas de plantio.

A predominância de clima seco e o sistema de produção irrigada beneficiam o desenvolvimento da bananicultura na região e reduzem os custos de controle com doenças.

Gustavo Laje, 60 anos, agricultor do município de Nova Porteirinha, produz bananas há 32 anos. Sua média anual varia de 20 a 25 toneladas por hectare. Segundo ele, ter a sua propriedade instalada numa área livre da sigatoka-negra é muito importante, pois os efeitos da praga são grandes e causam grande impacto econômico.

“O trabalho do IMA garante nossa tranquilidade. Estando livre da praga, a plantação gera um fruto de qualidade e mais saudável, pois a banana não requer o uso de tantos agrotóxicos. Além disso, garante vantagem competitiva em relação às demais regiões” comenta o produtor.



Entenda a praga

O fungo causador da sigatoka-negra é o Mycosphaerella fijiensis Morelet e é influenciado por fatores ambientais como vento, umidade e principalmente a chuva. A praga causa infecções nas folhas mais novas da bananeira. Os reflexos são sentidos pela rápida destruição da área foliar, reduzindo a capacidade fotossintética e produtiva da planta.

Os primeiros focos aparecem na face inferior da folha como estrias de cor marrom, evoluindo para negra. Os prejuízos da praga chegam a até 100% e depois do registro da praga é preciso um rigoroso controle químico, o que eleva os custos da produção.

A sigatoka-negra apareceu pela primeira vez em 1963, nas Ilhas Fiji, na Ásia, no Vale de Sigatoka. No continente americano, a doença foi detectada pela primeira vez em Honduras, em 1972. Depois chegou à Costa Rica e Colômbia.

No Brasil, entrou pelo Amazonas, seguindo para o Acre, Rondônia, Pará e Mato Grosso. Em Minas Gerais, apareceu em 2004 nos municípios de Piranguçu, Gonçalves, Pouso Alegre e Cristina, todos no Sul. No mesmo ano foi detectada em Coronel Pacheco e Piau, na Zona da Mata. (Agência Minas)

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