Detentos de Juiz de Fora são premiados em concurso nacional de redação

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Dois alunos da Escola Estadual da Penitenciária Professor Ariosvaldo Campos Pires, de Juiz de Fora, na Zona da Mata, conquistaram o segundo lugar, em categorias distintas, no primeiro concurso de redação promovido pela Defensoria Pública da União (DPU) para estudantes da rede pública.

Vinte estados e o Distrito Federal participaram do certame, criado para valorizar o esforço de professores e alunos das instituições para debater o tema ‘Eu tenho direito e a DPU está comigo!’.

Além do mérito individual de William Luciano da Silva, de 24 anos, e de Sergio Phillip, de 31 anos, a premiação reflete o envolvimento peculiar dos educadores da escola no concurso da DPU. A penitenciária de Juiz de Fora tem 197 estudantes no ensino fundamental. Nada menos do que 50 participaram do certame, o que representou 12% das inscrições no país.

A diretora de Atendimento ao Preso da Ariosvaldo Campos Pires, Mariana Alves, explica que o tema da redação foi amplamente debatido entre educadores e alunos, com o apoio de advogados da unidade prisional, fornecendo os subsídios necessários para os presos na redação.

De acordo com a Secretaria Geral de Articulação Institucional da DPU, foram inscritas 415 redações, sendo premiados 42 estudantes, 14 professores e três escolas, no valor total de R$ 83.200.

A penitenciária de Juiz de Fora tem 197 estudantes no ensino fundamental – Foto: Divulgação

Envolvimento

William Luciano da Silva conquistou o segundo lugar na Categoria de Redação III para alunos do 6º ano do ensino fundamental. Já o preso Sergio Phillip, de 31 anos, conseguiu a segunda posição na Categoria de Redação III para alunos do 7º ano do ensino fundamental. Cada um vai receber R$500 e um certificado de premiação e reconhecimento da DPU. A pedagoga Leilane Rizzo conta que os presos não sabiam da premiação. “Não fizeram pelo dinheiro, mas pela vontade de evoluir”, observa.

Denise Gonçalves Peixoto, professora de língua portuguesa, foi a orientadora do Willian e destacou o interesse do aluno na produção de textos. O detento, por sua vez, se diz surpreso com o resultado. “Sempre gostei de escrever, mas não esperava ganhar o concurso”.

Sergio Phillip foi orientado pela professora Marilia de Souza. Ela trabalhou com o aluno questões de ortografia e interpretação de texto. Na opinião da educadora, o fato deles competirem com alunos da rede pública do país que não estão na prisão, e vencerem, contribui para elevar a autoestima dos detentos estudantes.

Segundo Marília, eles tendem a acreditar que a qualidade do ensino na prisão é inferior. Ela conta que o impacto do prêmio de Phillip foi tamanho, que a mulher dele decidiu emoldurar o certificado para pregá-lo na parede da residência do casal. (Agência Minas)

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