Moradores de Bento Rodrigues começam a retirar pertences de casas após rompimento de barragens

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Bíblia, documentos e um travesseiro foi o que a dona de casa Maria Aparecida dos Santos, 57 anos, conseguiu buscar na casa onde morava no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG). A comunidade foi devastada após o rompimento de duas barragens na última quinta-feira (5). A casa de Maria Aparecida não foi atingida pela lama, mas ela só pôde voltar ao local dias depois e apenas para buscar pertences.

“Mudei para cá com 13 anos. Morava aqui com meu marido e cinco filhos”, contou. “Busquei essas coisas, mas deixei para trás minhas galinhas. Coloquei bastante água e comida e volto depois para ver se consigo trazer tudo”, completou.

Dona Maria, como é conhecida, garante que não se preocupa com os móveis e pertences que deixou na casa de Bento Rodrigues. “O que me preocupa é o que vai ser da gente agora”, desabafou. “Se não tivesse morrido ninguém, eu até voltava. Mas tendo morrido gente amiga, conhecida, não dá para voltar mais não. A comunidade acabou”.

Após o rompimento de duas barragens na última quinta-feira (5), moradores voltam ao vilarejo para para auxiliar bombeiros e homens da Defesa Civil nas buscas (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

O aposentado Gilson Santana Coelho, 42 anos, também tem uma casa que permaneceu de pé após a passagem de todo o barro. Diabético, ele conseguiu voltar ao local para buscar remédios, documentos e algumas peças de roupa. Em razão do risco que continua na região, Gilson e a família foram levados para um hotel em Mariana.

“Somos muitos irmãos. Sempre moramos juntos, uma casa perto da outra. Voltei e busquei o que podia trazer mas mãos e o que cabia no carro da prefeitura” , disse. “Não tem sentido trazer muita coisa porque nem temos onde colocar. Não podemos levar móveis e abarrotar o hotel.”

A irmã de Gilson, Lucimar Úrsula Fernandes, buscou pouca coisa na casa onde morava. Ela voltou ao distrito atrás de informações sobre a sobrinha Emanuely, de 5 anos, que está desaparecida desde o dia da tragédia. “Busquei roupas e mais nada. Sinto um misto de esperança e tristeza que acaba com a gente. Mesmo sendo difícil ver tudo isso, a gente acaba voltando todo o tempo”. (Agência Brasil)

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