Todos os sábados pela manhã, há pouco mais de cinco meses, David Fernando Alves Brás, de 23 anos, sai de casa, no Bairro Jaqueline, para ir à Associação de Pais e Amigos do Centro de Reabilitação (Aspac), no Bairro Planalto, também na Região Norte de Belo Horizonte. Atualmente, ele é um dos colaboradores voluntários da instituição, que cuida de pessoas com deficiência, a maioria crianças. Mas quando começou a frequentar a Aspac, o jovem tinha um status completamente distinto. Chegou para cumprir medida de prestação de serviços à comunidade determinada pela Justiça.
Acusado de crime de desacato, David preferiu a medida alternativa a pagar uma multa de R$ 1.182, que também encerraria o caso. Por meio de um amigo do bairro, o rapaz conheceu a Aspac. Gostou tanto das pessoas e do trabalho que resolveu continuar, mesmo depois de cessada a obrigação com a Justiça.
“Me dou muito bem com crianças, minha namorada tem dois filhos e eu já estava acostumado a cuidar delas. Para mim, é uma alegria vir aqui todos os sábados e brincar com os meninos. Gostei tanto do trabalho que não quero parar, realmente me faz bem”, justifica David.
Este foi mais um caso acompanhado pela Central de Medidas e Penas Alternativas (Ceapa), que é um dos programas de prevenção à criminalidade da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). David tampouco é o primeiro cliente da Ceapa a abraçar a causa da prestação de serviços à comunidade. A própria Aspac ganhou outros cinco voluntários graças ao programa.
A associação do Bairro Planalto é uma das 2.550 parceiras da Ceapa. Atualmente, 13 pessoas cumprem pena ou medida alternativa de prestação serviços à comunidade na Aspac.
Fundadora e atual coordenadora da instituição, Cláudia Márcia Labatie diz que a parceria com a Ceapa ajuda muito, pois depende de doações para manter o atendimento ao público. Segundo ela, as pessoas encaminhadas pela Ceapa têm várias possibilidades de participação na Aspac. “Cada uma trabalha de acordo com a sua capacidade. Por exemplo, acabamos de pintar o prédio com o trabalho de pessoas que estão cumprindo pena alternativa”, conta Cláudia.
David Brás, de 23 anos, prosseguiu com o trabalho voluntário em instituição no Bairro Planalto mesmo depois de cumprir a pena – Crédito: Omar Freire / Imprensa MG
Ceapa
A Ceapa é uma iniciativa da Coordenadoria Especial de Prevenção à Criminalidade (CPEC) da Seds. O programa é responsável por monitorar e acompanhar a execução das penas restritivas de direito, as transações penais e a suspensão condicional de processo em Minas Gerais. Os principais delitos acompanhados pelo programa são porte e uso de drogas, crimes ambientais, de trânsito, violência doméstica e intrafamiliar, e crimes relacionados ao Estatuto do Desarmamento.
(Fonte: Agência Minas)