75 municípios mineiros não conseguem manter regularidade no abastecimento de água

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Enquanto os moradores da Região Metropolitana de Belo Horizonte apostam na combinação da chegada das chuvas com a inauguração de uma nova captação no Rio Paraopeba, em Brumadinho, para evitar restrições no consumo de água, o racionamento avança pelo interior do estado e fecha torneiras em pelo menos 75 cidades mineiras. A Agência Reguladora dos Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário de Minas Gerais (Arsae/MG) já recebeu planos de restrição de fornecimento de 11 municípios e tem informação de que outros 45 estão elaborando seus documentos, a maioria abastecida pela Copasa. Pelo menos outros 19 que têm serviços autônomos de água, não submetidos à regulação da Arsae, também já colocam em prática medidas semelhantes. Em todo o estado, 117 cidades decretaram situação de emergência por causa da seca. Em Viçosa, na Zona da Mata, por exemplo, a situação é tão crítica que a cidade restringiu por decreto festas e o funcionamento de lava-jatos.

De todos os 853 municípios do estado, 622 têm serviços de saneamento regulados pela Arsae, mas apenas quatro têm convênio direto com a agência. Os outros 618 têm a Copasa ou a Copanor (subsidiária da estatal para o Norte de Minas) como prestadoras dos serviços. No caso de regulação com a Arsae, norma que entrou em vigor em maio deste ano obriga as cidades a enviar um plano de racionamento à agência, para que a política seja fiscalizada. “A situação está crítica, sim. A falta de chuva está fazendo com que haja restrição no acesso à água. Nosso principal objetivo com a fiscalização é saber se o que foi previsto está sendo cumprido. A esperança é de que a estação chuvosa amenize o problema, para evitar um quadro pior no ano que vem”, diz o diretor da Arsae, Hubert Brant.

Uma das cidades atendidas pela Copasa que já encaminharam plano de racionamento é Igarapé, na Grande BH. Apesar de 65% do abastecimento estar garantido pelo Sistema Rio Manso, que também serve a outras cidades da região metropolitana, outros 35% dependem do Córrego Estiva, que não tem apresentado vazão suficiente para captação. Por isso, a cidade foi dividida em duas, áreas. No dia em que uma tem água, a outra fica sem.

Outros 231 municípios são autônomos, com serviços de saneamento vinculados às prefeituras. Nesse caso, não precisam submeter nenhum documento à Arsae, já que não são regulados pela agência. Uma dessas cidades é Viçosa. Cada vez mais sem saída para garantir água à população, a prefeitura agiu em três frentes para forçar a economia no consumo. Em uma delas, o prefeito baixou decreto proibindo o serviço de lavagem de carros em estabelecimentos como postos e lava-jatos, se a água usada for da rede pública. Festas com mais de 600 pessoas estão proibidas e a prefeitura enviou projeto de lei à Câmara Municipal propondo aumento de cinco vezes para a multa contra o desperdício, que passaria de R$ 80 para R$ 400. Além disso, cortes de fornecimento já ocorrem diariamente e duram 12 horas, caracterizando o racionamento.

Até mesmo cidades que ficam em montanhas enfrentam dificuldades, com nascentes secas e mananciais à míngua. Em Passa Quatro, no Sul de Minas, cerca de 30% dos 16 mil habitantes enfrentam o fechamento dos registros todos os dias. “Nós fechamos às 20h e ligamos no outro dia, às 5h”, diz o secretário de Obras da cidade, Joaquim José Siqueira. O Rio Quilombo, que abastece boa parte do município, está com 30% de sua vazão, segundo o gestor, o que tem deixado a solução dos problemas na dependência da chuva. “Estamos tentando adquirir um conjunto de canos para levar a água até os bairros com problema, mas a disponibilidade de verbas também está complicada. Nem diesel para os caminhões estamos conseguindo comprar”, afirma o secretário.

Em Bocaiuva, no Norte de Minas, o racionamento está marcado para começar hoje, com a cidade dividida em duas áreas, como já ocorre em Igarapé. “Uma vai receber água em um dia e a outra no outro”, afirma o diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), Robson Andrade.

Municípios que já enviaram comunicados de racionamento à Arsae/MG:

– Astolfo Dutra (Zona da Mata)
– Caratinga (Vale do Rio Doce)
– Catuti (Norte de Minas)
– Igarapé (Grande BH)
– Itabira (Região Central)
– Ituiutaba (Triângulo Mineiro)
– Juiz de Fora (Zona da Mata)
– Mato Verde (Norte de Minas)
– Medina (Vale do Jequitinhonha)
– Ubá (Zona da Mata)
– Visconde do Rio Branco (Zona da Mata)

Municípios que preparam os planos para serem encaminhados à Arsae/MG:

– Angelândia (Vale do Jequitinhonha)
– Aricanduva (Vale do Jequitinhonha)
– Ataleia (Vale do Mucuri)
– Barão de Monte Alto (Zona da Mata)
– Berilo (Vale do Jequitinhonha)
– Bom Jesus do Galho (Vale do Rio Doce)
– Botumirim (Norte de Minas)
– Candeias (Centro-Oeste)
– Capelinha (Vale do Jequitinhonha)
– Chapada do Norte (Vale do Jequitinhonha)
– Cristália (Norte de Minas)
– Distrito de Extração/Diamantina (Vale do Jequitinhonha)
– Divino das Laranjeiras (Vale do Rio Doce)
– Divisa Alegre (Norte de Minas)
– Engenheiro Caldas (Vale do Rio Doce)
– Entre Folhas (Vale do Rio Doce)
– Esmeraldas (Grande BH)
– Iapu (Vale do Rio Doce)
– Ibiracatu (Norte de Minas)
– Ipaba (Vale do Rio Doce)
– Itacambira (Norte de Minas)
– Itatiaiuçu (Grande BH)
– Itinga (Vale do Jequitinhonha)
– Jacinto (Vale do Jequitinhonha)
– José Gonçalves de Minas (Vale do Jequitinhonha)
– Lagoa Dourada (Campo das Vertentes)
– Leme do Prado (Vale do Jequitinhonha)
– Novo Cruzeiro (Vale do Jequitinhonha)
– Ouro Verde (Vale do Mucuri)
– Paracatu (Noroeste)
– Peçanha (Vale do Rio Doce)
– Periquito (Vale do Rio Doce)
– Pescador (Vale do Rio Doce)
– Piedade de Ponte Nova (Zona da Mata)
– Resplendor (Vale do Rio Doce)
– Rubelita (Norte de Minas)
– Santa Efigênia de Minas (Vale do Rio Doce)
– Santa Maria do Suaçuí (Vale do Rio Doce)
– São João do Oriente (Vale do Rio Doce)
– São Tiago (Campo das Vertentes)
– Taiobeiras (Norte de Minas)
– Tarumirim (Vale do Rio Doce)
– Turmalina (Vale do Jequitinhonha)
– Ubaporanga (Vale do Rio Doce)
– Veredinha (Vale do Jequitinhonha)

Municípios não reguladas pela Arsae/MG que já praticam cortes:

– Aguanil (Centro-Oeste)
– Bocaiuva (Norte de Minas)
– Caeté (Grande BH)
– Conceição das Alagoas (Triângulo Mineiro)
– Conceição das Pedras (Sul de Minas)
– Dom Viçoso (Sul de Minas)
– Francisco Sá (Norte de Minas)
– Formiga (Centro-Oeste)
– Inhauma (Região Central)
– Ipanema (Vale do Rio Doce)
– Itambacuri (Vale do Mucuri)
– Lajinha (Zona da Mata)
– Lassance (Norte de Minas)
– Manhuaçu (Zona da Mata)
– Nepomuceno (Sul de Minas)
– Passa Quatro (Sul de Minas)
– Taparuba (Vale do Rio Doce)
– Tombos (Zona da Mata)
– Viçosa (Zona da Mata)

(Fonte: Jornal Estado de Minas)

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