Nova técnica de cirurgia e recuperação mais rápida são um incentivo à realização do procedimento, que, além de evitar filhotes, faz o pet ficar menos agressivo e suscetível a doenças.
O procedimento cirúrgico mais comum do mundo veterinário passou por reformulações. Novos modos de cirurgia e acessórios de recuperação estão disponíveis. Atualmente, existem dois métodos de castração: o convencional e o feito por meio de videolaparoscopia. “A cirurgia tradicional é realizada por meio de uma incisão na linha mediana (no caso das fêmeas), em que acesso a cavidade abdominal é total”, explica a veterinária Juliana de Camargos Ribeiro Rosito.
Já a segunda técnica é feita a partir de um pequeno corte na cavidade abdominal sem a necessidade de realizar um procedimento muito invasivo. O acesso se dá por pequenas incisões na lateral do abdômen. “Esse método exige uma equipe mais treinada e consegue remover o útero e ovário por vídeo”, explica o veterinário Rafael Souza.
Além de mudanças no procedimento, outra novidade é a roupinha pós-cirúrgica. O colar elizabetano (ou cone) não é mais tão recomendado quanto antes. A nova opção roupa é mais eficiente na maioria dos casos. “A roupa cobre o local da cirurgia e não impede o animal de fazer nada. O colar deixa o bicho estressado e, muitas vezes, ele consegue driblar o acessório”, afirma o médico-veterinário Emanuel Quintela.
Ainda de acordo com o profissional, a roupa pode evitar infecções de bactérias. “As bactérias podem vir do ambiente e também pela lambedura do animal. Os pontos também podem abrir, o que vai gerar outro transtorno”, explica. Mas o colar ainda não foi totalmente abolido. “Ainda usamos em casos de lesão nas patinhas”, afirma Quintela.
Quem pretende castrar o pet deve ficar atento, pois existe um período ideal realizar o procedimento: depois de completo o ciclo vacinal. “Antes, não é recomendado, pois o animal ainda é filhote e está suscetível a alguns problemas. Além disso, a cirurgia afeta a imunidade e eles ainda não têm um sistema de defesa tão eficiente”, explica o médico-veterinário Rafael Souza. Ainda segundo o especialista, as fêmeas não devem ser submetidas ao processo durante o cio, pois a cirurgia pode aumentar ainda mais o sangramento.
O bicho também não deve ser muito velho. O ideal é chegar na fase geriátrica (a partir dos 8 anos) castrado. O animal pode tentar cruzar e desenvolver doenças na próstata e baixa contagem de espermatozoides. AS cadelas idosas têm tendência a desenvolver problemas na contração uterina, pouco leite e prolapso uterino, condição em que parte do útero fica exposta para fora da vagina, devido à flacidez da musculatura. Também são situações as comuns a gravidez psicológica e o câncer de mama.
Os cuidados pré-cirurgicos são fundamentais. Primeiramente, o tutor deve procurar um médico-veterinário para fazer um exame físico detalhado, repassar o histórico da saúde e esclarecer dúvidas sobre o procedimento. No dia do procedimento, é importante a mascote fazer jejum de oito horas (cães adultos) ou quatro horas (filhotes e idosos) e, de preferência, devem estar tosada
Exames de sangue são obrigatórios. “Recomendado hemograma, perfil hepático e renal. Exames de imagem, como ecografia abdominal e radiografias, podem ser solicitados dependendo do caso. Além disso, é recomendado fazer eletrocardiograma por causa da anestesia”, explica a veterinária Juliana de Camargos Ribeiro Rosito.
O dono deve ter informações do profissional que vai cuidar do animal. “Também é necessário conversar com o anestesista para saber o tipo de medicamento que será usado e observar as condições higiênicas do local”, afirma Rafael Souza, veterinário.
Tempo médio para a recuperação do animal é de 10 a 15 dias – Foto: Banco Geral / Divulgação
Obesidade e vida mais longa?
Os especialistas alertam para um outro incômodo relativo à castração: o animal pode engordar. A baixa produção de hormônios diminui o metabolismo e, consequentemente, o animal fica com tendência ao ganho de peso. Para esses casos, opte por rações específicas para cães castrados.
A castração, em si, não aumenta a longevidade do animal, mas certos hábitos podem fazer com que o bicho tenha uma qualidade de vida melhor e, consequentemente, aumente a longevidade. “Um gato castrado sai menos de casa e, assim, não pega doenças na rua e corre menos riscos de sofrer acidentes”, explica Emanuel Quintela, veterinário.
Veja quais cuidados pós-cirúrgicos devem ser adotados:
– Verificar sempre o local dos cortes
– Observar com atenção os pontos da cirurgia
– Verificar se existe alteração no odor do animal
– Passar os medicamentos no horário indicado
– Manter o local limpo
– Evitar que o animal sofra qualquer tipo de impacto
– Garantir o repouso do pet nos primeiros dias
– Levar o bicho ao veterinário imediatamente caso ele sofra alguma alteração durante a recuperação
Nos gatos
A castração é realizada, geralmente, a partir dos seis meses de vida, embora ainda estejam em fase de crescimento. Essa medida pode ter impactos na saúde e no comportamento ao longo da vida deles. “O gato deve ficar mais caseiro. Com isso, evitamos que ele se perca ou sofra acidentes”, explica o médico-veterinário Emanuel Quintela.
Tempo médio para a recuperação do animal é de 10 a 15 dias – Foto: Nat Geo / Divulgação
Depois da cirurgia
O tempo médio para a recuperação do animal é de 10 a 15 dias. Após esse período, o pet pode tirar os pontos, desde que não tenha acontecido nenhum “acidente”. O dono deve alimentar bem a mascote e seguir com um tratamento à base de antibióticos e anti-inflamatórios. O cuidado com a limpeza também é fundamental. O local deve ser higienizado pelo menos duas vezes ao dia, já que o acúmulo de sujeira pode aumentar a proliferação de bactérias e invadir o corpo do animal. Além de evitar a procriação, a castração também reduz a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis, pois o bicho passa a ter menos contato com outros animais.
Depois de passar pelo procedimento, o animal pode mostrar alterações no comportamento. O pet tende a sair menos de casa, mostra-se menos agitado e adota um comportamento mais tranquilo.
A castração também pode servir como tratamento para cães mais agressivos. “Um cachorro muito nervoso tende a ficar mais calmo, pois haverá redução dos hormônios”, explica o veterinário Emanuel Quintela. Para as fêmeas, o processo é feito por meio da retirada dos ovários e do útero. Teca, uma cadelinha sem raça definida de 2 anos teve uma infecção uterina. Doente, precisou de um procedimento de urgência. “O problema foi grave e ela precisou fazer uma cirurgia às pressas”, conta analista de sistemas Mônica Ferrari, 53 anos, dona de Teca.
A operação acabou funcionando como uma castração. Apesar de ter sido submetida ao procedimento tradicional, a dona do animal optou por não usar a moderna roupa pós-cirúrgica. “Preferi o cone. Ela estava com um bom curativo e decidimos comprar somente esse colar elizabetano, pois a Teca não gosta de roupas”, afirma. A cadela ainda está se recuperando, toma remédios e recebe muitos mimos da família.
A cadela Margot, uma pastor-alemã de 10 anos nunca teve nenhum problema de saúde e nem tinha passado por nenhuma cirurgia. Mas, no último de mês, apresentou um caroço na região das mamas. “Elas começaram a ficar inchadas. Um caroço apareceu e começou a inflamar”, conta o dono de Margot, o analista de sistemas Giovanni Ferreira, 39 anos.
O câncer foi confirmado e a cirurgia de castração foi fundamental. “O tumor mamário depende do hormônio para se desenvolver. Nós tiramos o útero e ovários para evitar que não nasçam mais nódulos”, explica o veterinário Emanuel Quintela.
(Fonte: Correio Braziliense / Saúde Plena)